Pois outro dia e recebi um presente de minha sogra. Tratou-se do livro "Breve história de quase tudo - Bill Bryson - Companhia das Letras". A escolha foi minha, devo confessar. Mais uma prova de que sogras podem ser boas, a minha em especial, pelo que espero continuar usufruindo de sua generosidade. Não posso negar que eu preferiria um apartamento com vista para o mar ou algum lançamento automotivo, mas ultimamente, perdoem a indiscrição, ela está por assim dizer, meio sem caixa. Quem sabe mais adiante quando o INSS atualizar sua aposentadoria ou, nunca descarte, ganhar algum prêmio de loteria. O primeiro parece impossível e o segundo de fato é, uma vez que ela não joga.
Sendo assim, o livro está de bom tamanho pelo que agradeço de público.
Do início dos tempos até os dias de hoje o autor vai comentando as descobertas científicas. Leitura meio chata, devo confessar, sem demérito para o autor. São 484 páginas de texto e muitas outras de referências. Apesar de monótona o livro fornece inúmeras informações que podem ser úteis em rodas de conversa em coquetéis, esgotadas as piadas, a discussão da rodada do campeonato da moda e, dependendo da composição da roda, das mulheres da moda ou as alheias mais próximas.
O livro também fornece inúmeras opções para cronistas sem assunto e chatos em geral. Por certo servirá para contar histórias aos netos, com longas descrições dos animais do período cambriano. Vale comentar também que Darwin dedicou mais tempo à s minhocas do que à sua célebre teoria. Não se preocupe, não vou contar o fim da história, quando mais não seja porque ela ainda não terminou. Para minha surpresa, o livro apresenta logo no começo a boa e velha tabela periódica dos elementos, coisa que já via há incontáveis anos. Sempre é bom rever os amigos, melhor dizer conhecidos.
Mas, se você está achando que eu não gostei, enganou-se. Gostei muito e penso, ser-me-á muito útil.
Algumas coisas chamam à atenção. A primeira é a de que pouco sabemos sobre nosso planeta e o que nele há. Fiquei pasmo ao tomar conhecimento que certas questões só foram resolvidas há muito pouco tempo. Não me refiro à s questões tecnológicas, estas de uma ou outra forma eu venho acompanhando, mas a coisas como a composição da terra, classificação dos animais, entre outras. A outra, não é propriamente uma novidade, refere-se à vaidade exacerbada de muitos cientistas. Humanos que são também sofrem deste mal numa intensidade só comparável a dos políticos.
Vale comentar ainda as referências ao trabalho incansável de muitos cientistas que passaram a vida dedicados a temas extremamente particulares, perdidos em análises e cálculos difíceis para a época em que viveram. Lembro do caso de um cientista do Museu de História Natural de Londres que teria passado décadas estudando um certo tipo muito particular de palmeira. Deve ter dormido muito sobre a tal palmeira. Se eles ao menos soubessem que um dia contariam com computadores que permitiriam fazer seu trabalho como maior facilidade e precisão, poderiam escolher outros temas para ocupar seus talentos.
Bem, não penso que alguém deva sair correndo a comprar o tal livro, mas ele pode ser considerado como uma alternativa, devendo-se ter sempre em conta que este é um livro que deve ser lido devagar, com a paciência dos muitos cientistas por ele citados.
Boa leitura e reiterados agradecimentos à minha sogra.
