DESESPERO MUDO
Francisco Miguel de Moura*
Não crer em si, advindo do espelho,
ou na sombra marcada ao sol-setembro,
pés pisando o tapete e a primavera...
O caminho perdido, homem sem curva.
O espelho não diz nada – eis o macaco
que para ti deixou a graça triste.
O celular não fala. “Deixe sua mensagem”,
Diz a máquina selvagem, seca e fria..
Homem sem fala, um bicho sem jeito,
sem voz , sem expressão de ser.
Miar, latir, brincar com cães e gatos...
Não! O corpo tem pele e tem apelo.
A língua, o ventre e a cabeça, garras
que esbugalham os olhos sem prazer.
Como gozar teu dia, antes da gesta,
Antes da noite que já vem-não-vem?.
Vais choras lágrimas de penetra?
Amar as coisas todas e, além delas,
Teu deus, teu santo – símbolos de graça,
com o aceso espírito, enquanto,
se não fores um, lês os poetas.
Ou o tempo passará, perde-se o grito,
e ninguém te ouvirá.profeta.
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*Francisco Miguel de Moura, poeta do Brasil, mora em Teresina – PI. Membro da Academia Piauiense de Letras e da IWA – International Writers and Artists Association, com sede em Toledo, OH, Estados Unidos.
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