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Cartas-->Para uma amiga em conflito - QUEM SABE? -- 21/11/2003 - 22:26 (Lílian Maial) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Quem sabe?
por Lílian Maial


Não acredito em aclive e declive para a sexualidade, o encantamento pela vida, o desabrochar. Tudo isso está sempre emergente, brotando a cada dia, a cada minuto que se queira, que se preste atenção no que importa.
E o que importa? Quem faz o marco? Quem diz que "deveriam estar em declínio"?
Eu veementemente me recuso, me nego a aposentar a vida, o coração, o corpo!
Antes aposentar a sociedade e toda a hipocrisia subcutânea.
Para baixo do tapete com o falso-moralismo, com a condenação do prazer, com a inveja do gozo!
Eu gozo, e gozo muito! E gozo escandalosamente.
Como as flores ao abrirem suas pétalas e acenarem com o pólen às abelhas e beija-flores. Como a cascata ao despencar lá de cima e se estatelar em espuma cá embaixo.
Como o trovão e o relâmpago, urrando a felicidade de ser chuva.
Como a estrela cadente, pedaço de qualquer coisa astral, sonho de poeta.
Como só os animais livres são capazes de ser.
Livre! Eu quero ser livre! Livre de tudo que é prisão.
Que venha o amor, a genitalidade, a espiritualidade, a loucura, a inconseqüência, a maturidade e a adolescência, que convivem no memso tempo e espaço na dimensão de cada minuto de vida.
Eu quero almoços de Domingo, festas de aniversário, pequenas implicâncias, broncas, trabalho, aspirina, café demais, olhares demais, glamour demais, prazer demais.
Vamos sim dançar coladinho e separadinho também, ouvir murmúrios de amor baixinho e, porque não, aos gritos.
Nada de escassas emoções. A vida me reserva futuro e me dá presente!
E essa inquietude é a dor de saber. É a diferença entre o querer e o temer. É o medo. O medo de perder esse gozo contínuo, esse orgasmo de vida, que transborda a cada respiração.

Não há erros do passado. Há caminhos diferentes. Contornos da estrada, atalhos ou caminhos mais longos, mas todos levam a Roma que, ao inverso, é AMOR.

Como pode haver fracasso na poesia? E como resistir ao maior e mais belo de todos os poemas: VOCÊ?

Se tivesse casado mais velha, seria infeliz por ter sido solteirona.
Se tivesse transado com o Miguel, poderia ter pego herpes.
Se tivesse feito faculdade de Direito, não escreveria tão bem quanto hoje.

Começamos a fumar por burrice... ninguém é perfeito.
Se tivesse ido morar no exterior, não conheceria essa grande amiga.
É, criatura, tudo tem seu jeito de ter jeito. E ainda vou te dar um jeito.

Arrependimento não existe no dicionário de quem vive, de quem tem capacidade de amar e lutar, dar a volta por cima. Haja poeira! (e não teria a menor graça se tudo fosse linear)
Nossa, e como vale a PENA!!!

Não se trata de perder amizade, solidariedade, companheirismo de anos de convivência. Trata-se de emoção. A vida a dois vai perdendo terreno para a acomodação.
Há necessidade de desejo, de fogo, de inquietude. Tudo isso é vida.
Essa angústia, essa dicotomia, surge do eterno medo do escuro.
Ninguém nasceu pra ser sozinho. Ninguém quer perder.
Tranqüilidade? Segurança? Como viver só e mais velha?
E se ficar doente, quem há de cuidar? Não é isso? Trocar o certo pelo duvidoso?
É humano pensar em si mesmo em algum momento.
Depois de tanto pensar em todos, resta-nos a solidão do chuveiro, do banheiro, do travesseiro, e a impressão magoada de trair a confiança do outro. Afinal, ficar por amizade e medo do futuro, não deixa de ser um egoísmo aceitável socialmente. O previsível.
E onde encaixar o imprevisível? Quais as alternativas?
Você sabe. Você sempre soube, só não quer ver.
Acorda, mulher! Hoje é o dia seguinte de ontem. Pois é, e ainda tem amanhã...


21 de novembro de 2003

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