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cronicas-->O Motorista da 151 -- 12/05/2006 - 16:39 (Nezinho Costa) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Na primeira vez chovia muito. Passava das 22 horas e, além do trànsito estar péssimo, a situação do asfalto não deixava por menos. Numa conversão à direita, e logo após uma baixada esburacada e cheia d´água, alguém, na rua, fez sinal de parada. Ali não era ponto, mas o motorista parou o ónibus bem no meio dos buracos cheios d´água, tendo o cuidado de aproximar-se o máximo do meio-fio. O pseudo passageiro fez sinal para que a porta da frente do ónibus fosse aberta e, satisfeito o seu pedido, aproximou-se. Queria apenas uma informação, logo afastou-se.
O motorista deu-lhe a informação pedida, e sem qualquer alteração no semblante fechou a porta e arrancou com o ónibus.
A segunda vez foi no dia seguinte. Cerca de 9 horas da manhã, o ónibus aproximava-se de um ponto existente na Praça de Esportes, quando uma velhinha, das pernas cambotas e amparando-se em uma bengala, saiu atropeladamente de um supermercado, acenando desesperada para o ónibus. O motorista encostou no passeio com uma quinada do volante, e abrindo a porta do ónibus esperou. Quase 5 minutos. Tempo insuportável para se ficar dentro de um ónibus parado. A velhinha, após o ónibus parar, voltou caxingando para o interior do supermercado, onde terminou suas compras: um pente de ovos. E então, tranquilamente dirigiu-se ao ónibus, entrando, sentando-se e agradecendo ao motorista.
Se alguém não gostou da atitude do motorista guardou para si sua insatisfação.
A terceira vez foi no dia subsequente, no mesmo horário da segunda e no mesmo ponto. Como havia outros ónibus parados ali, impedindo a aproximação do 151, o motorista parou em fila dupla. Os passageiros que o aguardavam perceberam a manobra e acorreram ao ónibus, dentre os quais três senhoras, com idades entre 50 e 70 anos, contudo trajando vestes jovens, bermudas de cotton e camisas de malha estampada, rindo e agindo como adolescentes. Entraram no ónibus tagarelando entre si, animadamente, e sentaram-se nos bancos que lhes foram cedidos por outros passageiros.
Arrancando o ónibus o motorista contornou a praça, seguindo seu itinerário rumo ao Parque do Sapucaia, quando aquelas três senhoras ergueram-se de seus bancos e gritaram para que o motorista parasse. Esse, pego de surpresa, encostou e parou, abrindo a porta. Aquelas senhoras desceram, não sem antes insultarem o motorista que, indignado, esbravejou em alto e bom e som:- Se vocês falassem menos da vida dos outros prestariam mais atenção à sua volta e não pegariam o ónibus errado!
Elas o fulminaram com o olhar. Ele, pelo retrovisor interno, olhou para os outros passageiros. Todos sérios. Quando seu olhar se cruzou com o meu eu lhe sorri, divertido, e o vi distender a musculatura e liberar a tensão.
Não é raro encontrar motoristas mal-humorados no transporte coletivo de Montes Claros. Raro mesmo é encontrar um que possua paciência, como o da 151.
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