Participe, ganhe um milhão
Um milhão de verdinhas
São nove situações recheadas
De tensões apaziguadas
Pelas bandas e os ursinhos
Pandas das adolescentes
Os aplausos sempre muito
Complacentes. E as entrevistas
Todas inter-gentes. Todo dia vc
Vê um engodo, um engano
A propaganda do detergente
Maravilhosamente cheiroso
No intervalo comercial Ahh!
A mulher feliz, maravilhada
Com o odor da última cagada
Tira a cara de dentro do sanitário
E zarolha de tanto embriagada
Com o aroma das essências
Aromáticas do produto, afirma
Que, realmente, há vida inteligente
Na madrugada. — Onde, onde está?
Pergunta a criança de dez anos ao
Pai. — A mãe responde: “Onde está
O quê, menino?” — Essa tal de
Inteligência na madrugada.
— É só propaganda do programa
Serginho! — Serginho sou eu.
— Ele também é Serginho.
— Pai, que é inteligência?
— QI, filho é intelecto, cabeça
Destreza mental, agudeza de
Espírito, troca de idéias que não
Sejam sobre o corte de cabelo ou
A nova cor dos pelos da madame
Presidencial. Inteligência parece
Não caber nos neurônios da atriz
Global com olhar vulgar de Barbie
Ou a longa conversa sobre as idéias
Do “shampoo” da modelo fatal.
Inteligência é saber “por quê”?
Há concentração excessiva de renda
E a turma do ministro Fulano Hadadd
Faz entrar pelos canos o salário dos
Decanos da educação nacional.
Inteligência é saber “por quê”?
Vivemos Num país de analfabetos
Virtuais, Morais, reais, funcionais
Globalizados. Que se contentam
Em viver em banho-Maria mental
— Inteligência, Serginho, é descobrir
O país todos os dias, questionar as
Histórias de mentirinhas contadas
Pelos políticos da Casa Grande que
Investem no país da Grande Senzala.
— Inteligência, filho, é saber que estamos
Há muito tempo demais, dormindo em
Berço esplêndido. A juventude se
Empoando, se interessando pelas
Descobertas cosméticas do cabeleireiro
Da Sinhazinha do Planalto. — Inteligência,
Criança, é saber que existem poucas
Diferenças entre o efeito dominó das
Ditaduras árabes em queda, e o efeito
Rococó das fronteiras despoliciadas pela
Política do “abre as portas para as drogas”
Da atual administração palaciana e
Parlamentar. — Inteligência, Serginho, é
Dialogar sobre essa realidade cada dia
Mais desvairada. Que nega o amanhã
Para seus filhos e netos, ao incrementar
O “jogo da náusea” de modo que seu
Futuro esteja animado e excitado pela
Política nacional da neurose, do pânico
Do medo, da violência, dos traumas.
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