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Cronicas-->BOLINHO DE CHUVA -- 10/03/2006 - 16:38 (Cheila Fernanda Rodrigues) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
BOLINHO DE CHUVA

Chove... Chove uma chuva fina... Vai pingando poesia na memória que vai se abrindo a um doce aroma do passado: bolinho de chuva que minha mãe fazia.
Não entendo de meteorologia, mas me lembro que esse tipo de chuva ocorria sempre à tarde. Essa era uma hora boa. A hora do café. Era tradição, juntamente com algo para beliscar. Porém, nas tardes chuvosas, o acompanhamento era bolinho de chuva.
Da maravilhosa alquimia, a massa virava bolinho, e um por um pulava no azeite. Depois de prontos, todos se reviravam no açúcar e canela. Hum!!! Perfeitos para nosso deleite! O delicioso cheirinho viajava janela afora e acabava trazendo vizinhos que partilhavam de nossa mesa.
De maneira simples, a mesa era posta como de costume no cotidiano: limpa, bonita, arrumada. Para nós, no entanto, era uma grande festa porque parecia um ritual. E não deixava de ser.
Em xícaras devidamente mergulhadas em água fervente, ou melhor, escaldadas (esse o termo que minha mãe usava), tomávamos o cafezinho passado no coador de pano. E íamos saboreando os bolinhos de chuva que, rigorosamente, vinham acompanhado de fotografias. Explico melhor. Num canto especial da mesa, havia um enorme saco repleto de fotos de onde minha mãe ia tirando uma por vez, que passava de mão em mão, e trazendo fatos e explicações de cada uma. Sem interrompermos nosso café e bolinho, todos saboreávamos a foto e a história da pessoa eternizada num aqui-agora do passado. Era delicioso porque, além de tantos detalhes que ela contava, cada foto ia compondo e recompondo a linha da vida de minha família. De cada uma brotava um sentimento, uma dúvida, um porquê... Cada foto clareava pontos obscuros que, em geral, compõem a fase escuridão de todo ser humano. Tanto que os vizinhos sentiam-se inseridos naquelas vidas todas.
Ah! Chove uma chuva fina que pinga em meu coração e faz um nó na garganta... Não há mais o ritual porque nossa mestre-de-cerimónia deve estar realizando-o além das nuvens. Mas lições e lembranças ficaram. A lembrança daquela festa que, na simplicidade, acendia todas as luzes da grandeza da vida. E a lição de brindar o amor em todas as coisas que nos cercam, tendo na boca palavras doces qual bolinho de chuva.
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