A ESTRADA (DE EMAÚS)
Filemon F. Martins
A estrada é longa e penosa
e apesar da multidão,
eu sigo só pelos caminhos da vida...
Imagino como seria bom
se de repente aparecesse um amigo
para trocar idéias,
falar de coisas terrenas,
coisas amenas,
ou de alguns momentos
de saudades, de sentimentos,
como outrora apareceu
para aqueles homens que, angustiados,
andavam no caminho de Emaús.
Mas, sigo só
tendo por companhia o medo, a incerteza,
a tristeza e a saudade
que andam sempre juntas.
Quem sabe a palavra daquele amigo
pudesse trazer conforto, consolo e esperança
para os que sofrem e os que choram
excluídos da vida?
Mas, que poderia eu oferecer-lhe
caso ele aparecesse?
Um abrigo tosco, um estrado de madeira,
um pedaço de pão, um pedaço de peixe,
água de moringa, água do pote?
A estrada por onde passo agora
é erma de amor, de gratidão, de compreensão,
é vazia e inóspita, cheia de dor,
de desencontros e de espinhos
que ferem, magoam e machucam...
Talvez um dia eu possa ter
neste caminhar,
os atributos e as virtudes
daqueles discípulos que confabulavam
na estrada de Emaús.
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