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Poesias-->MACUNAI -- 06/05/2011 - 11:20 (Marcelino Rodriguez) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos





1975 - SENADOR CAMARA - Rio de Janeiro

















Eu estava em uma das elevações que havia numa das ruas que cortavam








os conjuntos populares da Cohab. Era carnaval.








Um bloco barulhento passava com carrascos, piratas, clóvis, piranhas,








palhaços, pierrots, colombinas e mais o que houvesse, formando








um todo que parecia uma orquestra mágica. Uma música tocava muito alto.

















"Macunaima, Indio, Branco, Catimbeiro,








Feiticeiro, mata cobra e dá um nó."

















Ali eu acho que percebi pela primeira vez que estava sozinho








e que a vida seria para mim uma espécie de exílio. Percebi








que os mascarados do carnaval vinham de outro mundo








e que aqueles que ali passavam eram como sombras








da realidade maior.








Ali , naquele alto de monte,  tive meu primeiro insight do mundo feiticeiro








e bebi o gosto do infinito.





Morei durante longo tempo perto da Quinta Da Boa


Vista, onde ia pouco durante o ano . Porém, com o tempo, reparei que sempre que ia


lá e sentava-me perto de um dos lagos, um pássaro branco seguia-me. Isso ocorreu


quase uma dezena de vezes, quando eu levava moças para passear comigo. Percebi


que era um padrão mágico da minha vida. Numa das primeiras vezes que Flavio foi lá


em casa, eu convidei-o a ir ao parque comigo, pois queria fazer determinadas praticas


da Tradição dos magos brancos com ele. Ele foi a primeira pessoa que contei sobre


minha relação mágica com o pássaro, pois negava até para mim mesmo que o fato


acontecia. Era extraordinário demais. Como ,porém, nossa relação era pautada pelo


código dos cavaleiros de Perfeito Amor e Perpeita Confiança, abri um pouco do meu


coração secreto para ele. Quando chegamos ao Lago, ele perguntou-me:


-- E ai, será que seu amigo vem hoje? .


Eu já estava sentado na grama com as pernas em posição de meditação.


-- Ele não costuma falhar, não. Vamos ver. Flavio, faz o seguinte pra mim. Fecha os


olhos, respira fundo durante um minuto, prende durante um minuto, depois solta. Faça


isso dez vezes, por favor.


Quando ele fechou os olhos, depois da terceira respiração, vindo dos países mágicos


cheio de estilo, o majestoso pássaro branco pousa na beira do Lago, praticamente


em nossa frente. Minha alma ficou extasiada. Não disse nada ao Flavio, deixando  ele


com sua pratica. Quando ele abriu os olhos, porém, foi a primeira imagem que


ele viu; o pássaro parado na borda do lago, em nossa frente,  sereno e hierático. Ele arregalou os olhos.


-- Cara, não acredito!. Tu é muito Jedi. Meu Deus, que coisa linda! Caralho. Tu é o


Ioda.


-- O Ioda não, ele é muito feio. Pode ser o Luke.


Passado o assombro do milagre, ensinei-lhe a pratica da oração diária e silenciosa


por três pessoas. Muito simples. Você escolhe três pessoas que queira bem e faz uma


prece para elas, uma de cada vez, durante uns cinco minutos. Não é preciso contar


para as pessoas.


Essa pratica, além de energizar-nos, ajuda-nos a deixar o egoísmo de lado.


Depois desse dia, Flavio, Cintia e Miguel passaram a chamar-me de Jedi.





isso dez vezes, por favor.


Quando ele fechou os olhos, depois da terceira respiração, vindo dos países mágicos


cheio de estilo, o majestoso pássaro branco pousa na beira do Lago, praticamente


em nossa frente. Minha alma ficou extasiada. Não disse nada ao Flavio, enquanto ele


continuava sua pratica. Quando ele abriu os olhos, porém, foi a primeira imagem que


ele viu; o pássaro parado na borda do lago; sereno e hierático. Ele arregalou os olhos.


-- Cara, não acredito!. Tu é muito Jedi. Meu Deus, que coisa linda! Caralho. Tu é o


Ioda.


-- O Ioda não, ele é muito feio. Pode ser o Luke.


Passado o assombro do milagre, ensinei-lhe a pratica da oração diária e silenciosa


por três pessoas. Muito simples. Você escolhe três pessoas que queira bem e faz uma


prece para elas, uma de cada vez, durante uns cinco minutos. Não é preciso contar


para as pessoas.


Essa pratica, além de energizar-nos, ajuda-nos a deixar o egoísmo de lado.


Depois desse dia, Flavio, Cintia e Miguel passaram a chamar-me de Jedi.


*BIBLIOTECA NACIONAL, RIO DE JANEIRO *





Saio da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro com uma verdadeira vertigem,





após a leitura das Flores de Mal de Charles Baudelaire. Depois de lê-lo, o





mundo havia se transformado a meus olhos completamente. "Tende Piedade,





Satã, de nossa longa miséria longa miséria!", ecoava em minha mente os versos





do frances enquanto automóveis e pessoas pareciam sonabulos





de um pesadelo; Para Charles, a salvação





humana só pode dar-se caso o demônio liberte a espécie do seu





longo julgo, uma vez que segundo ele as almas eram demasiadamente





débeis para para seguirem o Cristo; ´"É o demônio que nos move e até nos





manipula" - Ninguém escapa após ler as Flores do Mal de sentir um





arrepio de verdade





sobre o império do mal que a humanidade profana obedece. Os





verdadeiros cristãos





são cruzados que se rebelam contra o demônio, buscam subjulgar sua





natureza inferior





com a disciplina do combate e ,embora vez ou outra, possam sucumbir ainda





ao erro e ao pecado, acabam pela bravura e pela graça de Deus





alcançando a redenção. São aqueles que o Messias fala serem são nascido





do espírito. Lembro-me que sai da Biblioteca pela Avenida Rio Branco





hipersen&
347;ivel, percebendo





que tinha pisado em um universo paralelo. Era capaz de ver os





perversos num tempo futuro sendo levados as profundezas do inferno





pelos demônios alados que os acompanham, escamosos como dragões





num crepúsculo infinitamente melancólico,





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hollyodiano.





Durante todo nosso relacionamento, Miguel não me ligou mais do que duas vezes;





nosso contatos eram todos via email, messenger ou quando eu o ligava. Num desses





dias que ele ligou-me, o tempo e o espaço ficaram suspensos na sublimidade





e na beleza. Ele mandou-me, mal eu disse alo a entrar no messenger,





Por que você quer seguir esse caminho medieval, meu caro?





Fui pego completamente de surpresa e fiquei sem saber o que dizer.





Vamos, me diga, porque você quer ser um cruzado?





Nisso, começou a acontecer algo inusitado. Um pensamento que parecia vir





de outra parte de mim, na verdade um pensamto imagem bastante





obsessivo da Virgem Maria começou a tomar-me a alma., de modo que eu





estava ficando tonto e quase caindo





em cima do computador. Sentia-me angustiado demais, pois além dos tormentos





que passava na minha relação com Sara, ainda tinha que de vez em





quando passar pelos





testes periódicos de Miguel. Não sei quanto tempo durou essa tensão, o fato





é que me dei conta que aquele pensamento “invasor” era a única coisa





que me ocorria





após aquela pergunta inesperada:





A Virgem Maria, - respondi ,finalmente, num misto de também estar





perguntando, como





se minha resposta fosse também uma interrogação.





Humm, pode ser um sinal, meu caro, mais existem outros. Estou até desconfiado





que tem coelho nessa toca, mais existe ainda muito ego ai.





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Volte a sua simplicidade, garoto, lembre-se de seus melhores





sentimentos da sua aurora





espiritual.





Foi um sinal, Miguel?





Não sei. Pode ter sido. Vamos investigar. Agora deixa eu sair do PC





que o chato do meu irmão quer entrar.





Miguel encerrava nossas conversas sempre com motivos prosaicos, tais





como esse ou que estava com diárreia por causa do cachorro quente de





sua cidade ou que ia





pra o site de especialistas em canários.





O TIGRE DE DEUS A BUSCA





Final dos anos oitenta, década de 90





Em parte influenciado pela literatura de Fernando Pessoa, comecei cedo





meus estudos da verdade pelos rosacruzes, am 1988. Uma década após,





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tinha galgado os mais altos graus e num desses ritos de passagem de um





nível para outro, conheci Dora, uma morena alta que pertencia a outro





Templo da Ordem, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Estavamos na cantina,





trocando umas idéias. Dela emanava uma força quase "visível", o que é





uma das prerrogativas dos esotéricos que verdadeiramente trabalham seu





interior. Ela trazia uma cruz egipcia, a Ansata, ao pescoço. Os





cabelos pendiam preenchendo os ombros e parte do pescoço, enquanto ela





comia um lanche elegantemente. Estavámos felizes pela beleza do ritual





que vivenciarámos. -- A humanidade deveria procurar mais por eventos





como esse que passamos hoje, seria melhor o mundo, não seria?





-Perguntei-lhe. -- O ser humano não é feliz porque é mesquinho.





Aprenda isso, Frater -- Respondeu-me ela, limpando os lábios com um





guardanapo. Hoje ainda ,quase cotidianamente, dou de frente com a





verdade dita por Dora naquela noite iluminada em quase todas es





esquinas que passo, aqui e além.





PARANA, SUL DO BRASIL, 2005 - COM INRI CRISTO





Decidi fazer uma investigação particular sobre o Inri Cristo, após





vê-lo algumas vezes na imprensa e viajei ao sul do Brasil, a Curitiba.





Lé chegando, passei uns quatro dias com ele. Fiquei alojado num quarto





que era a réplica, segundo me disseram, de um trem europeu. E passei





uma noite das mais frias da minha vida, debaixo de uns cinco edredons,





pois peguei também as peças da cama de cima; no quarto havia um





boliche, uma televisão, um pequeno aparelho de som e livros e fitas





sobre o INRI, que diz ser a reencarnação de Cristo. Suas díscipulas,





algumas bastante graciosas, se vestem de azul claro e seus discípulos





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de marrom. A igreja dele tem uma doutrina própria, porém não





aprofundei-me nela, pois Inri não considera a Virgem Maria com o





sagrado que nós cavaleiros, temos. E O que importa nesses relatos são





a busca pessoal do autor pela verdade e suas experiências





espirituais, ontológicas com a mesma.





Com Inri Cristo tive uma relação bastante humana, diria até demasiado





humana. Naquele tempo eu ainda tinha algo de vermelho politicamente





falando e Inri Fazia ironia dizendo que eu era comuna; divergimos





disso; Inri me surpreendeu com seu liberalismo em economia. Ele





gostava de jogar sinuca e eu falei que se ele perdesse para mim,





realmente eu jamais iria acreditar ser ele o Messias. Mandava ele me





rezar, coisa que as vezes ele esquecia. Nessa luta pela vida para





sobreviver, já me peguei acendendo vela vermelha pra Exu na





encruzilhada.





Sabe como é, abrir caminhos. Um dia porém, compadeci-me dele;





estavamos tranquilamente conversando na cobertura de sua propriedade





quando ele, melancolicamente, virou-se e disse-me que era melhor





sairmos dali das vistas,





pois ele já fora apedrejado. Como pode alguém apedrejar um personagem





tão interessante?





Inri Cristo, assim como Gentileza, foram dois personagens dos mais





poéticos e ricos que cruzei nessa busca de encontrar, nesse planeta de





pouca fineza literária, algum sentido.





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….





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Uma intensa melancolia levava-me ao abrigo dos franciscanos, uma dor





que eu sabia única. Toda formação de minha alma, na parte mais





profunda, era Bíblica. A leitura do Novo Testamento na juventude





pusera Jesus como ponto central da minha vida. Com Jesus, aprendi a





exercitar a solidariedade, a viver pensando também na vida futura,





além de não fazer questão também de coisas menores. A literatura





também estragara-me. Um homem com alguma nobreza e pagando um preço





caro por dar-se ao luxo de cultivar-se vivendo entre incautos, gente





bárbara que detesta cultos e cultura. A frase de Nieztsche em





Zaratustra levava-me ao mosteiro: “ Tivesse Cristo vivido mais alguns





anos, teria mudado sua doutrina”. Essa era a verdade que sentia agora





e doer-me a alma. Eu não concordava com o Deus que Cria. Tinha trinta





e cinco anos e um desprezo silencioso pela humanidade. Nos últimos





dois anos então, a despeito de minhas boas intenções e qualidades, não





achava nada. Nem amores, nem amigos, nem trabalhos. Não na proporção





que tornasse-me menos triste. Ainda por cima tinha a pobreza como uma





carga, o que tornava- me mais vulnerável e nu as gentes. Já tinha





sofrido todo tipo de maldade de meus próprios parentes. Lembrava o





olhar de desprezo de uma tia . Que tinha feito? E a ríspidez humana?





Qual era a finalidade? E a falta de interesse e amor ao criador?





A covardia? Olhava as pessoas jogadas no chão e perguntava-se: quem é





o responsável? Odiava a brutalidade. Tremia a cada ato de





deselegância. Da mais grosseira a mais sutil, sobre tudo a





deselegância o incomodava. È feia a raça humana, concluía. Chegava a





sentir laivos de desprezo por Deus, por criar tal massa de famintos.





Era um Deus mesmo que criava tudo? Com esses pensamentos íntimos,





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bateu a grande porta do mosteiro. Um jovem Franciscano veio atendê-lo.





´´ Pois não, Senhor” “Procuro o Igor, o líder de Vocês.” “Ah, sim.





Pode entrar. Aproveita que estamos comemorando o aniversario de um dos





internos. Tomé.” J entrou e viu os franciscanos completamente





misturados ao pobres, mendigos, aleijados. Ficou impressionado com o





número de mutilados que viu: uns vinte. Todos homens. Um deles,





arrastando a cadeira, veio perguntar-lhe se queria uma fatia de bolo.





Aquilo o comoveu um pouco. Ao mesmo tempo ficou chocado com tanta





pobreza. Os banheiros eram coletivos e abertos. Foi vendo com Igor





outros internos. Havia em quase todos internos uma ferida, uma chaga





aberta. Muitos fumavam. J pensou que estaria aprendendo ali, naquele





lugar. “Igor, se importa de conversar comigo um pouco?” “Não, claro”.





“ Bem. Ouvi falar do trabalho de Voces , achei bonito, nobre, mas ando





com um questionamento profundo, uma angústia grande em relação a minha





fé. “ “Como assim?” “ Creio em Jesus. Mas não creio que o homem deva





ser salvo. Os homens são ruins. Não acho boa coisa salvar a





humanidade. Acho inútil. ” Igor olhou J de modo estranho... “ Você não





tem amor?” “Tenho. Esse é o problema. Não me falta amor. E aqui estou,





cheio de amor e sem nada, nem ninguém. Não aproveitaram meu amor. “





“Como dizia Francisco: o amor não é amado.” “Por que Voce faz esse





trabalho?” “Vocação, acho” “Pois é. Teve um tempo que até pensei em





ser padre, depois monge. Mas o mundo desviou-me. Hoje creio ainda na





mensagem, que Jesus é o Messias, mas não creio na salvação dos homens.





Eu não os salvaria. Igor, posso te pedir uma coisa? “ “Sim”. “Posso





dormir aqui?” Igor olhou em volta, pensou. “ Você não tem onde





dormir?” “Tenho. Mas não estou bem. Quero sentir essa experiência. “ J





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pensou na hesitação de Igor que até um mosteiro tem sua porção de





má-vontade. Será que ele vai mandar-me embora agora, alta noite? “Lá





em cima tem um saco de dormir sobrando. Boa noite.” J dirigiu-se a





parte superior do mosteiro, enquanto via aos poucos as luzes de baixo,





- onde ficava a maioria dos pobres e mutilados -, se apagando. Ali





estava ele, sem nada. Pedindo asilo aos pobres. Pensou abandonado





entre as cobertas se Deus não seria ou não queria apenas aquele





abandono, aquela pureza, aquela entrega ao nada infinito. Na manhã





seguinte, J olhou do parapeito do segundo andar e viu os monges





vestidos de Francisco misturados com os pobres, compondo um cenário





digno de idade média. Perguntou-se em que tempo se sentia. Ou estava.





Dirigiu-se ao refeitório, onde os cinco jovens monjes de não mais de





dezoito anos distribuíam-se nas tarefas. Igor já havia saído. Não era





santo nem pobre o suficiente para ficar. Levou dois monges ao ponto,





pagou a passagem de um deles e vinha olhando o mundo dos homens pela





janela. “Que tipo de soldado sem causa sou?” – ia pensando, enquanto





as paisagens sucediam-se entre prédios de concreto e fumaça negra.





19.10.2005





Inicialmente, Eu e Sara saíamos como amigos íntimos e falávamos muito





, ela me ligando até três vezes ao dia. Nos conhecemos através de uma





rede social no qual eu usava um codinome de Anjo e não havia minha





foto, apenas a do Anjo Roxo que “dizia se alimentar de prana”. Ela





estava na comunidade “Vivendo de Luz” e era, aparentemente, uma menina





grande e desengonçada, com um sorriso simpático e passou-me um





pensamento estranho que “ela nunca teria chance comigo”. Paguei caro





ter pensado isso. Pessoalmente, foi a mulher mais linda que já amei,





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com seus imensos cabelos castanhos, seus um metro e setenta e quatro





de um corpo absolutamente perfeito, branco e róseo que conheci e





beijei , cada centímetro, perdendo totalmente o controle de mim como





nunca antes. Quando dei por mim, estava apaixonado e já não me bastava





mais nossa relação de “amiguinhos”. Pedi então ,numa noite depois de





ter muito refletido o dia inteiro, que ela não me procurasse mais, nem





por telefone. E, nessa mesma noite, tive um pesadelo estranho, sem





entender o enredo e não consegui dormir. Fiquei intrigado. Pior mesmo,





foi que ,no dia seguinte, e nos outros mais três dias após esse





pesadelo, onde eu me sentia sendo “sacudido” por forças estranhas e





invisíveis,





parei misteriosamente de comer. Ela não parou de ligar-me, embora





havia dito que iria respeitar minha vontade, mas não respeitou, e tive





que aceitar a ajuda que oferecia-me, quatro dias ou cinco depois, pois





já não conseguia mais sair da cama. “Quem mandou pedir o divórcio”? ,





Ela brincava. Dias depois, começamos a namorar e tivemos de início





aquela felicidade inevitável: três dias sem sair da cama fazendo amor,





dvds, pipoca, banho juntos que ela me convidou a tomar dizendo que





marido e mulher tinham que ter intimidade, massagens, sorrisos, beijo





no ponto de ônibus, saudades na hora da separação, planos de





casamento, madrugadas em claro ao telefone e mais as promessas que ela





me fazia de que iríamos ficar muito tempo juntos, que ela sentia





claramente isso, que nosso caso duraria anos. Evidente que aquela





idéia de ficar para sempre perto dela era a mais feliz para mim. Eu a





amava mais que minha vida e fiz dela meu pedacinho de Deus. Porém,





logo começaram as chamas do inferno entre nós...





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Nessa busca em achar um caminho que fosse puro, que levasse-me de





verdade a manifestações do puro espírito de Deus, ingressei em várias





outras instituições e doutrinas, na esperança de formar uma síntese





iluminada de `O caminho" encontrar no "caminho". Meus estudos e





investigações levaram-me a descobrir uma corrente tradicional que não





pode ser maculada nem corrompida pelo elemento humano, pois é toda





guiada no Espírito Santo e sinais divinos; porém, como não tem sede





não é nada fácil, sequer, encontrar um membro da Tradição e fiquei





buscando durante anos um contato, além de pedir a Deus em minhas





preces. Anos de busca após, vi pelo google uma pessoa ligada ao





movimento comunhão e libertação da Igreja Católica disposta a dar





informações sobre o lado secreto e místico dos templários. Chamava-se





Miguel, da cidade de São José dos Campos, em São Paulo. Era professor





de cabala e palestrante. Deixava um email de contato e assim começamos





a conversar.





Na primeira vez que ficamos juntos como homem e mulher, ela chegou em





minha casa numa sexta feira a noite, com um vestido branco; por





telefone já tínhamos acertado que tentaríamos o romance. Ela





queixava-se do trânsito da Linha Vermelha e dizia que não gostava do





astral do Rio de Janeiro, não se habituava. "Deixa eu descansar um





pouco aqui no sofá", pediu depois de ir ao banheiro. Deitou-se e





fechou os olhos com a mão direita sobre a barriga. Alisei-a a mão e a





barriga lentamente e num impulso irresistível deflorando-me a timidez,





beijei-a ternamente, longamente, interminavelmente e podia sentir





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anjos e mais anjos sendo libertados nas cidades celestes, eu com o





gosto da lingua dela, felicidade infinita que eu ia sugando e ela me





dava, entregue e submissa. Após, seus olhos brilhavam e era estranho





ver a menininha no corpo daquele mulherão de um metro e setenta e





tantos. Quantos tons tem o azul? São vários e vários, incontáveis.





Nossas peças intimas, porém, eram exatamente do mesmo tom de azul,





como se tivéssemos comprados juntos, combinadamente no céu, como





apaixonados gémeos do amor. E houve aquela hora em que sentados de





frente um para o outro e nus fizemos o mesmo gesto, ao mesmo tempo,





como num espelho sagrado e ambos coramos, desconcertados e mais nus





ainda, na alma. "Ah, não acredito, não pode ser.", dizia-me intrigada.





Até o domingo a noite, quando ela foi embora, estivemos mergulhados na





descoberta de que podíamos ser tudo na vida um do outro, menos um





acaso. "Alguém nos energizou e nos uniu para ficarmos juntos" , ela





dizia, ciente de que estávamos vivendo no mundo dos dogmas e dos





arquétipos universais





. A primeira tarefa que Miguel mandara-me fazer era liderar um grupo de





estudos ocultos e indicou-me um jovem de vinte e cinco anos, Flavio, e





uma mulher de dezenove,Cintia, sendo que com essa mulher o trabalho





sempre foi de conversas online. Já Flavio passara a vir em minha casa





as quintas-feiras, quando trabalhávamos durante uma hora ritual da





seguinte forma: abríamos os trabalhos com uma prece , acendíamos uma





vela, faziamos um relaxamento com música clássica e new age, estudo





do livro Meditações Dos Arcanos Maiores do Tarô (ed Paulus) e





comentários, estudo do Evangelho de João e partilha, novo relaxamento,





prece de encerramento e eu anotava tudo com data e hora numa espécie





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de ata; depois, conversávamos sobre negócios, mulheres, jogávamos





cartas um para o outro. Acredito que subjetivamente aprendi muito com





esse trabalho e outras simultaneas que o Miguel passava-me. O





caminho da verdade e do poder do espírito está completamente fechado





as pessoas que não possuam qualidades para alcançá-las. Quem estudar





com cuidado o evangelho de João verá que o "espírito do mundo" não





pode conhecer a verdade. Depois que comecei o trabalho espiritual com





Miguel, percebi claramente que a porta da excelência é muito estreita,





pois exige a superação do humanismo. Os pretendentes a cavaleiros e





magos, e são milhões, ficariam muito frustrados, por exemplo, se fosse





dito a eles que teriam que praticar em seus lares por vinte minutos





diários, duas vezes ao dia, a Oração Centrante ou a Lectio Divina. Sem





amar a Deus, esse caminho é impossível de ser percorrido. Muitas





vezes, eu fiquei de intermediário entre candidatos que queriam





"conhecimento", porém todos se mostravam muito inteligentes,





"explicando" o universo; para ser de Deus digno, necessário se faz por





as coisas celestes como prioritárias, purificar e transformar a mente





e o espírito nas bases do ser; só após esse trabalho preliminar, de





trazer a vida espiritual para o centro da vida e deixar o mundo como





periferia





a dama do lago começa a aparecer; por isso, dizia que o reino dos





céus é das criancinhas o filho da Virgem.





A maneira como Sara era despudorada chegava a ser cândida. Deitada,





com os dedos na vagina ia me mostrando com um grande sorriso na face





sua intimidade, como seu eu nunca houvesse visto um orgão feminino





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antes, nem em desenho, ia ela falando... "Pequenos lábios, grandes





lábios" e eu pensando comigo num misto de ternura e compaixão, onde





que tinha entrado com a alma e o corpo. Ela parecia não se dar muito





conta de que não era minha primeira mulher. O que ocorre é que





tínhamos ambos uma intuição que topáramos com uma coisa nova tanto um





quanto outro. Pegava-me a mão para ver se lembrava subconscientemente





de alguma encarnação passada nossa, juntos ;ela especulava. Um dia,





teve uma hora que ela susurrou-me na cama, em meus ouvidos,





engatinhando até mim com aquela voz que deixava-me alucinado: “solta o





tigrinho”, e causou-me um grande impacto na alma, porque eu não





entendi direito na ocasião o que ela queria dizer e fiquei sentindo-me





uma criança de colo desmamada e desamparada, com minha alma sempre





dando reviravoltas de 360 graus com a vida que vinha dela para mim.





Eu, mais velho quinze anos , parecia a virgem da situação que ia





sendo pouco a pouco deflorada, uma flor aberta que ela comia





vorazmente com fome, sem piedade e eu me entregava ao sacrifício





dolorido mais feliz.





Comecei a aprofundar-me muito no Evangelho de João, onde descobri,





perplexo, que ali está dito tudo de um modo claro que Jesus é o mestre





do amor, que é regente do cosmos, e que é através do exercício do





mesmo que a humanidade se cura e passa de fato a ver a essência da





criação; O mestre também diz que aqueles que são nascido do espírito





são espírito e que seus discípulos seriam reconhecido por muito se





amarem e não por teorias, oratórias e formalidades que é o que mais se





vê em quase todas as religiões, muito mais do que o amor que ele pediu





que tivéssemos um pelo outro, os seres se perdem em doutrinas





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intermináveis e fazem de tudo, menos amar seus semelhantes de verdade.





Nesse evangelho, fica claro que quem não tem amor as pessoas e as





coisas, o amor mesmo sem interesse como uma condição de alma é um





doente espiritual; para que tenhamos uma imagem clara do quanto a





humanidade está longe de estar no caminho da luz, basta observar como





os cães, porcos, gatos, patos e cavalos são infinitamente superiores





em afeto e o quanto dão de si se receberem o mínimo de cuidados. ..





Ela era vegetariana e eu a





chamava de minha predadora vegetal. Nossas refeições eram diferentes,





quando comiamos juntos. Enquanto eu ia de carré com fritas, ela abria





suas comidas que vinham embrulhadas em papel laminado que a mãe





preparava-lhe para sua semana. Eram verduras variadas geralmente





cobertas com maioenese ou creme de leite. Houve uma semana que ela





viajou para Além Paraiba, onde morava seus pais e trouxe-me sua comida





para mim. --"Vai te fazer bem". Meditavamos juntos e eu ensinava-lhe





os princípios e técnicas do budismo tibetano. Ela seguia um guru





oriental, uma dessas organizações espiritualista de ioga. Iniciei-a na





pratica dos quatro pensamentos que libertam a mente. Vai, Sara, fecha





os olhos. Agora pensa no sofrimento universal que tudo permeia, usa a





imaginação; em toda parte há sofrimento. Medita nisso. Alisava-lhe as





costas, incentivando-a; tinha por ela uma compaixão absoluta. Agora





medita sobre a impermanência, que tudo passa e veja a implicação disso





no seu dia a dia. Fecha os olhos. Agora abre. Medita sobre a





causalidade, o karma, a lei de causa e efeito. Isso, abre os olhos.





Agora por fim medita sobre a vantagem do nascimento humano e a





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oportunidade que você tem de libertar a mente. Pássaros, jacarés,





insetos, não podem praticar. Medita nessa vantagem de sermos humanos.





Esses momentos espirituais com ela eram um verdadeiro paraíso para





mim, porque além de compartilhar meu ser secreto, tirava um pouco ela





das ambições e ilusões mundanas. Pensava comigo um certo estágio em





que eu queria deixá-la ao menos. Não consegui. Ela deixou-me antes.





Essa foi mais uma frustração que somou e jogou-me na escuridão. Ela





sabia que os conhecimentos que eu tinha eram valiosos, mas não os





tomava como sagrados. Esse ponto para ela, o sagrado, era muito





relativo no mundo de sua alma.





Uma das vezes que ela rompeu comigo, a primeira, lembro-me bem porque





ela disse-me que estava vazando e eu ironizei tanto sua





superficialidade quanto seu vocabulário. Também ela deixou lá em casa





sua grande havaiana quarenta e dois e como meu chinelo havia rompido





passei a usar o dela mesmo como um louco, quase obsessivo para tê-la





desse modo patético que fosse. Quantos dias ou meses fiquei alucinado,





escrevendo e chorando com meus amigos pessoais e da rede, tentando





entender o "vazamento" dela? No mesmo dia que ela “vazou” xinguei-a de





piranha e piranhona varias vezes e ela dizia-me, por telefone, isso





“desabafa.” “Desabafa.” Ele dizia que eu podia chamá-la de vagabunda





na cama, mas de piranha nunca, mas nesse dia eu queria atingi-la,





humilhá-la também, pois estava um lixo humano, completamente destruído





e fui beber para suportar o insuportável. Esse primeiro rompimento foi





causado porque eu vinha questionando seu comportamento superficial e





ambíguo, sua falta de atenção e o louco ciume que eu tinha dela,





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pois tinha a impressão de que ela não faria esforço algum para ser-me





fiél e que gostava de exibir e seduzir com sua sexualidade, pouco se





importando com sentimentos. Uma vez durante a madrugada um de seus





outros pretendentes, um “rival”, ligou durante a madrugada, numa das





horas que eu estava no telefone com ela e ela pediu-me para desligar





porque havia prometido falar com ele. Eu fiquei entre perplexo e





surpreso. Não conhecia ainda as artimanhas femininas o suficiente. Ela





disse-me que ciumes era uma fraqueza, para eu trabalhar minha mente. O





fato é que aquela falta de comprometimento estava me jogando num





abismo emocional.





Um dia, em fins do ano 2006, depois de mais uma vez que ela terminara comigo, e dessa





vez não haveria mais volta, bebi o suficiente para perder a consciência da noite. Engraçado





que ao relembrar isso, tenho a sensação de que algo em mim morreu ali, claramente.





Compreendi que estava latente a minha destruição. Contudo, consegui chegar em casa e





dormir. Acordar, porém , foi difícil. Assim que levantei-me comecei passar muito mal. A





cabeça doía muito e sem saber o que fazer, liguei.


Morei durante lomgo tempo perto da Quinta Da Boa


Vista, onde ia pouco durante o ano . Porém, com o tempo reparei que sempre que ia


lá e sentava-me perto de um dos lagos, um pássaro branco seguia-me. Isso ocorreu


quase uma dezena de vezes, quando eu levava moças para passear comigo. Percebi


que era um padrão mágico da minha vida. Numa das primeiras vezes que Flavio foi lá


em casa, eu convidei-o a ir ao parque comigo, pois queria fazer determinadas praticas


da Tradição dos magos brancos com ele. Ele foi a primeira pessoa que contei sobre


minha relação mágica com o pássaro, pois negava até para mim mesmo que o fato


acontecia. Era extraordinário demais. Como porém nossa relação era pautada pelo


código dos cavaleiros de Perfeito Amor e Perpeita Confiança, abri um pouco do meu


coração secreto para ele. Quando chegamos ao Lago ele perguntou-me:


-- E ai, será que seu amigo vem hoje? - Perguntou-me.


Eu já estava sentado na grama com as pernas em posição de meditação.


-- Ele não costuma falhar, não. Vamos ver. Flavio, faz o seguinte pra mim. Fecha os


olhos, respira fundo durante um minuto, prende durante um minuto, depois solta. Faça


isso dez vezes, por favor.


Quando ele fechou os olhos, depois da terceira respiração, vindo dos países mágicos


cheio de estilo, o majestoso pássaro branco pousa na beira do Lago, praticamente


em nossa frente. Minha alma ficou extasiada. Não disse nada ao Flavio, enquanto ele


continuava sua pratica. Quando ele abriu os olhos, porém, foi a primeira imagem que


ele viu; o pássaro parado na borda do lago; sereno e hierático. Ele arregalou os olhos.


-- Cara, não acredito!. Tu é muito Jedi. Meu Deus, que coisa linda! Caralho. Tu é o


Ioda.


-- O Ioda não, ele é muito feio. Pode ser o Luke.


Passado o assombro do milagre, ensinei-lhe a pratica da oração diária e silenciosa


por três pessoas. Muito simples. Você escolhe três pessoas que queira bem e faz uma


prece para elas, uma de cada vez, durante uns cinco minutos. Não é preciso contar


para as pessoas.


Essa pratica, além de energizar-nos, ajuda-nos a deixar o egoísmo de lado.


Depois desse dia, Flavio, Cintia e Miguel passaram a chamar-me de Jedi.





isso dez vezes, por favor.


Quando ele fechou os olhos, depois da terceira respiração, vindo dos países mágicos


cheio de estilo, o majestoso pássaro branco pousa na beira do Lago, praticamente


em nossa frente. Minha alma ficou extasiada. Não disse nada ao Flavio, enquanto ele


continuava sua pratica. Quando ele abriu os olhos, porém, foi a primeira imagem que


ele viu; o pássaro parado na borda do lago; sereno e hierático. Ele arregalou os olhos.


-- Cara, não acredito!. Tu é muito Jedi. Meu Deus, que coisa linda! Caralho. Tu é o


Ioda.


-- O Ioda não, ele é muito feio. Pode ser o Luke.


Passado o assombro do milagre, ensinei-lhe a pratica da oração diária e silenciosa


por três pessoas. Muito simples. Você escolhe três pessoas que queira bem e faz uma


prece para elas, uma de cada vez, durante uns cinco minutos. Não é preciso contar


para as pessoas.


Essa pratica, além de energizar-nos, ajuda-nos a deixar o egoísmo de lado.


Depois desse dia, Flavio, Cintia e Miguel passaram a chamar-me de Jedi.


*BIBLIOTECA NACIONAL, RIO DE JANEIRO *





Saio da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro com uma verdadeira vertigem,





após a leitura das Flores de Mal de Charles Baudelaire. Depois de lê-lo, o





mundo havia se transformado a meus olhos completamente. "Tende Piedade,





Satã, de nossa longa miséria longa miséria!", ecoava em minha mente os versos





do frances enquanto automóveis e pessoas pareciam sonabulos





de um pesadelo; Para Charles, a salvação





humana só pode dar-se caso o demônio liberte a espécie do seu





longo julgo, uma vez que segundo ele as almas eram demasiadamente





débeis para para seguirem o Cristo; ´"É o demônio que nos move e até nos





manipula" - Ninguém escapa após ler as Flores do Mal de sentir um





arrepio de verdade





sobre o império do mal que a humanidade profana obedece. Os





verdadeiros cristãos





são cruzados que se rebelam contra o demônio, buscam subjulgar sua





natureza inferior





com a disciplina do combate e ,embora vez ou outra, possam sucumbir ainda





ao erro e ao pecado, acabam pela bravura e pela graça de Deus





alcançando a redenção. São aqueles que o Messias fala serem são nascido





do espírito. Lembro-me que sai da Biblioteca pela Avenida Rio Branco





hipersen&
347;ivel, percebendo





que tinha pisado em um universo paralelo. Era capaz de ver os





perversos num tempo futuro sendo levados as profundezas do inferno





pelos demônios alados que os acompanham, escamosos como dragões





num crepúsculo infinitamente melancólico,





1





1





hollyodiano.





Durante todo nosso relacionamento, Miguel não me ligou mais do que duas vezes;





nosso contatos eram todos via email, messenger ou quando eu o ligava. Num desses





dias que ele ligou-me, o tempo e o espaço ficaram suspensos na sublimidade





e na beleza. Ele mandou-me, mal eu disse alo a entrar no messenger,





Por que você quer seguir esse caminho medieval, meu caro?





Fui pego completamente de surpresa e fiquei sem saber o que dizer.





Vamos, me diga, porque você quer ser um cruzado?





Nisso, começou a acontecer algo inusitado. Um pensamento que parecia vir





de outra parte de mim, na verdade um pensamto imagem bastante





obsessivo da Virgem Maria começou a tomar-me a alma., de modo que eu





estava ficando tonto e quase caindo





em cima do computador. Sentia-me angustiado demais, pois além dos tormentos





que passava na minha relação com Sara, ainda tinha que de vez em





quando passar pelos





testes periódicos de Miguel. Não sei quanto tempo durou essa tensão, o fato





é que me dei conta que aquele pensamento “invasor” era a única coisa





que me ocorria





após aquela pergunta inesperada:





A Virgem Maria, - respondi ,finalmente, num misto de também estar





perguntando, como





se minha resposta fosse também uma interrogação.





Humm, pode ser um sinal, meu caro, mais existem outros. Estou até desconfiado





que tem coelho nessa toca, mais existe ainda muito ego ai.





2





2





Volte a sua simplicidade, garoto, lembre-se de seus melhores





sentimentos da sua aurora





espiritual.





Foi um sinal, Miguel?





Não sei. Pode ter sido. Vamos investigar. Agora deixa eu sair do PC





que o chato do meu irmão quer entrar.





Miguel encerrava nossas conversas sempre com motivos prosaicos, tais





como esse ou que estava com diárreia por causa do cachorro quente de





sua cidade ou que ia





pra o site de especialistas em canários.





O TIGRE DE DEUS A BUSCA





Final dos anos oitenta, década de 90





Em parte influenciado pela literatura de Fernando Pessoa, comecei cedo





meus estudos da verdade pelos rosacruzes, am 1988. Uma década após,





3





3





tinha galgado os mais altos graus e num desses ritos de passagem de um





nível para outro, conheci Dora, uma morena alta que pertencia a outro





Templo da Ordem, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Estavamos na cantina,





trocando umas idéias. Dela emanava uma força quase "visível", o que é





uma das prerrogativas dos esotéricos que verdadeiramente trabalham seu





interior. Ela trazia uma cruz egipcia, a Ansata, ao pescoço. Os





cabelos pendiam preenchendo os ombros e parte do pescoço, enquanto ela





comia um lanche elegantemente. Estavámos felizes pela beleza do ritual





que vivenciarámos. -- A humanidade deveria procurar mais por eventos





como esse que passamos hoje, seria melhor o mundo, não seria?





-Perguntei-lhe. -- O ser humano não é feliz porque é mesquinho.





Aprenda isso, Frater -- Respondeu-me ela, limpando os lábios com um





guardanapo. Hoje ainda ,quase cotidianamente, dou de frente com a





verdade dita por Dora naquela noite iluminada em quase todas es





esquinas que passo, aqui e além.





PARANA, SUL DO BRASIL, 2005 - COM INRI CRISTO





Decidi fazer uma investigação particular sobre o Inri Cristo, após





vê-lo algumas vezes na imprensa e viajei ao sul do Brasil, a Curitiba.





Lé chegando, passei uns quatro dias com ele. Fiquei alojado num quarto





que era a réplica, segundo me disseram, de um trem europeu. E passei





uma noite das mais frias da minha vida, debaixo de uns cinco edredons,





pois peguei também as peças da cama de cima; no quarto havia um





boliche, uma televisão, um pequeno aparelho de som e livros e fitas





sobre o INRI, que diz ser a reencarnação de Cristo. Suas díscipulas,





algumas bastante graciosas, se vestem de azul claro e seus discípulos





4





4





de marrom. A igreja dele tem uma doutrina própria, porém não





aprofundei-me nela, pois Inri não considera a Virgem Maria com o





sagrado que nós cavaleiros, temos. E O que importa nesses relatos são





a busca pessoal do autor pela verdade e suas experiências





espirituais, ontológicas com a mesma.





Com Inri Cristo tive uma relação bastante humana, diria até demasiado





humana. Naquele tempo eu ainda tinha algo de vermelho politicamente





falando e Inri Fazia ironia dizendo que eu era comuna; divergimos





disso; Inri me surpreendeu com seu liberalismo em economia. Ele





gostava de jogar sinuca e eu falei que se ele perdesse para mim,





realmente eu jamais iria acreditar ser ele o Messias. Mandava ele me





rezar, coisa que as vezes ele esquecia. Nessa luta pela vida para





sobreviver, já me peguei acendendo vela vermelha pra Exu na





encruzilhada.





Sabe como é, abrir caminhos. Um dia porém, compadeci-me dele;





estavamos tranquilamente conversando na cobertura de sua propriedade





quando ele, melancolicamente, virou-se e disse-me que era melhor





sairmos dali das vistas,





pois ele já fora apedrejado. Como pode alguém apedrejar um personagem





tão interessante?





Inri Cristo, assim como Gentileza, foram dois personagens dos mais





poéticos e ricos que cruzei nessa busca de encontrar, nesse planeta de





pouca fineza literária, algum sentido.





5





….





5





Uma intensa melancolia levava-me ao abrigo dos franciscanos, uma dor





que eu sabia única. Toda formação de minha alma, na parte mais





profunda, era Bíblica. A leitura do Novo Testamento na juventude





pusera Jesus como ponto central da minha vida. Com Jesus, aprendi a





exercitar a solidariedade, a viver pensando também na vida futura,





além de não fazer questão também de coisas menores. A literatura





também estragara-me. Um homem com alguma nobreza e pagando um preço





caro por dar-se ao luxo de cultivar-se vivendo entre incautos, gente





bárbara que detesta cultos e cultura. A frase de Nieztsche em





Zaratustra levava-me ao mosteiro: “ Tivesse Cristo vivido mais alguns





anos, teria mudado sua doutrina”. Essa era a verdade que sentia agora





e doer-me a alma. Eu não concordava com o Deus que Cria. Tinha trinta





e cinco anos e um desprezo silencioso pela humanidade. Nos últimos





dois anos então, a despeito de minhas boas intenções e qualidades, não





achava nada. Nem amores, nem amigos, nem trabalhos. Não na proporção





que tornasse-me menos triste. Ainda por cima tinha a pobreza como uma





carga, o que tornava- me mais vulnerável e nu as gentes. Já tinha





sofrido todo tipo de maldade de meus próprios parentes. Lembrava o





olhar de desprezo de uma tia . Que tinha feito? E a ríspidez humana?





Qual era a finalidade? E a falta de interesse e amor ao criador?





A covardia? Olhava as pessoas jogadas no chão e perguntava-se: quem é





o responsável? Odiava a brutalidade. Tremia a cada ato de





deselegância. Da mais grosseira a mais sutil, sobre tudo a





deselegância o incomodava. È feia a raça humana, concluía. Chegava a





sentir laivos de desprezo por Deus, por criar tal massa de famintos.





Era um Deus mesmo que criava tudo? Com esses pensamentos íntimos,





6





6





bateu a grande porta do mosteiro. Um jovem Franciscano veio atendê-lo.





´´ Pois não, Senhor” “Procuro o Igor, o líder de Vocês.” “Ah, sim.





Pode entrar. Aproveita que estamos comemorando o aniversario de um dos





internos. Tomé.” J entrou e viu os franciscanos completamente





misturados ao pobres, mendigos, aleijados. Ficou impressionado com o





número de mutilados que viu: uns vinte. Todos homens. Um deles,





arrastando a cadeira, veio perguntar-lhe se queria uma fatia de bolo.





Aquilo o comoveu um pouco. Ao mesmo tempo ficou chocado com tanta





pobreza. Os banheiros eram coletivos e abertos. Foi vendo com Igor





outros internos. Havia em quase todos internos uma ferida, uma chaga





aberta. Muitos fumavam. J pensou que estaria aprendendo ali, naquele





lugar. “Igor, se importa de conversar comigo um pouco?” “Não, claro”.





“ Bem. Ouvi falar do trabalho de Voces , achei bonito, nobre, mas ando





com um questionamento profundo, uma angústia grande em relação a minha





fé. “ “Como assim?” “ Creio em Jesus. Mas não creio que o homem deva





ser salvo. Os homens são ruins. Não acho boa coisa salvar a





humanidade. Acho inútil. ” Igor olhou J de modo estranho... “ Você não





tem amor?” “Tenho. Esse é o problema. Não me falta amor. E aqui estou,





cheio de amor e sem nada, nem ninguém. Não aproveitaram meu amor. “





“Como dizia Francisco: o amor não é amado.” “Por que Voce faz esse





trabalho?” “Vocação, acho” “Pois é. Teve um tempo que até pensei em





ser padre, depois monge. Mas o mundo desviou-me. Hoje creio ainda na





mensagem, que Jesus é o Messias, mas não creio na salvação dos homens.





Eu não os salvaria. Igor, posso te pedir uma coisa? “ “Sim”. “Posso





dormir aqui?” Igor olhou em volta, pensou. “ Você não tem onde





dormir?” “Tenho. Mas não estou bem. Quero sentir essa experiência. “ J





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pensou na hesitação de Igor que até um mosteiro tem sua porção de





má-vontade. Será que ele vai mandar-me embora agora, alta noite? “Lá





em cima tem um saco de dormir sobrando. Boa noite.” J dirigiu-se a





parte superior do mosteiro, enquanto via aos poucos as luzes de baixo,





- onde ficava a maioria dos pobres e mutilados -, se apagando. Ali





estava ele, sem nada. Pedindo asilo aos pobres. Pensou abandonado





entre as cobertas se Deus não seria ou não queria apenas aquele





abandono, aquela pureza, aquela entrega ao nada infinito. Na manhã





seguinte, J olhou do parapeito do segundo andar e viu os monges





vestidos de Francisco misturados com os pobres, compondo um cenário





digno de idade média. Perguntou-se em que tempo se sentia. Ou estava.





Dirigiu-se ao refeitório, onde os cinco jovens monjes de não mais de





dezoito anos distribuíam-se nas tarefas. Igor já havia saído. Não era





santo nem pobre o suficiente para ficar. Levou dois monges ao ponto,





pagou a passagem de um deles e vinha olhando o mundo dos homens pela





janela. “Que tipo de soldado sem causa sou?” – ia pensando, enquanto





as paisagens sucediam-se entre prédios de concreto e fumaça negra.





19.10.2005





Inicialmente, Eu e Sara saíamos como amigos íntimos e falávamos muito





, ela me ligando até três vezes ao dia. Nos conhecemos através de uma





rede social no qual eu usava um codinome de Anjo e não havia minha





foto, apenas a do Anjo Roxo que “dizia se alimentar de prana”. Ela





estava na comunidade “Vivendo de Luz” e era, aparentemente, uma menina





grande e desengonçada, com um sorriso simpático e passou-me um





pensamento estranho que “ela nunca teria chance comigo”. Paguei caro





ter pensado isso. Pessoalmente, foi a mulher mais linda que já amei,





8





com seus imensos cabelos castanhos, seus um metro e setenta e quatro





de um corpo absolutamente perfeito, branco e róseo que conheci e





beijei , cada centímetro, perdendo totalmente o controle de mim como





nunca antes. Quando dei por mim, estava apaixonado e já não me bastava





mais nossa relação de “amiguinhos”. Pedi então ,numa noite depois de





ter muito refletido o dia inteiro, que ela não me procurasse mais, nem





por telefone. E, nessa mesma noite, tive um pesadelo estranho, sem





entender o enredo e não consegui dormir. Fiquei intrigado. Pior mesmo,





foi que ,no dia seguinte, e nos outros mais três dias após esse





pesadelo, onde eu me sentia sendo “sacudido” por forças estranhas e





invisíveis,





parei misteriosamente de comer. Ela não parou de ligar-me, embora





havia dito que iria respeitar minha vontade, mas não respeitou, e tive





que aceitar a ajuda que oferecia-me, quatro dias ou cinco depois, pois





já não conseguia mais sair da cama. “Quem mandou pedir o divórcio”? ,





Ela brincava. Dias depois, começamos a namorar e tivemos de início





aquela felicidade inevitável: três dias sem sair da cama fazendo amor,





dvds, pipoca, banho juntos que ela me convidou a tomar dizendo que





marido e mulher tinham que ter intimidade, massagens, sorrisos, beijo





no ponto de ônibus, saudades na hora da separação, planos de





casamento, madrugadas em claro ao telefone e mais as promessas que ela





me fazia de que iríamos ficar muito tempo juntos, que ela sentia





claramente isso, que nosso caso duraria anos. Evidente que aquela





idéia de ficar para sempre perto dela era a mais feliz para mim. Eu a





amava mais que minha vida e fiz dela meu pedacinho de Deus. Porém,





logo começaram as chamas do inferno entre nós...





9





Nessa busca em achar um caminho que fosse puro, que levasse-me de





verdade a manifestações do puro espírito de Deus, ingressei em várias





outras instituições e doutrinas, na esperança de formar uma síntese





iluminada de `O caminho" encontrar no "caminho". Meus estudos e





investigações levaram-me a descobrir uma corrente tradicional que não





pode ser maculada nem corrompida pelo elemento humano, pois é toda





guiada no Espírito Santo e sinais divinos; porém, como não tem sede





não é nada fácil, sequer, encontrar um membro da Tradição e fiquei





buscando durante anos um contato, além de pedir a Deus em minhas





preces. Anos de busca após, vi pelo google uma pessoa ligada ao





movimento comunhão e libertação da Igreja Católica disposta a dar





informações sobre o lado secreto e místico dos templários. Chamava-se





Miguel, da cidade de São José dos Campos, em São Paulo. Era professor





de cabala e palestrante. Deixava um email de contato e assim começamos





a conversar.





Na primeira vez que ficamos juntos como homem e mulher, ela chegou em





minha casa numa sexta feira a noite, com um vestido branco; por





telefone já tínhamos acertado que tentaríamos o romance. Ela





queixava-se do trânsito da Linha Vermelha e dizia que não gostava do





astral do Rio de Janeiro, não se habituava. "Deixa eu descansar um





pouco aqui no sofá", pediu depois de ir ao banheiro. Deitou-se e





fechou os olhos com a mão direita sobre a barriga. Alisei-a a mão e a





barriga lentamente e num impulso irresistível deflorando-me a timidez,





beijei-a ternamente, longamente, interminavelmente e podia sentir





10





anjos e mais anjos sendo libertados nas cidades celestes, eu com o





gosto da lingua dela, felicidade infinita que eu ia sugando e ela me





dava, entregue e submissa. Após, seus olhos brilhavam e era estranho





ver a menininha no corpo daquele mulherão de um metro e setenta e





tantos. Quantos tons tem o azul? São vários e vários, incontáveis.





Nossas peças intimas, porém, eram exatamente do mesmo tom de azul,





como se tivéssemos comprados juntos, combinadamente no céu, como





apaixonados gémeos do amor. E houve aquela hora em que sentados de





frente um para o outro e nus fizemos o mesmo gesto, ao mesmo tempo,





como num espelho sagrado e ambos coramos, desconcertados e mais nus





ainda, na alma. "Ah, não acredito, não pode ser.", dizia-me intrigada.





Até o domingo a noite, quando ela foi embora, estivemos mergulhados na





descoberta de que podíamos ser tudo na vida um do outro, menos um





acaso. "Alguém nos energizou e nos uniu para ficarmos juntos" , ela





dizia, ciente de que estávamos vivendo no mundo dos dogmas e dos





arquétipos universais





. A primeira tarefa que Miguel mandara-me fazer era liderar um grupo de





estudos ocultos e indicou-me um jovem de vinte e cinco anos, Flavio, e





uma mulher de dezenove,Cintia, sendo que com essa mulher o trabalho





sempre foi de conversas online. Já Flavio passara a vir em minha casa





as quintas-feiras, quando trabalhávamos durante uma hora ritual da





seguinte forma: abríamos os trabalhos com uma prece , acendíamos uma





vela, faziamos um relaxamento com música clássica e new age, estudo





do livro Meditações Dos Arcanos Maiores do Tarô (ed Paulus) e





comentários, estudo do Evangelho de João e partilha, novo relaxamento,





prece de encerramento e eu anotava tudo com data e hora numa espécie





11





de ata; depois, conversávamos sobre negócios, mulheres, jogávamos





cartas um para o outro. Acredito que subjetivamente aprendi muito com





esse trabalho e outras simultaneas que o Miguel passava-me. O





caminho da verdade e do poder do espírito está completamente fechado





as pessoas que não possuam qualidades para alcançá-las. Quem estudar





com cuidado o evangelho de João verá que o "espírito do mundo" não





pode conhecer a verdade. Depois que comecei o trabalho espiritual com





Miguel, percebi claramente que a porta da excelência é muito estreita,





pois exige a superação do humanismo. Os pretendentes a cavaleiros e





magos, e são milhões, ficariam muito frustrados, por exemplo, se fosse





dito a eles que teriam que praticar em seus lares por vinte minutos





diários, duas vezes ao dia, a Oração Centrante ou a Lectio Divina. Sem





amar a Deus, esse caminho é impossível de ser percorrido. Muitas





vezes, eu fiquei de intermediário entre candidatos que queriam





"conhecimento", porém todos se mostravam muito inteligentes,





"explicando" o universo; para ser de Deus digno, necessário se faz por





as coisas celestes como prioritárias, purificar e transformar a mente





e o espírito nas bases do ser; só após esse trabalho preliminar, de





trazer a vida espiritual para o centro da vida e deixar o mundo como





periferia





a dama do lago começa a aparecer; por isso, dizia que o reino dos





céus é das criancinhas o filho da Virgem.





A maneira como Sara era despudorada chegava a ser cândida. Deitada,





com os dedos na vagina ia me mostrando com um grande sorriso na face





sua intimidade, como seu eu nunca houvesse visto um orgão feminino





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antes, nem em desenho, ia ela falando... "Pequenos lábios, grandes





lábios" e eu pensando comigo num misto de ternura e compaixão, onde





que tinha entrado com a alma e o corpo. Ela parecia não se dar muito





conta de que não era minha primeira mulher. O que ocorre é que





tínhamos ambos uma intuição que topáramos com uma coisa nova tanto um





quanto outro. Pegava-me a mão para ver se lembrava subconscientemente





de alguma encarnação passada nossa, juntos ;ela especulava. Um dia,





teve uma hora que ela susurrou-me na cama, em meus ouvidos,





engatinhando até mim com aquela voz que deixava-me alucinado: “solta o





tigrinho”, e causou-me um grande impacto na alma, porque eu não





entendi direito na ocasião o que ela queria dizer e fiquei sentindo-me





uma criança de colo desmamada e desamparada, com minha alma sempre





dando reviravoltas de 360 graus com a vida que vinha dela para mim.





Eu, mais velho quinze anos , parecia a virgem da situação que ia





sendo pouco a pouco deflorada, uma flor aberta que ela comia





vorazmente com fome, sem piedade e eu me entregava ao sacrifício





dolorido mais feliz.





Comecei a aprofundar-me muito no Evangelho de João, onde descobri,





perplexo, que ali está dito tudo de um modo claro que Jesus é o mestre





do amor, que é regente do cosmos, e que é através do exercício do





mesmo que a humanidade se cura e passa de fato a ver a essência da





criação; O mestre também diz que aqueles que são nascido do espírito





são espírito e que seus discípulos seriam reconhecido por muito se





amarem e não por teorias, oratórias e formalidades que é o que mais se





vê em quase todas as religiões, muito mais do que o amor que ele pediu





que tivéssemos um pelo outro, os seres se perdem em doutrinas





13





intermináveis e fazem de tudo, menos amar seus semelhantes de verdade.





Nesse evangelho, fica claro que quem não tem amor as pessoas e as





coisas, o amor mesmo sem interesse como uma condição de alma é um





doente espiritual; para que tenhamos uma imagem clara do quanto a





humanidade está longe de estar no caminho da luz, basta observar como





os cães, porcos, gatos, patos e cavalos são infinitamente superiores





em afeto e o quanto dão de si se receberem o mínimo de cuidados. ..





Ela era vegetariana e eu a





chamava de minha predadora vegetal. Nossas refeições eram diferentes,





quando comiamos juntos. Enquanto eu ia de carré com fritas, ela abria





suas comidas que vinham embrulhadas em papel laminado que a mãe





preparava-lhe para sua semana. Eram verduras variadas geralmente





cobertas com maioenese ou creme de leite. Houve uma semana que ela





viajou para Além Paraiba, onde morava seus pais e trouxe-me sua comida





para mim. --"Vai te fazer bem". Meditavamos juntos e eu ensinava-lhe





os princípios e técnicas do budismo tibetano. Ela seguia um guru





oriental, uma dessas organizações espiritualista de ioga. Iniciei-a na





pratica dos quatro pensamentos que libertam a mente. Vai, Sara, fecha





os olhos. Agora pensa no sofrimento universal que tudo permeia, usa a





imaginação; em toda parte há sofrimento. Medita nisso. Alisava-lhe as





costas, incentivando-a; tinha por ela uma compaixão absoluta. Agora





medita sobre a impermanência, que tudo passa e veja a implicação disso





no seu dia a dia. Fecha os olhos. Agora abre. Medita sobre a





causalidade, o karma, a lei de causa e efeito. Isso, abre os olhos.





Agora por fim medita sobre a vantagem do nascimento humano e a





14





oportunidade que você tem de libertar a mente. Pássaros, jacarés,





insetos, não podem praticar. Medita nessa vantagem de sermos humanos.





Esses momentos espirituais com ela eram um verdadeiro paraíso para





mim, porque além de compartilhar meu ser secreto, tirava um pouco ela





das ambições e ilusões mundanas. Pensava comigo um certo estágio em





que eu queria deixá-la ao menos. Não consegui. Ela deixou-me antes.





Essa foi mais uma frustração que somou e jogou-me na escuridão. Ela





sabia que os conhecimentos que eu tinha eram valiosos, mas não os





tomava como sagrados. Esse ponto para ela, o sagrado, era muito





relativo no mundo de sua alma.





Uma das vezes que ela rompeu comigo, a primeira, lembro-me bem porque





ela disse-me que estava vazando e eu ironizei tanto sua





superficialidade quanto seu vocabulário. Também ela deixou lá em casa





sua grande havaiana quarenta e dois e como meu chinelo havia rompido





passei a usar o dela mesmo como um louco, quase obsessivo para tê-la





desse modo patético que fosse. Quantos dias ou meses fiquei alucinado,





escrevendo e chorando com meus amigos pessoais e da rede, tentando





entender o "vazamento" dela? No mesmo dia que ela “vazou” xinguei-a de





piranha e piranhona varias vezes e ela dizia-me, por telefone, isso





“desabafa.” “Desabafa.” Ele dizia que eu podia chamá-la de vagabunda





na cama, mas de piranha nunca, mas nesse dia eu queria atingi-la,





humilhá-la também, pois estava um lixo humano, completamente destruído





e fui beber para suportar o insuportável. Esse primeiro rompimento foi





causado porque eu vinha questionando seu comportamento superficial e





ambíguo, sua falta de atenção e o louco ciume que eu tinha dela,





15





pois tinha a impressão de que ela não faria esforço algum para ser-me





fiél e que gostava de exibir e seduzir com sua sexualidade, pouco se





importando com sentimentos. Uma vez durante a madrugada um de seus





outros pretendentes, um “rival”, ligou durante a madrugada, numa das





horas que eu estava no telefone com ela e ela pediu-me para desligar





porque havia prometido falar com ele. Eu fiquei entre perplexo e





surpreso. Não conhecia ainda as artimanhas femininas o suficiente. Ela





disse-me que ciumes era uma fraqueza, para eu trabalhar minha mente. O





fato é que aquela falta de comprometimento estava me jogando num





abismo emocional.





Um dia, em fins do ano 2006, depois de mais uma vez que ela terminara comigo, e dessa





vez não haveria mais volta, bebi o suficiente para perder a consciência da noite. Engraçado





que ao relembrar isso, tenho a sensação de que algo em mim morreu ali, claramente.





Compreendi que estava latente a minha destruição. Contudo, consegui chegar em casa e





dormir. Acordar, porém , foi difícil. Assim que levantei-me comecei passar muito mal. A





cabeça doía muito e sem saber o que fazer, liguei.








Morei durante lomgo tempo perto da Quinta Da Boa


Vista, onde ia pouco durante o ano . Porém, com o tempo reparei que sempre que ia


lá e sentava-me perto de um dos lagos, um pássaro branco seguia-me. Isso ocorreu


quase uma dezena de vezes, quando eu levava moças para passear comigo. Percebi


que era um padrão mágico da minha vida. Numa das primeiras vezes que Flavio foi lá


em casa, eu convidei-o a ir ao parque comigo, pois queria fazer determinadas praticas


da Tradição dos magos brancos com ele. Ele foi a primeira pessoa que contei sobre


minha relação mágica com o pássaro, pois negava até para mim mesmo que o fato


acontecia. Era extraordinário demais. Como porém nossa relação era pautada pelo


código dos cavaleiros de Perfeito Amor e Perpeita Confiança, abri um pouco do meu


coração secreto para ele. Quando chegamos ao Lago ele perguntou-me:


-- E ai, será que seu amigo vem hoje? - Perguntou-me.


Eu já estava sentado na grama com as pernas em posição de meditação.


-- Ele não costuma falhar, não. Vamos ver. Flavio, faz o seguinte pra mim. Fecha os


olhos, respira fundo durante um minuto, prende durante um minuto, depois solta. Faça


isso dez vezes, por favor.


Quando ele fechou os olhos, depois da terceira respiração, vindo dos países mágicos


cheio de estilo, o majestoso pássaro branco pousa na beira do Lago, praticamente


em nossa frente. Minha alma ficou extasiada. Não disse nada ao Flavio, enquanto ele


continuava sua pratica. Quando ele abriu os olhos, porém, foi a primeira imagem que


ele viu; o pássaro parado na borda do lago; sereno e hierático. Ele arregalou os olhos.


-- Cara, não acredito!. Tu é muito Jedi. Meu Deus, que coisa linda! Caralho. Tu é o


Ioda.


-- O Ioda não, ele é muito feio. Pode ser o Luke.


Passado o assombro do milagre, ensinei-lhe a pratica da oração diária e silenciosa


por três pessoas. Muito simples. Você escolhe três pessoas que queira bem e faz uma


prece para elas, uma de cada vez, durante uns cinco minutos. Não é preciso contar


para as pessoas.


Essa pratica, além de energizar-nos, ajuda-nos a deixar o egoísmo de lado.


Depois desse dia, Flavio, Cintia e Miguel passaram a chamar-me de Jedi.





isso dez vezes, por favor.


Quando ele fechou os olhos, depois da terceira respiração, vindo dos países mágicos


cheio de estilo, o majestoso pássaro branco pousa na beira do Lago, praticamente


em nossa frente. Minha alma ficou extasiada. Não disse nada ao Flavio, enquanto ele


continuava sua pratica. Quando ele abriu os olhos, porém, foi a primeira imagem que


ele viu; o pássaro parado na borda do lago; sereno e hierático. Ele arregalou os olhos.


-- Cara, não acredito!. Tu é muito Jedi. Meu Deus, que coisa linda! Caralho. Tu é o


Ioda.


-- O Ioda não, ele é muito feio. Pode ser o Luke.


Passado o assombro do milagre, ensinei-lhe a pratica da oração diária e silenciosa


por três pessoas. Muito simples. Você escolhe três pessoas que queira bem e faz uma


prece para elas, uma de cada vez, durante uns cinco minutos. Não é preciso contar


para as pessoas.


Essa pratica, além de energizar-nos, ajuda-nos a deixar o egoísmo de lado.


Depois desse dia, Flavio, Cintia e Miguel passaram a chamar-me de Jedi.


*BIBLIOTECA NACIONAL, RIO DE JANEIRO *





Saio da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro com uma verdadeira vertigem,





após a leitura das Flores de Mal de Charles Baudelaire. Depois de lê-lo, o





mundo havia se transformado a meus olhos completamente. "Tende Piedade,





Satã, de nossa longa miséria longa miséria!", ecoava em minha mente os versos





do frances enquanto automóveis e pessoas pareciam sonabulos





de um pesadelo; Para Charles, a salvação





humana só pode dar-se caso o demônio liberte a espécie do seu





longo julgo, uma vez que segundo ele as almas eram demasiadamente





débeis para para seguirem o Cristo; ´"É o demônio que nos move e até nos





manipula" - Ninguém escapa após ler as Flores do Mal de sentir um





arrepio de verdade





sobre o império do mal que a humanidade profana obedece. Os





verdadeiros cristãos





são cruzados que se rebelam contra o demônio, buscam subjulgar sua





natureza inferior





com a disciplina do combate e ,embora vez ou outra, possam sucumbir ainda





ao erro e ao pecado, acabam pela bravura e pela graça de Deus





alcançando a redenção. São aqueles que o Messias fala serem são nascido





do espírito. Lembro-me que sai da Biblioteca pela Avenida Rio Branco





hipersen&
347;ivel, percebendo





que tinha pisado em um universo paralelo. Era capaz de ver os





perversos num tempo futuro sendo levados as profundezas do inferno





pelos demônios alados que os acompanham, escamosos como dragões





num crepúsculo infinitamente melancólico,





1





1





hollyodiano.





Durante todo nosso relacionamento, Miguel não me ligou mais do que duas vezes;





nosso contatos eram todos via email, messenger ou quando eu o ligava. Num desses





dias que ele ligou-me, o tempo e o espaço ficaram suspensos na sublimidade





e na beleza. Ele mandou-me, mal eu disse alo a entrar no messenger,





Por que você quer seguir esse caminho medieval, meu caro?





Fui pego completamente de surpresa e fiquei sem saber o que dizer.





Vamos, me diga, porque você quer ser um cruzado?





Nisso, começou a acontecer algo inusitado. Um pensamento que parecia vir





de outra parte de mim, na verdade um pensamto imagem bastante





obsessivo da Virgem Maria começou a tomar-me a alma., de modo que eu





estava ficando tonto e quase caindo





em cima do computador. Sentia-me angustiado demais, pois além dos tormentos





que passava na minha relação com Sara, ainda tinha que de vez em





quando passar pelos





testes periódicos de Miguel. Não sei quanto tempo durou essa tensão, o fato





é que me dei conta que aquele pensamento “invasor” era a única coisa





que me ocorria





após aquela pergunta inesperada:





A Virgem Maria, - respondi ,finalmente, num misto de também estar





perguntando, como





se minha resposta fosse também uma interrogação.





Humm, pode ser um sinal, meu caro, mais existem outros. Estou até desconfiado





que tem coelho nessa toca, mais existe ainda muito ego ai.





2





2





Volte a sua simplicidade, garoto, lembre-se de seus melhores





sentimentos da sua aurora





espiritual.





Foi um sinal, Miguel?





Não sei. Pode ter sido. Vamos investigar. Agora deixa eu sair do PC





que o chato do meu irmão quer entrar.





Miguel encerrava nossas conversas sempre com motivos prosaicos, tais





como esse ou que estava com diárreia por causa do cachorro quente de





sua cidade ou que ia





pra o site de especialistas em canários.





O TIGRE DE DEUS A BUSCA





Final dos anos oitenta, década de 90





Em parte influenciado pela literatura de Fernando Pessoa, comecei cedo





meus estudos da verdade pelos rosacruzes, am 1988. Uma década após,





3





3





tinha galgado os mais altos graus e num desses ritos de passagem de um





nível para outro, conheci Dora, uma morena alta que pertencia a outro





Templo da Ordem, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Estavamos na cantina,





trocando umas idéias. Dela emanava uma força quase "visível", o que é





uma das prerrogativas dos esotéricos que verdadeiramente trabalham seu





interior. Ela trazia uma cruz egipcia, a Ansata, ao pescoço. Os





cabelos pendiam preenchendo os ombros e parte do pescoço, enquanto ela





comia um lanche elegantemente. Estavámos felizes pela beleza do ritual





que vivenciarámos. -- A humanidade deveria procurar mais por eventos





como esse que passamos hoje, seria melhor o mundo, não seria?





-Perguntei-lhe. -- O ser humano não é feliz porque é mesquinho.





Aprenda isso, Frater -- Respondeu-me ela, limpando os lábios com um





guardanapo. Hoje ainda ,quase cotidianamente, dou de frente com a





verdade dita por Dora naquela noite iluminada em quase todas es





esquinas que passo, aqui e além.





PARANA, SUL DO BRASIL, 2005 - COM INRI CRISTO





Decidi fazer uma investigação particular sobre o Inri Cristo, após





vê-lo algumas vezes na imprensa e viajei ao sul do Brasil, a Curitiba.





Lé chegando, passei uns quatro dias com ele. Fiquei alojado num quarto





que era a réplica, segundo me disseram, de um trem europeu. E passei





uma noite das mais frias da minha vida, debaixo de uns cinco edredons,





pois peguei também as peças da cama de cima; no quarto havia um





boliche, uma televisão, um pequeno aparelho de som e livros e fitas





sobre o INRI, que diz ser a reencarnação de Cristo. Suas díscipulas,





algumas bastante graciosas, se vestem de azul claro e seus discípulos





4





4





de marrom. A igreja dele tem uma doutrina própria, porém não





aprofundei-me nela, pois Inri não considera a Virgem Maria com o





sagrado que nós cavaleiros, temos. E O que importa nesses relatos são





a busca pessoal do autor pela verdade e suas experiências





espirituais, ontológicas com a mesma.





Com Inri Cristo tive uma relação bastante humana, diria até demasiado





humana. Naquele tempo eu ainda tinha algo de vermelho politicamente





falando e Inri Fazia ironia dizendo que eu era comuna; divergimos





disso; Inri me surpreendeu com seu liberalismo em economia. Ele





gostava de jogar sinuca e eu falei que se ele perdesse para mim,





realmente eu jamais iria acreditar ser ele o Messias. Mandava ele me





rezar, coisa que as vezes ele esquecia. Nessa luta pela vida para





sobreviver, já me peguei acendendo vela vermelha pra Exu na





encruzilhada.





Sabe como é, abrir caminhos. Um dia porém, compadeci-me dele;





estavamos tranquilamente conversando na cobertura de sua propriedade





quando ele, melancolicamente, virou-se e disse-me que era melhor





sairmos dali das vistas,





pois ele já fora apedrejado. Como pode alguém apedrejar um personagem





tão interessante?





Inri Cristo, assim como Gentileza, foram dois personagens dos mais





poéticos e ricos que cruzei nessa busca de encontrar, nesse planeta de





pouca fineza literária, algum sentido.





5





….





5





Uma intensa melancolia levava-me ao abrigo dos franciscanos, uma dor





que eu sabia única. Toda formação de minha alma, na parte mais





profunda, era Bíblica. A leitura do Novo Testamento na juventude





pusera Jesus como ponto central da minha vida. Com Jesus, aprendi a





exercitar a solidariedade, a viver pensando também na vida futura,





além de não fazer questão também de coisas menores. A literatura





também estragara-me. Um homem com alguma nobreza e pagando um preço





caro por dar-se ao luxo de cultivar-se vivendo entre incautos, gente





bárbara que detesta cultos e cultura. A frase de Nieztsche em





Zaratustra levava-me ao mosteiro: “ Tivesse Cristo vivido mais alguns





anos, teria mudado sua doutrina”. Essa era a verdade que sentia agora





e doer-me a alma. Eu não concordava com o Deus que Cria. Tinha trinta





e cinco anos e um desprezo silencioso pela humanidade. Nos últimos





dois anos então, a despeito de minhas boas intenções e qualidades, não





achava nada. Nem amores, nem amigos, nem trabalhos. Não na proporção





que tornasse-me menos triste. Ainda por cima tinha a pobreza como uma





carga, o que tornava- me mais vulnerável e nu as gentes. Já tinha





sofrido todo tipo de maldade de meus próprios parentes. Lembrava o





olhar de desprezo de uma tia . Que tinha feito? E a ríspidez humana?





Qual era a finalidade? E a falta de interesse e amor ao criador?





A covardia? Olhava as pessoas jogadas no chão e perguntava-se: quem é





o responsável? Odiava a brutalidade. Tremia a cada ato de





deselegância. Da mais grosseira a mais sutil, sobre tudo a





deselegância o incomodava. È feia a raça humana, concluía. Chegava a





sentir laivos de desprezo por Deus, por criar tal massa de famintos.





Era um Deus mesmo que criava tudo? Com esses pensamentos íntimos,





6





6





bateu a grande porta do mosteiro. Um jovem Franciscano veio atendê-lo.





´´ Pois não, Senhor” “Procuro o Igor, o líder de Vocês.” “Ah, sim.





Pode entrar. Aproveita que estamos comemorando o aniversario de um dos





internos. Tomé.” J entrou e viu os franciscanos completamente





misturados ao pobres, mendigos, aleijados. Ficou impressionado com o





número de mutilados que viu: uns vinte. Todos homens. Um deles,





arrastando a cadeira, veio perguntar-lhe se queria uma fatia de bolo.





Aquilo o comoveu um pouco. Ao mesmo tempo ficou chocado com tanta





pobreza. Os banheiros eram coletivos e abertos. Foi vendo com Igor





outros internos. Havia em quase todos internos uma ferida, uma chaga





aberta. Muitos fumavam. J pensou que estaria aprendendo ali, naquele





lugar. “Igor, se importa de conversar comigo um pouco?” “Não, claro”.





“ Bem. Ouvi falar do trabalho de Voces , achei bonito, nobre, mas ando





com um questionamento profundo, uma angústia grande em relação a minha





fé. “ “Como assim?” “ Creio em Jesus. Mas não creio que o homem deva





ser salvo. Os homens são ruins. Não acho boa coisa salvar a





humanidade. Acho inútil. ” Igor olhou J de modo estranho... “ Você não





tem amor?” “Tenho. Esse é o problema. Não me falta amor. E aqui estou,





cheio de amor e sem nada, nem ninguém. Não aproveitaram meu amor. “





“Como dizia Francisco: o amor não é amado.” “Por que Voce faz esse





trabalho?” “Vocação, acho” “Pois é. Teve um tempo que até pensei em





ser padre, depois monge. Mas o mundo desviou-me. Hoje creio ainda na





mensagem, que Jesus é o Messias, mas não creio na salvação dos homens.





Eu não os salvaria. Igor, posso te pedir uma coisa? “ “Sim”. “Posso





dormir aqui?” Igor olhou em volta, pensou. “ Você não tem onde





dormir?” “Tenho. Mas não estou bem. Quero sentir essa experiência. “ J





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pensou na hesitação de Igor que até um mosteiro tem sua porção de





má-vontade. Será que ele vai mandar-me embora agora, alta noite? “Lá





em cima tem um saco de dormir sobrando. Boa noite.” J dirigiu-se a





parte superior do mosteiro, enquanto via aos poucos as luzes de baixo,





- onde ficava a maioria dos pobres e mutilados -, se apagando. Ali





estava ele, sem nada. Pedindo asilo aos pobres. Pensou abandonado





entre as cobertas se Deus não seria ou não queria apenas aquele





abandono, aquela pureza, aquela entrega ao nada infinito. Na manhã





seguinte, J olhou do parapeito do segundo andar e viu os monges





vestidos de Francisco misturados com os pobres, compondo um cenário





digno de idade média. Perguntou-se em que tempo se sentia. Ou estava.





Dirigiu-se ao refeitório, onde os cinco jovens monjes de não mais de





dezoito anos distribuíam-se nas tarefas. Igor já havia saído. Não era





santo nem pobre o suficiente para ficar. Levou dois monges ao ponto,





pagou a passagem de um deles e vinha olhando o mundo dos homens pela





janela. “Que tipo de soldado sem causa sou?” – ia pensando, enquanto





as paisagens sucediam-se entre prédios de concreto e fumaça negra.





19.10.2005





Inicialmente, Eu e Sara saíamos como amigos íntimos e falávamos muito





, ela me ligando até três vezes ao dia. Nos conhecemos através de uma





rede social no qual eu usava um codinome de Anjo e não havia minha





foto, apenas a do Anjo Roxo que “dizia se alimentar de prana”. Ela





estava na comunidade “Vivendo de Luz” e era, aparentemente, uma menina





grande e desengonçada, com um sorriso simpático e passou-me um





pensamento estranho que “ela nunca teria chance comigo”. Paguei caro





ter pensado isso. Pessoalmente, foi a mulher mais linda que já amei,





8





com seus imensos cabelos castanhos, seus um metro e setenta e quatro





de um corpo absolutamente perfeito, branco e róseo que conheci e





beijei , cada centímetro, perdendo totalmente o controle de mim como





nunca antes. Quando dei por mim, estava apaixonado e já não me bastava





mais nossa relação de “amiguinhos”. Pedi então ,numa noite depois de





ter muito refletido o dia inteiro, que ela não me procurasse mais, nem





por telefone. E, nessa mesma noite, tive um pesadelo estranho, sem





entender o enredo e não consegui dormir. Fiquei intrigado. Pior mesmo,





foi que ,no dia seguinte, e nos outros mais três dias após esse





pesadelo, onde eu me sentia sendo “sacudido” por forças estranhas e





invisíveis,





parei misteriosamente de comer. Ela não parou de ligar-me, embora





havia dito que iria respeitar minha vontade, mas não respeitou, e tive





que aceitar a ajuda que oferecia-me, quatro dias ou cinco depois, pois





já não conseguia mais sair da cama. “Quem mandou pedir o divórcio”? ,





Ela brincava. Dias depois, começamos a namorar e tivemos de início





aquela felicidade inevitável: três dias sem sair da cama fazendo amor,





dvds, pipoca, banho juntos que ela me convidou a tomar dizendo que





marido e mulher tinham que ter intimidade, massagens, sorrisos, beijo





no ponto de ônibus, saudades na hora da separação, planos de





casamento, madrugadas em claro ao telefone e mais as promessas que ela





me fazia de que iríamos ficar muito tempo juntos, que ela sentia





claramente isso, que nosso caso duraria anos. Evidente que aquela





idéia de ficar para sempre perto dela era a mais feliz para mim. Eu a





amava mais que minha vida e fiz dela meu pedacinho de Deus. Porém,





logo começaram as chamas do inferno entre nós...





9





Nessa busca em achar um caminho que fosse puro, que levasse-me de





verdade a manifestações do puro espírito de Deus, ingressei em várias





outras instituições e doutrinas, na esperança de formar uma síntese





iluminada de `O caminho" encontrar no "caminho". Meus estudos e





investigações levaram-me a descobrir uma corrente tradicional que não





pode ser maculada nem corrompida pelo elemento humano, pois é toda





guiada no Espírito Santo e sinais divinos; porém, como não tem sede





não é nada fácil, sequer, encontrar um membro da Tradição e fiquei





buscando durante anos um contato, além de pedir a Deus em minhas





preces. Anos de busca após, vi pelo google uma pessoa ligada ao





movimento comunhão e libertação da Igreja Católica disposta a dar





informações sobre o lado secreto e místico dos templários. Chamava-se





Miguel, da cidade de São José dos Campos, em São Paulo. Era professor





de cabala e palestrante. Deixava um email de contato e assim começamos





a conversar.





Na primeira vez que ficamos juntos como homem e mulher, ela chegou em





minha casa numa sexta feira a noite, com um vestido branco; por





telefone já tínhamos acertado que tentaríamos o romance. Ela





queixava-se do trânsito da Linha Vermelha e dizia que não gostava do





astral do Rio de Janeiro, não se habituava. "Deixa eu descansar um





pouco aqui no sofá", pediu depois de ir ao banheiro. Deitou-se e





fechou os olhos com a mão direita sobre a barriga. Alisei-a a mão e a





barriga lentamente e num impulso irresistível deflorando-me a timidez,





beijei-a ternamente, longamente, interminavelmente e podia sentir





10





anjos e mais anjos sendo libertados nas cidades celestes, eu com o





gosto da lingua dela, felicidade infinita que eu ia sugando e ela me





dava, entregue e submissa. Após, seus olhos brilhavam e era estranho





ver a menininha no corpo daquele mulherão de um metro e setenta e





tantos. Quantos tons tem o azul? São vários e vários, incontáveis.





Nossas peças intimas, porém, eram exatamente do mesmo tom de azul,





como se tivéssemos comprados juntos, combinadamente no céu, como





apaixonados gémeos do amor. E houve aquela hora em que sentados de





frente um para o outro e nus fizemos o mesmo gesto, ao mesmo tempo,





como num espelho sagrado e ambos coramos, desconcertados e mais nus





ainda, na alma. "Ah, não acredito, não pode ser.", dizia-me intrigada.





Até o domingo a noite, quando ela foi embora, estivemos mergulhados na





descoberta de que podíamos ser tudo na vida um do outro, menos um





acaso. "Alguém nos energizou e nos uniu para ficarmos juntos" , ela





dizia, ciente de que estávamos vivendo no mundo dos dogmas e dos





arquétipos universais





. A primeira tarefa que Miguel mandara-me fazer era liderar um grupo de





estudos ocultos e indicou-me um jovem de vinte e cinco anos, Flavio, e





uma mulher de dezenove,Cintia, sendo que com essa mulher o trabalho





sempre foi de conversas online. Já Flavio passara a vir em minha casa





as quintas-feiras, quando trabalhávamos durante uma hora ritual da





seguinte forma: abríamos os trabalhos com uma prece , acendíamos uma





vela, faziamos um relaxamento com música clássica e new age, estudo





do livro Meditações Dos Arcanos Maiores do Tarô (ed Paulus) e





comentários, estudo do Evangelho de João e partilha, novo relaxamento,





prece de encerramento e eu anotava tudo com data e hora numa espécie





11





de ata; depois, conversávamos sobre negócios, mulheres, jogávamos





cartas um para o outro. Acredito que subjetivamente aprendi muito com





esse trabalho e outras simultaneas que o Miguel passava-me. O





caminho da verdade e do poder do espírito está completamente fechado





as pessoas que não possuam qualidades para alcançá-las. Quem estudar





com cuidado o evangelho de João verá que o "espírito do mundo" não





pode conhecer a verdade. Depois que comecei o trabalho espiritual com





Miguel, percebi claramente que a porta da excelência é muito estreita,





pois exige a superação do humanismo. Os pretendentes a cavaleiros e





magos, e são milhões, ficariam muito frustrados, por exemplo, se fosse





dito a eles que teriam que praticar em seus lares por vinte minutos





diários, duas vezes ao dia, a Oração Centrante ou a Lectio Divina. Sem





amar a Deus, esse caminho é impossível de ser percorrido. Muitas





vezes, eu fiquei de intermediário entre candidatos que queriam





"conhecimento", porém todos se mostravam muito inteligentes,





"explicando" o universo; para ser de Deus digno, necessário se faz por





as coisas celestes como prioritárias, purificar e transformar a mente





e o espírito nas bases do ser; só após esse trabalho preliminar, de





trazer a vida espiritual para o centro da vida e deixar o mundo como





periferia





a dama do lago começa a aparecer; por isso, dizia que o reino dos





céus é das criancinhas o filho da Virgem.





A maneira como Sara era despudorada chegava a ser cândida. Deitada,





com os dedos na vagina ia me mostrando com um grande sorriso na face





sua intimidade, como seu eu nunca houvesse visto um orgão feminino





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antes, nem em desenho, ia ela falando... "Pequenos lábios, grandes





lábios" e eu pensando comigo num misto de ternura e compaixão, onde





que tinha entrado com a alma e o corpo. Ela parecia não se dar muito





conta de que não era minha primeira mulher. O que ocorre é que





tínhamos ambos uma intuição que topáramos com uma coisa nova tanto um





quanto outro. Pegava-me a mão para ver se lembrava subconscientemente





de alguma encarnação passada nossa, juntos ;ela especulava. Um dia,





teve uma hora que ela susurrou-me na cama, em meus ouvidos,





engatinhando até mim com aquela voz que deixava-me alucinado: “solta o





tigrinho”, e causou-me um grande impacto na alma, porque eu não





entendi direito na ocasião o que ela queria dizer e fiquei sentindo-me





uma criança de colo desmamada e desamparada, com minha alma sempre





dando reviravoltas de 360 graus com a vida que vinha dela para mim.





Eu, mais velho quinze anos , parecia a virgem da situação que ia





sendo pouco a pouco deflorada, uma flor aberta que ela comia





vorazmente com fome, sem piedade e eu me entregava ao sacrifício





dolorido mais feliz.





Comecei a aprofundar-me muito no Evangelho de João, onde descobri,





perplexo, que ali está dito tudo de um modo claro que Jesus é o mestre





do amor, que é regente do cosmos, e que é através do exercício do





mesmo que a humanidade se cura e passa de fato a ver a essência da





criação; O mestre também diz que aqueles que são nascido do espírito





são espírito e que seus discípulos seriam reconhecido por muito se





amarem e não por teorias, oratórias e formalidades que é o que mais se





vê em quase todas as religiões, muito mais do que o amor que ele pediu





que tivéssemos um pelo outro, os seres se perdem em doutrinas





13





intermináveis e fazem de tudo, menos amar seus semelhantes de verdade.





Nesse evangelho, fica claro que quem não tem amor as pessoas e as





coisas, o amor mesmo sem interesse como uma condição de alma é um





doente espiritual; para que tenhamos uma imagem clara do quanto a





humanidade está longe de estar no caminho da luz, basta observar como





os cães, porcos, gatos, patos e cavalos são infinitamente superiores





em afeto e o quanto dão de si se receberem o mínimo de cuidados. ..





Ela era vegetariana e eu a





chamava de minha predadora vegetal. Nossas refeições eram diferentes,





quando comiamos juntos. Enquanto eu ia de carré com fritas, ela abria





suas comidas que vinham embrulhadas em papel laminado que a mãe





preparava-lhe para sua semana. Eram verduras variadas geralmente





cobertas com maioenese ou creme de leite. Houve uma semana que ela





viajou para Além Paraiba, onde morava seus pais e trouxe-me sua comida





para mim. --"Vai te fazer bem". Meditavamos juntos e eu ensinava-lhe





os princípios e técnicas do budismo tibetano. Ela seguia um guru





oriental, uma dessas organizações espiritualista de ioga. Iniciei-a na





pratica dos quatro pensamentos que libertam a mente. Vai, Sara, fecha





os olhos. Agora pensa no sofrimento universal que tudo permeia, usa a





imaginação; em toda parte há sofrimento. Medita nisso. Alisava-lhe as





costas, incentivando-a; tinha por ela uma compaixão absoluta. Agora





medita sobre a impermanência, que tudo passa e veja a implicação disso





no seu dia a dia. Fecha os olhos. Agora abre. Medita sobre a





causalidade, o karma, a lei de causa e efeito. Isso, abre os olhos.





Agora por fim medita sobre a vantagem do nascimento humano e a





14





oportunidade que você tem de libertar a mente. Pássaros, jacarés,





insetos, não podem praticar. Medita nessa vantagem de sermos humanos.





Esses momentos espirituais com ela eram um verdadeiro paraíso para





mim, porque além de compartilhar meu ser secreto, tirava um pouco ela





das ambições e ilusões mundanas. Pensava comigo um certo estágio em





que eu queria deixá-la ao menos. Não consegui. Ela deixou-me antes.





Essa foi mais uma frustração que somou e jogou-me na escuridão. Ela





sabia que os conhecimentos que eu tinha eram valiosos, mas não os





tomava como sagrados. Esse ponto para ela, o sagrado, era muito





relativo no mundo de sua alma.





Uma das vezes que ela rompeu comigo, a primeira, lembro-me bem porque





ela disse-me que estava vazando e eu ironizei tanto sua





superficialidade quanto seu vocabulário. Também ela deixou lá em casa





sua grande havaiana quarenta e dois e como meu chinelo havia rompido





passei a usar o dela mesmo como um louco, quase obsessivo para tê-la





desse modo patético que fosse. Quantos dias ou meses fiquei alucinado,





escrevendo e chorando com meus amigos pessoais e da rede, tentando





entender o "vazamento" dela? No mesmo dia que ela “vazou” xinguei-a de





piranha e piranhona varias vezes e ela dizia-me, por telefone, isso





“desabafa.” “Desabafa.” Ele dizia que eu podia chamá-la de vagabunda





na cama, mas de piranha nunca, mas nesse dia eu queria atingi-la,





humilhá-la também, pois estava um lixo humano, completamente destruído





e fui beber para suportar o insuportável. Esse primeiro rompimento foi





causado porque eu vinha questionando seu comportamento superficial e





ambíguo, sua falta de atenção e o louco ciume que eu tinha dela,





15





pois tinha a impressão de que ela não faria esforço algum para ser-me





fiél e que gostava de exibir e seduzir com sua sexualidade, pouco se





importando com sentimentos. Uma vez durante a madrugada um de seus





outros pretendentes, um “rival”, ligou durante a madrugada, numa das





horas que eu estava no telefone com ela e ela pediu-me para desligar





porque havia prometido falar com ele. Eu fiquei entre perplexo e





surpreso. Não conhecia ainda as artimanhas femininas o suficiente. Ela





disse-me que ciumes era uma fraqueza, para eu trabalhar minha mente. O





fato é que aquela falta de comprometimento estava me jogando num





abismo emocional.





Um dia, em fins do ano 2006, depois de mais uma vez que ela terminara comigo, e dessa





vez não haveria mais volta, bebi o suficiente para perder a consciência da noite. Engraçado





que ao relembrar isso, tenho a sensação de que algo em mim morreu ali, claramente.





Compreendi que estava latente a minha destruição. Contudo, consegui chegar em casa e





dormir. Acordar, porém , foi difícil. Assim que levantei-me comecei passar muito mal. A





cabeça doía muito e sem saber o que fazer, liguei.


 



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