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Poesias-->CHEGAR AOS OITENTA -- 31/12/2010 - 20:52 (Délcio Vieira Salomon) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
CHEGAR AOS OITENTA



Délcio Vieira Salomon





volto pelos caminhos

à procura de mim

Drummond – (Solilóquio da renúncia)



Aos oitenta

não tenho a cara lúdica dos oito

nem a sisuda dos quarenta.

Mas honestamente confesso:

- sou o mesmo.

Este o mistério da vida

que só a dialética

consegue explicar.

Cresci, amadureci, envelheci.

Mas dentro de mim

há a mesma criança

com muito cuidado conservada.

Sei: não sou mais aquele moleque

da Rua Diamantina

da década de trinta

em Beagá.

Sinto, porém,

que a criança que fui,

ainda que superada,

ainda que apagada,

jamais anulada

existe em meu modo de ser.

Olhos vivos

sempre pra frente

na inquietude

que não lhe concede

olhar o passado

para se lamentar

e, qual Terezinha de Lisieux

(por coincidência

nascida no mesmo dia

em que vim ao mundo),

quer tudo abraçar.

Sim, esta criança

ainda permanece em mim

a despertar no velho

lições de esperança.

O tempo não permite

reduzir o que vivi

ao nada.

Antes pelo contrário

aquele tempo

é eterno presente

em contínua renovação.

Este o legado

que aos oitenta

a vida me traz.

Tal como César

cruzei meu Rubicão particular,

para deixar aos filhos

e aos netos

a mesma mensagem

da travessia:

Vim, vi e venci.

Vim, porque aqui cheguei

com o mesmo entusiasmo

da partida.

Vi, porque a vida me concedeu

enxergar diferente o mundo

e tornar a visão da experiência

em sabedoria.

Afinal não posso me queixar.

Tudo de bom a própria vida me proporcionou.

E venci, porque não me abateram

as perdas e os infortúnios,

justo por ver constantemente

diante de mim

a ditosa imagem de todos

a quem muito quero.

Particularmente daquela

que o amor

tornou a mãe

de meus filhos,

e, sobretudo,

desta mulher

que hoje acendradamente

amo.

Jamais desatei os laços

a me prender às pessoas

que circulavam no comércio afetivo

da constelação familiar.

Mãe, sempre atenta e generosa,

como não te lembrar?

Pai, o destino quis que morresses

antes de te conhecer.

Mesmo assim

em minhas lembranças

vivo sempre estás.

Irmãos, avós, tios, sobrinhos,

- muitos já foram

poucos ainda restam -

a todos os guardo

no sacrário do coração.

Sem esquecer os amigos

aos quais tanto devo ...

e quanto!

Chegar aos oitenta

sei, a poucos é dado.

E se hoje tenho

este privilégio

merece ser comemorado.







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