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Cartas-->Ao João Pecci -- 01/10/2001 - 19:01 (maria da graça almeida) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Depois de ler João Pecci, não houve jeito, o jeito foi me apaixonar pelo seu jeito gostoso de dizer.


Aí, o sentir fez-se pouco! A constatação do sentimento pediu, assim,

um registro material, em papel etc, mas apenas isso não me bastou.


Se a emoção, por ser muda, faz-se indescritível, o papel, enquanto palpável, é altamente perecível.

Então, a opção foi o ar, que, mesmo leve e tênue, é abrangente, é infinito!


João,

O livro Minha profissão é andar foi o que até hoje mais rapidamente li.

A sôfrega corrida através da leitura concedia-me a sensação de acelerar-lhe a recuperação.

Quisera dela um desfecho comum, feito o comum desfecho dos contos de fadas:

e desse dia em diante João voltou para sempre às pernas sadias dos vinte e poucos anos.

Páginas lidas, ansiosa fui descobrindo-lhe a bravura pacífica da luta

contra a imobilidade. Os incansáveis exercícios, tão precisamente descritos,

davam-me a impressão de uma prática esportiva, na qual tentava superar os próprios recordes!

Impressionou-me sua exultação diante das primeiras "passadas" ou braçadas

que reconquistavam espaços, numa dolorosa atividade...que fingia recreativa.

A paralisia não poderia vir para qualquer outro homem.

Ninguém mais poderia suportá-la tão digna e corajosamente.

Que figura benfazeja brotava-lhe quando o desânimo tentava falar mais alto.

Dialogando, num sábio monólogo, nascia-lhe Joca, que com a função de revitalizar-lhe as esperanças,

rebatia com vigor sua descrença pelos instrumentos da cotidiana e imprescindível tortura.

O livro é uma revelação a cada linha, um alento a cada letra, onde a nobreza espiritual

- mesmo nas andanças por tortuosos caminhos- nem sequer lhe permitiu que o usasse como arma de denúncia

contra aqueles que tampouco se rejubilam diante do privilégio e da dadivosa mobilidade natural.

João, não sei quem hoje guia seus passos: se a força inquebrantável de um anjo, um homem, um mito,

se a paixão da "namorada" e pela "namorada", a doçura do olhar de Marina,

a abnegação e o amor dos pais ou, o abraço amigo do irmão.

Talvez de tudo um pouco... ou... muito de tudo...ou... tudo de tudo.

Minha admiração, ainda agora maior reverencia sua prosa poética, que consegue

extrair versos de uma guia rebaixada, uma rua em declive ou, de pedras nas calçadas.

Cantar as belezas da vida é fácil demais, dizer dos mistérios da lua, ainda tão mais!

Difícil é deixar o verso brotar em rudes caminhos, fazendo pintar nas cores da rosa, a dor do espinho!



Maria da Graça Almeida
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