LIÇÕES DOS CAMPOS E DAS QUADRAS
(Por Domingos Oliveira Medeiros)

Paciência, Senhor Presidente, digo eu. Mas é preciso um pouco mais. É necessário mostrar resultados. Ainda que parciais.

Neste final de semana, duas lições de sucesso: a seleção brasileira, mesmo sem realizar uma partida brilhante, impôs à equipe do México, até então invicta - e favorita para as semifinais da Copa da América -, uma goleada de 4 a 0; e a seleção brasileira masculina de vôlei conquistou, frente à poderosíssima equipe italiana, seu quarto título da Liga Mundial. Detalhe: jogando na casa do adversário.

Qual o segredo? Certamente, não terá sido a propaganda enganosa, o uso de metáforas e, muito menos, o artifício do marketing traiçoeiro, que aposta, nestes instantes, tão-somente, na emoção da camisa amarela, balançando ao vento, e ao som da bela execução do nosso poema maior, o Hino Nacional Brasileiro.

Há que haver muito mais do que apelos e promessas vazios de conteúdo. E a receita, para os bons resultados, passa, primeiramente, pelos sonhos a serem alcançados; e necessariamente, pelo amor ao Brasil e aos brasileiros.

Desse modo, a receita, passo a passo, vai sendo preparada. Preparada com os ingredientes da humildade, da honestidade de propósitos, da persistência em cumprir a estratégia para a consecução dos objetivos colimados, entre outros. Sem desviar os rumos e os recursos necessários e suficientes.

Primeiro, o preparo da massa, vale dizer, da equipe. Devolvendo-lhes o entusiasmo e a auto-confiança; depois, pelo treinamento e aperfeiçoamento técnico constantes e adequados; sem descuidar do corpo e da alma dos atletas. Garantindo-lhes todos os recursos necessários, em quadra, e fora dela, de modo a que os atletas possam planejar o futuro com total confiança e segurança nas autoridades e nas empresas e organizações patrocinadoras do evento.

Duas colheres de sopa de otimismo de boa qualidade; meia xícara de persistência, toda vez que a massa começar a perder volume. Um quilo de profissionalismo, misturado com um litro de disciplina, respeito e responsabilidade.

Untar o fundo da panela com o gosto pelo trabalho que realizam, salpicado, levemente, pelo sal equilibrado e competente do chefe da cozinha, o técnico consagrado pelos resultados obtidos. Colocar no forno, com temperatura igual a que emana dos gritos da torcida, e esperar por cerca de três partidas, até que todos os ingredientes estejam no ponto de cozimento ideal, aparentando, todos, a sua melhor forma.

Servir o prato com alegria, respeito aos adversários, e bom humor e união entre a equipe; e esperar pelos resultados. Somente então, comemorar mais esta vitória. Não prometer nada para o futuro, principalmente do tipo “esperar bolo crescer, para depois reparti-lo”.

Finalmente, procurar, sempre, melhorar a qualidade dos ingredientes, e variar a receita para o sucesso, a fim de que não sejamos pegos de surpresa, por algum cozinheiro mais atualizado.

19 de julho de 2004