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Poesias-->Ai de Voz! -- 13/01/2011 - 06:24 (Marluci Ribeiro de Oliveira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos



A voz


É minha foz


E minha fonte


De onde jorra


Meu encanto


E meu sustento.





O som da minha fronte


Que me leva adiante


E sustém, entrementes,


Cada tom, nota a nota.





O diferencial que nem se nota


Em meio ao vozerio ambiente.


Mas sobressai ao microfone,


Quando se amplifica, ambivalente.





Cicia. Balbucia. Divaga.


Soa meio doce, meio amarga.


Silente, extravasa.


Corta distâncias. Invade casas.


É o dial do alento


E da desgraça.





Minha voz me diferencia


E me guarda.


Antecede minha figura,


Mas sempre à retaguarda,


Serve à mensagem sem firula


Na ânsia do senso


Ao qual se entrega.





Nas ondas sonoras


Surfa e navega.


Vai de manso,


Sem pressa,


Rumo ao seu destino.


À mercê do meu capricho,


Se solta ou se detém,


Sem descanso.





Faço dela o meu remanso


E o meu retrato.


Meu patuá


Secreto e franco.


Mas também me calo.


E nesse espaço


De silêncio


Falo tanto!


E, assim, pra meu espanto,


Encharco lares,


Invado cantos.


Dou recados.





Faço da voz


O meu pecado


E acalanto.


Porque dela sou escrava


Sem recato.


Recebo-a sempre em meu regaço,


Como eflúvio inevitável.


Corro, lesta, em seu encalço,


Seguindo seus passos...





Mas ela foge, à frente de tudo,


E se esvai ligeira, em seu compasso.


Por isso mesmo às vezes emudeço


E fecho então minhas comportas.


Mas ela irrompe todas as portas


E vence distâncias quando morta,


Depois de sobreviver ao meu empeço.





Por ela tenho preço.


Por ela pago.


Minha voz é meu endereço


E meu jazigo.


Um bem que afago


Qual amigo.


Um tipo de extensão


Do meu umbigo.


Um alto-falante


Que abrigo


No seio de minhas conquistas


Mais recônditas.





Sou escrava da voz


Que eu liberto


Diante do microfone


Aberto,


Trancada numa sala


De espuma.





Vivo do sonho


E dele me alimento


Na imortalidade de um segundo.


Sou produto do momento,


Filha do mundo.


Perdida na ionosfera.


Vocifero meu destino


A cada dia.


Numa frequência


De outra esfera.


Sobrevivo do som e da espera.


Na eterna sequência


De notícia e hora certa.


Por isso mesmo


Sempre alerta


Ao apagar das luzes


Da ribalta,


Pois minha voz se calará


Um dia,


Reverberando, alta,


Em outras plagas,


Rumo ao desconhecido.


Em seu trajeto mais bonito


- Livre de claves e do atrito -,


Pronta pro voo no infinito


Que trazemos inserto em nós.


Calando, finalmente,


Nesse instante,


O sopro divino


Chamado voz.





PS.: Poema composto por ocasião da posse no Senado Federal, no cargo de Técnico Legislativo/Técnico em Locução.



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