Ver alguém que um dia foi ídolo de toda uma geração (me incluo nisso) acabar da forma que está acabando, trágica e bizarramente é algo muito triste, mas por outro lado nos oferece algumas reflexões ao assunto que é muito mais relevante e profundo que parece.
Michael Jackson na verdade é uma vitima de vários fatores, desde os fatores familiares de uma família mal estruturada até o resultado mais perverso do capitalismo exploratório e do show business que usou sua imagem a exaustão e que confundiu sua cabeça a respeito de sua sexualidade e seus valores.
Ele inocentemente representa tudo que há de pior na cultura americana, a tentativa de embranquecer e de se tornar uma eterna criança reflete bem o tamanho da deformidade de sua personalidade e o quão abandonado ele foi, as pessoas sempre o viram como uma oportunidade de lucros e nunca como um ser humano e isso deve ter sido muito doloroso para ele.
É o que de pior poderia acontecer com alguém, nunca pode assumir sua homossexualidade, pois isso afetaria os lucros de quem ganha com sua imagem e essa sensação de ser um produto e a falta de alguém que o alertasse dos seus erros e atitudes exageradas é que o tornaram esse ser bizarro, se ele tivesse alguém que realmente se importasse com ele nada disso teria acontecido.
Cresceu com vergonha do que era, apanhando do pai e sendo ridicularizado pela família, acabou sem ter identidade e foi se desconstruindo para tentar construir uma identidade própria que o desvinculasse de tudo que ele mais odiava e que o machucava, tentou ser uma nova pessoa com a ilusão que deixando de ser negro e narigudo estaria também abandonando uma condição de que não gostava, com dinheiro e com pessoas que nunca se importaram com ele realmente deformou seu rosto e sua personalidade.
Michael Jackson agora serve de alerta para tomarmos cuidado com a sociedade de consumo em que estamos inseridos, onde somos apenas números e possibilidades de lucros crescentes, onde a cooperação entre as pessoas tem sido substituída pela competição, onde nossos filhos são criados pela televisão, pelos videogames e não mais por nós mesmos e pela escola,abramos os olhos para esse mundo que criou uma industria e uma sensação que o luxo e o conforto são essenciais para a felicidade, uma geração de pessoas sem limites e que não reconhecem a dor como parte de seu crescimento pessoal.
Michael Jackson foi o ícone da geração de 80, influenciou a música e a cultura mundial com seu trabalho, aliás, Michael foi um novo Fred Astaire e certamente um dos maiores dançarinos de todos os tempos, ajudou os EUA a popularizar sua cultura através do globo, nos divertiu com seu “Moonwalker” e seu “Thriler”, arrastou multidões (eu me incluo nisso) aos seus shows com uma orgia de deleites visuais, sensoriais e musicais, uniu em torno de si o USA for África com uma constelação de astros jamais vista, uma coisa que só ele poderia fazer, em prol da fome na África e isso nada nem ninguém pode tirar dele.
Infelizmente isso tudo contrasta com as acusações de pedofilia que pesam contra ele, as recentes entrevistas que ele concedeu mostrando o seu lado estranho e gastador, sua megalomania e seu espírito Peter Pan fazem dele uma figura muito triste e desajustada, mas se ele é realmente culpado do que dizem, se realmente abusou de crianças deve ser condenado e pagar pelo que fez, talvez dessa forma ele consiga ver o mundo de uma outra forma, quem sabe Michel precise ir ao fundo do poço para renascer novamente e encontre a paz e o equilíbrio que todos nós precisamos.
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