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cronicas-->Clodoaldo Reis -- 29/04/2006 - 19:52 (Paulo Maciel) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Clodaldo Reis



Posso estar errado, mas acredito que Clodoaldo Reis foi o gerente do banco mais apreciado por Dr. Miguel Calmon, aquele por quem ele tinha grande afeição pessoal, uma relação especial.
Clodoaldo foi trabalhar no Banco Económico em 1943, ainda muito jovem, um guri de dezesseis anos, em São Felix, terra onde nascera, chamado pelo gerente Adhemar Meirelles, um funcionário da Matriz que viera instalar a segunda agência do interior da Bahia.
O quadro de pessoal da agência era de seis funcionários e o gerente exercia também o cargo de caixa, como era comum naquela época.
Órfão de pai, que morreu quando ele tinha dois anos de idade, logo depois da segunda grande guerra conseguiu transferência para a Matriz, acompanhando a mãe que veio morar em Salvador.
Já então era um auxiliar de escritório, responsável pela carteira de Hipotecas e, como todos os empregados e diretores do banco trabalhava numa das alas térreas do majestoso edifício que o banco inaugurara em 1929, na praça da Inglaterra Os outros três andares do lado oeste do prédio e toda a área da parte leste, mais de quatro mil metros quadros de área estavam vazios ou alugados.
Ele lembra que os dois diretores principais, Dr. Miguel Calmon e Dr. Eugênio Teixeira Leal, davam expediente completo, ou seja, cumpriam jornada de oito horas diárias. Dr. Eugênio era o gerente da agência. Mesmo depois das dezoito horas, nenhum funcionário deixava o banco se os diretores não tivessem saído. As coisas eram bem diferentes naquele tempo!
Era consenso no banco que se algum funcionário desejasse crescer tinha que ir para o interior. As oportunidades de carreira estavam lá!
Em 1949 Dr. Miguel Calmon chamou-o à sua carteira e lhe ofereceu a chance de ser nomeado chefe de Escritório em alguma agência. Em primeiro lugar e como grande consideração, mencionou São Felix, sua terra, que ele recusou dizendo que morara ali por muitos anos. Alem dessa podia escolher entre Santo Amaro e Feira de Santana.
Não pensou duas vezes: foi morar em Feira, que já era a melhor cidade do interior.
Dois anos depois foi mandado para Itabuna, cujos serviços estavam desorganizados, a contabilidade atrasada.
Ficou em Itabuna, trabalhando no banco até o fim da carreira, a ponto de muita gente achar que ele é grapiúna.
Uma das recomendações que recebeu do presidente do banco, Dr. Miguel Calmon, foi a de "segurar" Mário Padre, um homem arrojado, idealista, que às vezes ia além da conta. Missão difícil, pois Mário era também muito independente. Mas, suas relações com ele, que possuía vocação política, de homem público, sempre foram muito boas.
Em 1956, com a saída de Mário Padre do banco ele, afinal, assumiu a gerência de Itabuna e nela permaneceu durante uns vinte anos.
Foi nesse período que conviveu bastante com Dr. Miguel, que visitava a cidade praticamente todo ano, que lhe mandava cartas e bilhetes, que o convocava para reuniões em Salvador, que jantava com ele em sua bela casa em Itabuna depois que ele, finalmente, casou-se.
Clodoaldo foi um dos melhores gerentes do banco daquele período embora não tivesse aquilo que modernamente se convencionou chamar de "pefil de vendedor". Era muito discreto, reservado, de fala mansa, um tanto tímido e... solteiro.
Mas adquirira na cidade um alto conceito de homem sério, cumpridor da palavra, bondoso, de confiança, que não negava fogo quando se precisava dele. Atendia a todos na gerência do banco sem discriminar ninguém e dispunha de enorme autoridade para decidir sobre crédito.
Durante muitos anos Itabuna foi a agência campeã de lucro e a de maior nível de depósitos, o que lhe valia elevadas gratificações semestrais, pois o banco havia criado um generoso sistema de remuneração variável.
Apesar do grande risco que o volume de negócios propiciado pela comercialização do cacau envolvia, a liquidez de sua agência era muito boa e ele não se recorda de haver registrado qualquer prejuízo significativo nos vinte anos em que exerceu a gerência.
Foi com ele que Dr. Miguel contou para adquirir as duas roças de cacau que ficavam do outro lado do rio, em frente à cidade, onde se construiu um loteamento ("Góis Calmon") a fim de permitir que se criasse um novo bairro residencial em Itabuna.
Como houvesse resistência da população em comprar os lotes, o banco também construiu uma ponte sobre o rio e pressionou Clodoaldo a adquirir o primeiro e plantar ali sua bela casa, um projeto de Diógenes Rebouças, com financiamento que lhe concedeu, antes mesmo de seu casamento...
Quando Dr. Miguel Calmon decidiu entrar na política e disputar uma cadeira de deputado federal, uma iniciativa de que muito se arrependeu, Clodoaldo, com sua ação pessoal e de alguns amigos, inclusive funcionários da agência, e sem gastar nada, conseguiu que ele recebesse mais de mil e quatrocentos votos no município.
Depois da morte do chefe e amigo presidente do banco ele se desiludiu dos novos tempos e, no início dos anos setenta, encerrou sua brilhante carreira na instituição a que dedicou suas energias e seu amor.
Salvador, 27/04/06


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