Algo no céu se transfigura,
A carne rasga pelo corte,
O corpo se entrega à morte,
Sem ficar uma só criatura!
Para os escolhidos é o transporte,
Para os ímpios a vida não dura,
A alma o espírito procura,
Procura, procura, mas sem sorte!
Lavas de vulcão horrendo,
Pelas encostas vêm descendo,
A morte de forma primitiva,
Sem deixar homens com vida.
Alguns gritam em desesperados brados,
No pouco que resta no coração latente,
Nos corpos enterrados a vida ainda sente,
Melhor sorte para os já sepultados!
A fumaça do cogumelo se expande,
Tornando-se de pequena a grande,
A raça humana se extinguindo inteira,
Para voltar ao que era... Poeira!
Ao se vê, produzem cegueira,
Sem rumo na vida como errante,
Cegos ficaram num instante,
Sem aproveitar a última luz derradeira.
Pobre criatura sem luz, cega...
Seu destino é infeliz,
O próprio Deus tu renega,
E até da tua boca se maldiz!
O ouro os ladrões afanam,
Tristeza para quem tem tesouro,
Nos olhos das mulheres o choro,
Das lágrimas dos filhos que emanam...
Os filhos das mulheres mortas,
Sem destino batem às portas,
Sem futuro, sem destino, sem infinito,
Arrancados do homem num bisturi preciso...
Vulcões e suas fogueiras,
Destruindo por castigo,
A partir do seu fastígio,
Transformando em poeiras...
A água do mar vasta,
Leva e tudo se arrasta,
Sem deixar nem um, nem dois,
Nem aquilo que hoje sois...
2012 – A revelação,
Do fim de uma criação,
Após um ruidoso clarão,
Todos receberão seu galardão.
|