Passava da meia-noite quando "subiram" com minha esposa para a maternidade. Sentimentos conflitantes assolavam-me. De um lado, a preocupação com o parto iminente, outro nosso e todos normais, e, do outro lado, a preocupação com os outros três filhos, deixados em casa aos cuidados de um amigo, adolescente.
A enfermeira intimou-me a sair, alegando que minha presença em nada influiria nos acontecimentos a desenrolar. Temei em permanecer. Ela resignou-se e deixou-me em paz.
O tempo passava, arrastando-se, enquanto o sono e a fome se faziam sentir.
Olhei o relógio, que marcava, então, duas horas da manhã, do dia 05 de maio de 1999. Resolvi procurar algum alimento.
Na portaria pedi ao "segurança" para permitir minha saída por alguns minutos, somente o tempo de "um cafezinho". Ele assentiu.
Sai, fiz um lanche rápido e voltei. Gastei quinze minutos. Mas o "segurança" não me deixou entrar.
Desdobrei-me em justificativas e súplicas em vão.
Convenci-o, contudo, a contatar a maternidade, em busca de notícias.
Fui informado que meu quarto filho, um homem, havia nascido às duas horas e cinco minutos, e que tudo estava indo bem.
Repreendi-me por isso.
Voltei célere para casa, a tempo de dispensar o amigo que fazia as vezes de "babá", e cuidar dos outros filhos, até o retorno da mãe.
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