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Contos-->ADORÁVEL MALUCA -- 13/07/2009 - 12:09 (GIVALDO ZEFERINO) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Tinha a pele muito alva e macia, cabelos castanhos escorridos e uma voz suave.
Sem cerimônia, grudou-se em mim e segurou-me pelo braço, sem proferir uma palavra sequer. Lançou-me seu olhar enigmático, e sorriu, mas sem largar o meu braço. Eu não sabia se a repreendesse e afastasse-a de mim, ou se iniciasse um diálogo sobre aquela atitude um tanto estranha da parte dela.
Depois de um longo silêncio ela disse-me baixinho: me desculpe, mas escolhi você. De repente eu não sei quem sou; estou perdida neste lugar. Senti que você pode me ajudar, por isso, escolhi você.
Fiquei ainda mais aturdido com esse lance e, para dar continuidade à conversa, perguntei-lhe qual era o seu nome.
- Não sei. Não sei... Não sei de nada.
E continuou apoiada em meu braço.
- Me leve à sua casa.
- Mas eu não posso. Moro sozinho.
- Isso não seria um impedimento. Se você me largar aqui, o que será de mim?
Olhei o relógio e vi que marcava nove horas da noite.
- E sua casa?
- Não sei onde moro. De repente, estou aqui sozinha e confusa.
- De onde você vem?
- Também não sei.
Fiquei indeciso, porém concluí que não devia abandoná-la, assim, naquele estado. Outra pessoa poderia tirar proveito daquilo tudo.
- Está bem, eu lhe disse. Hoje você pernoita em meu apartamento, mas amanhã veremos como resolver este caso.
Ela sorriu aliviada e beijou-me o rosto. Peguei um táxi e partimos. Uma sensação estranha invadia todo o meu ser. Aquela mulher causava-me certa ansiedade. Seu rosto angelical poderia ser uma farsa, sua amnésia, uma mentira.
Assim que entramos em casa, ela virou-se para mim.
- Posso te dar um abraço?
Relutei, dei uma desculpa qualquer, mas ela insistiu tanto que aquiesci àquele estrambótico desejo. Então, abraçou-me com força por uns instantes, depois me largou e falou:
- Estou com fome. – E dirigiu-se à cozinha. – A cozinha é-me familiar. Parece que todas as cozinhas do mundo são iguais. E riu baixinho. - Vou preparar uma deliciosa sopa para nós.
-Você sabe fazer sopa? perguntei.
- Deixe-me fazer o que sei. Ela respondeu.
Finalmente, mostrei-lhe os aposentos e conduzi-a ao quarto contíguo ao meu, onde ela iria dormir.
- Tenho medo do escuro.
- Você pode deixar uma lâmpada acesa. Boa noite.

Fui dormir em paz com minha consciência.
No dia seguinte, teria de encontrar a solução ideal para aquela questão. Meu pensamento voava de um lado e de outro sem parar, e mergulhava num mar de ideias confusas e contraditórias. Vencido pelo cansaço, adormeci.
De madrugada, um sussurro, me dizia: estou com medo. Não consigo dormir. Por favor, quero falar com alguém. Não consigo dormir.
Mal abri a porta, ela invadiu o meu quarto e abraçou-me: tenho medo de dormir sozinha. Deixe-me dormir em seu quarto.
- Você está louca?
- É verdade. Não consigo dormir sozinha. Deixe-me ficar aqui. Não vou incomodá-lo.
- Está bem. Mais uma vez acedi.
Ofereci-lhe minha cama e peguei o colchão do outro quarto onde me acomodei. Ela acalmou-se e dormiu imediatamente.
De manhã cedinho, acordei com seu corpo colado ao meu.
- Seu corpo é quente e macio, falou com jeito de criança inocente.
Aí, eu perdi todo o autocontrole e me envolvi no seu abraço. Já era tarde para me arrepender. Ela ficou feliz, e eu – por que não? – também me senti satisfeito.
Depois do café da manhã, que ela mesma preparou, beijei-a na testa e lhe falei que precisava sair para resolver algumas coisas. Recomendei-lhe que me aguardasse e não saísse para lugar nenhum enquanto eu estivesse fora.

Quando voltei, estava o apartamento vazio sem a presença dela. Olhei por todos os cantos, caminhei pela rua, espreitei todos os lugares possíveis, mas em vão.
Ela sumira, deixando uma inexplicável saudade e... um pouco de remorso.
Nunca mais apareceu.
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