Trabalhei durante a noite toda e pela manhã, quando retornava para casa pedalando a minha bicicleta e sentindo meu corpo e minha mente cansada, eu presenciei algo que fez com que começasse a pensar, com amargura e desespero, nesta vida que nós vivemos.
Vi um karaçu (no Brasil esse pássaro negro é chamado de corvo) no meio da rua comendo algo com o seu bico. Era um gato morto que estava lá e a ave rasgava as entranhas do animal, que fora atropelado, e saboreava aquela carne esmagada.
Não foi somente nojo o sentimento que me atingiu naquele momento. Fiquei abismado com aquilo que via e pensando: “Isso é a natureza criada por Deus, mas por que Ele a fez assim”.
Não encontrei desculpa ou explicação para aquilo, nem mesmo ao dizer para mim mesmo que aquele animal era um ser não inteligente e que aquela era uma lei de sobrevivência.
O mesmo Criador que deu vida para aquele animal nos fez seres inteligentes, cheios de sabedoria, com sentimentos e alma.
Então me perguntei no que somos na verdade tão diferentes daquele pobre karaçu que devorava aquela carne podre naquele momento?
Como aquele pássaro nojento nós homens somos abutres e nos alimentamos da carne destroçada nas guerras que fomentamos. Carregamos a culpa de existir a fome entre a humanidade, não enxugamos as lágrimas dos olhos de milhões de pobres crianças que sofrem por nós homens sermos como somos.
Deus, por que a humanidade é assim e se comporta dessa maneira abominável.
Está certo que há uma beleza enorme na nossa vida, mas explique o por que de tanta dor, tanta miséria e tanta podridão em volta de nós?
CARLOS CUNHA
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