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Contos-->Amor de gaveta -- 22/06/2009 - 17:07 (Marlene Bernardo Cerviglieri) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
AMOR DE GAVETA

De Marlene Bernardo Cerviglieri

Abrindo a gaveta, ali estava enroscado o papel.
Apressadamente mas com cuidado, o desenrosquei.
A página amarfanhada, a escrita firme.
E eis que de repente ao chão cai o anel.
Levanto-o e a pedrinha faiscava, como se a querer dizer,
Enfim alguém me libertou.
E ali naquela página dizia:
Meu secreto e único amor
Sim, sempre serás meu único amor.
E secreto, pois não o sabes, e nunca saberás.
Sei que na tua ingenuidade, não percebestes o quanto te amo.
É um querer tão grande, que chega a doer em meu coração.
Minha adorada flor, o teu perfume me embriaga, me tonteia de amor.
Teus gestos delicados me encantam cada vez mais.
E a tua voz então ,é uma melodia que invade todo meu ser.
Nunca amei assim, me preocupo, pois é a primeira vez.
Quando me olhas vejo em teus olhos o mar, o céu e todo meu ser estremece.
Sei que não percebes o quanto te adoro, e no teu riso franco demonstras apenas a simpatia que me tens.
Tua educação esmerada, tua fala sempre gentil só servem para aumentar ainda mais este amor pó ti.
AH, sim este anel.
Comprei-o para ti, como despedida.
Aceite-o, por favor, pois nele vi o brilho dos teus olhos.
É apenas um regalo, que de coração te ofereço, em nome da amizade, que me tens.
Amo-te sim querida, e sempre será assim.
Um amor impossível, más pleno de carinho.
De mim para você.
São Paulo, Julho de 1915.
O professor.

Fechei a página, e lágrimas rolavam em meus olhos.
Quem deixaria uma carta tão sincera cheia de amor ali enroscada.
A peça de mobília era bem antiga, e neste sótão sempre esteve guardada, disso eu sabia a muitos anos.
Desci a escada, fui até a sala e perguntei a vovó de quem eram as peças guardadas no sótão, o relógio parado e tudo mais.
São coisas minhas, não servem para mais nada.
Então quase que mecanicamente, estendi a ela a página e o anel.
Com dificuldade leu até o fim, acariciou o anel, e levando-o ao coração disse-me:
Vê querida, são coisas minhas.
Mas vovó, a carta é de quem?
Você sabe do que se trata?
Sim minha querida.
Esta peça ficava no corredor da sala de meus pais.
Naquela época tínhamos aulas em casa, eu e meu irmão.
Tivemos um professor, que era jovem e muito bonito.
A carta é dele sem duvida.
Sempre me trazia um poema, e entendi cedo todo seu amor.
Mas não poderia fazer nada, pois prometida eu estava ao seu avô, desde menina, foi um acordo entre famílias.
Más, vovó, e aí me conte como acabou?
Não minha querida, nunca acabou, ele foi também meu único e secreto amor.
Nunca se casou, foi para o exterior, e eu sempre soube notícias, pois suas irmãs eram amigas da casa.
Mas vovó, e esta carta?
A única surpresa foi o anel, minha querida, pois sempre soube deste amor.
Cartas tenho várias, e todas as encontrei escondidas em vários cantos com muita astúcia.
Vês, menina o amor é eterno duradouro, permanece em teu coração para sempre.
Mas, vovó, e o teu amor pelo vovô?
Também existe, quem diz que se ama uma só vez, esta enganado.
Só que o primeiro amor nunca se esquece, permanece lá guardado para sempre.
Não devemos guardar mágoas de amor, más só amor.
Assim terás espaço para todos os amores de tua vida, e serão tantos!
Você querida é um dos meus amores.
E com os olhinhos marejados lá se foi atender o vovô, que clamava pelo seu jornal.
Sim querido, sim meu amor, estou indo.
As lágrimas voltaram aos meus olhos, e uma sensação tão boa tomou conta de mim.
Naquele dia, aprendi através de uma pagina amarfanhada,
E com a ajuda da vovó, o que é realmente amar.
E principalmente sobre nossos amores nesta vida, aprendi que se deve dar espaço a todos os amores, e são tantos.
Tola, romântica, eu?
Não, apenas de bem com a vida.

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