Depois de muitos anos de trabalho finalmente fiz jus a minha tão esperada aposentadoria. Concretizei um sonho e levei junto minha querida companheira desta árdua lida cotidiana. Com o dinheiro recebido logo após a saída da empresa, fomos, eu, minha esposa e um casal de amigos passear no exterior.
Conhecemos partes turísticas de Portugal, Espanha e duas cidades da França, Agay e Paris. Vou me ater ao passeio que fizemos na França e o porquê de escolhermos esta outra cidade para visitarmos, além da Cidade-Luz. Em Portugal e na Espanha nos comunicamos arranhando o português de Portugal e na Espanha o nosso pobre portunhol.
Logo que chegamos a Paris, contratamos um intérprete porque o francês que aprendi no científico nos deixaria perdidos e mortos de fome. Esse intérprete era muito simpático e falava o tempo todo sobre as belezas da cidade da qual ele era oriundo, Agay.
- Agay fica na Provença Alpes, na Cóte-d Azur, é uma cidade litorànea com belíssimas praias. Possui uma ilha com um pequeno farol, já que esta se situa bem próxima ao continente.
Quando ele destacou que "Nessa pequena, porém aconchegante, cidade existe um clube de nudismo", nossa curiosidade aflorou à pele. Pedimos licença e depois de confabularmos, resolvemos conhecer a cidade e o clube. O que nos deixou mais à vontade foi que lá ninguém nos conheceria e portanto não teríamos vergonha de ficarmos nus.
No clube havia todo tipo de pessoas, gordas, magérrimas, mulheres bonitas e outras nem tanto. Eu e meu amigo estávamos no céu com os pés na terra. Com nossas esposas nada comentávamos sobre as belezas das mulheres. Trocávamos palpites somente quando víamos casais mais feios que nós.
Nosso tradutor e cicerone contou-nos que uma cidade vizinha, Saint-Antonin-sur Baion, incitou a discórdia ao dizer que Agay significava cidade de gays e que por isso abriram o clube de nudismo. Não se sabe se Agay foi o nome escolhido por já existir a palavra inglesa ou o contrario, a palavra foi criada para homenagear a cidade.
Agay não ficou por baixo, com o perdão pelo trocadilho. Os habitantes passaram a inventar estórias sobre a tal cidade.
Primeiro foi que em Saint-Antonin-sur Baion existiu um homem chamado Antony Vianey, um baixinho, por este motivo apelidado de petit Antony Vianey, que era homossexual. Esse cara era um cozinheiro com excelente currículo em boa parte da França. Petit Antony Vianey teve um namorado por alguns anos. Seu amor, Mérer, contudo, era bissexual, e mantinha um namoro que terminaria em casamento se não houvesse acontecido uma tragédia.
No dia anterior ao enlace matrimonial, Antony convidou Mérer para visitá-lo, pois queria dar-lhe um presente de casamento. Mérer não titubeou, foi à casa de Antony. Esse pediu que ficasse nu sobre a cama, vendou-o e, com um canivete, desferiu-lhe cinco golpes, quatro próximos ao coração e o último cortou-lhe o pescoço.
Outra mentira, ou seria verdade, é que Joana D Arc tinha dois tios que moravam em Saint-Antonin-sur Baion e que os visitava frequentemente, até os seus doze anos de idade. Estes só tinham filhos homens. Joana brincava de bola, arco e flecha, estilingue e todos os brinquedos que só os meninos usavam. Joana andava sempre descalça e de calça curta. Foi daí que passou a gostar de lutar e volta e meia estava brigando com os primos e chegava toda suja e arranhada em casa.
Os moradores de Agay afirmam que o único homem de Saint-Antonin-sur Baion foi Joana D´Arc.
Eu me pergunto: Qual das duas cidades pode ser considerada mais homossexual?
Nota do autor: Ambas as cidades existem, mas esta é uma obra de ficção, portanto, acredite se quiser.
