Todas as dores do mundo têm serventia:
Se algo em seu corpo dói ou doía,
Tenha a certeza de aviso.
Vai aos deuses alvos,
Trata do choro, transforma-o em riso.
Se lhe dói, mulher, a dor do seu parto,
Vai aos deuses alvos,
Pega seu filho, toma-lhe carinho, amor farto.
Se seu amor lhe abandona ou lhe anula,
Vai aos deuses brancos,
E em prece, na sua bula,
Peça-lhes outro amor de desfeita.
Porém há uma dor inútil.
Dor que não avisa, que é fútil;
Não lhe recompensa nem dá receita.
É a dor de não poder ficar nem partir.
Prá que serve essa dor?
Com certeza prá lhe ficar até você sumir. |