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cronicas-->Fiado -- 08/03/2006 - 12:23 (Renato Rossi) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Fiado, instituição universal nos bares e botecos em geral. Com ele o calote quase garantido, não fosse a preferência dos clientes que em lugar de fazer fiado em outro lugar, acabam voltando e tentando um aumento da linha de crédito. É um problema para o proprietário. Mas como recusar o crédito aos melhores clientes, sempre fiéis. Como ficar sem as piadas do Tucão? No fundo sai até barato, só não podem confessar. Formadores de opinião em matéria de escolher o bar onde ir todos os dias, trazem amigos, amigas, agregados, completando a clientela, aumentando prejuízo mas alegrando o ambiente.

Mas o fiado constante, do ponto de vista do devedor, exige tecnologia. Há que ter organização. Como dizem os americanos, há um sistema. Uma das técnicas mais usadas consiste em ir pendurando contas sucessivas, mas tudo com muito jeito. Um dia se está sem cheque, no outro sem cartão. Um que outro dia, paga a conta do dia - dia de água mineral. Quando a conta começa a ficar mais encorpada, antes que o proprietário reclame, o cliente desaparece por uns tempos. Neste período encorpa a conta em outro lugar. Quando reaparece, inventa uma desculpa, triste, tão triste que sempre há a chance do perdão. É o popular secolá. Sempre cola, ainda que parcialmente. Aí é pagar dez ou vinte por cento e retomar as compras a crédito. O ciclo se reinicia até que o proprietário compreenda que está em presença de mais um irrecuperável e encerre o relacionamento. Como se ele não soubesse desde o início.

Relacionamento encerrado, não há por que pagar e segue nosso cliente para outra freguesia. Como bar é artigo que não falta, ele pode passar uma vida inteira assim.

Os bares hoje em dia estão informatizados. Você pede aqui e lá já estão sabendo o que você quer. Depois misturam tudo de qualquer forma, mas a conta fica perfeita.

Uma das grandes vantagens para os proprietários é que o computador não aceita fiado. É bom para a estabilidade dos negócios, mas que será da boemia irresponsável que deu à sociedade tantos artistas, gênios e pirados em geral? Mais pirados, é verdade.

É um problema isto. Embora o álcool e a esbórnia não sejam fatores indispensáveis à criação artística, não raro servem de muleta para doidos de talentos variados, seja em intensidade, seja na diversidade.

Como consolo, sugiro que os proprietários se inspirem em seus colegas franceses que ostentam obras de arte de grande valor, dadas em troca de comida ou bebida. Tratava-se de expediente comum. Assim, um prato de comida durante uma semana pode valer a aposentadoria dos netos, basta que se saiba escolher e identificar um Picasso. Neste sentido os donos de bares devem ser verdadeiros marchands. E são, marcham (se me entendem) com muita frequência).

Difícil imaginar seu Waldir do bar da esquina, negociando quadros pós-modernistas e pré-hiper-realistas, ou o que seja.


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