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cronicas-->Conversando com o inanimado -- 21/04/2006 - 08:49 (AROLDO A MEDEIROS) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Conversando com o inanimado

Inanimado segundo Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, o tio da Banda, significa sem ànimo; morto ou que não tem vivacidade, animação. Procuraremos nos ater a objetos e animais, mesmo sabendo que este último é um ser animado
Roberto Soares de Oliveira um sujeito simples como o seu próprio nome, tinha todos os parafusos na cabeça bem apertados, ou seja não era maluco. Pelo menos as pessoas que não tinham um contato mais próximo com ele , achavam-no um cara normal. Eu, porém, tenho lá as minhas ressalvas, pois vi o sujeito fazer coisas pra lá de estranhas.
Sua esposa tem num canto da sala um João-Bobo. Todos que passam pelo boneco de plástico dão-lhe um tapa na cabeça para vê-lo balançar. Roberto vem atrás, e com o semblante demonstrando pena segura o cai-cai, acaricia-o e pede desculpas pela pessoa.
Até aí tudo bem, só que tem mais. Na duplicação da auto-estrada os bonecos de madeira que substituem os homens na sinalização de perigo, tem em sua mão uma bandeirola de pano encarnado, roto, a balançar ao vento. Roberto quando encontra acena para esses bonecos com a maior naturalidade.
Quem não escapa de seus afagos e bate-papos é seu cachorrinho de estimação. Até parece que o cão entende o que ele fala,pois Roberto perde bastante tempo na conversa com o animal contando-lhe suas tristezas e alegrias. Não há um dia que ele não saia sem antes se despedir do Omelete, nome dado haja vista pintou o coitado de amarelo. Ele a todos que encontra distribui sorrisos, mas é um sorriso apavorante. Sua esposa porém, apaixonada, vê nele, um sorriso conquistador. Pobre dela, deve ter falta de vista e não procura médico. Eu, um pouco mais complacente, o vejo com um sorriso grego. É um sorriso enigmático, que às vezes me apavora e em outras vezes sinto carinho e pena dele.
Se indagado porque ele fala com os objetos imóveis, ele diz que por mais estático que seja o ser, esse precisa de carinho, compreensão e amor.
Ele de vez em quando mira-se no espelho e conversa, discute, ri com a maior naturalidade.
Só tem uma coisa que nós dois fazemos igual. Toda vez que começa ou termina o jornal televisivo, respondemos simpaticamente: Boa noite!
Se não fosse casado, provavelmente Roberto teria em sua cama uma boneca inflável.
Sai de mim, coisa do outro mundo.
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