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Contos-->A moça da janela -- 22/06/2009 - 17:06 (Marlene Bernardo Cerviglieri) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


A MOÇA DA JANELA


Aquele era meu caminho todas as tardes, após o meu trabalho. Nunca havia notado, mas hoje que surpresa eu tive ao ver na janela tão rara beleza.
A casa bem antiga com suas janelas vitorianas, ainda sustentava a beleza de muitos anos atrás. A rua calçada e gramada era toda arborizada. Gostava de passar por ali, pois parecia caminhar num jardim muito grande, e também cortava o caminho até minha casa.
O bairro era antigo, e quase todas as casas eram do mesmo estilo. Janelas altas, vitrais lindos e grandes terraços. Não mais conseguia ficar sem passar por ali, a figura esbelta e linda da moça na janela, exercia em mim um fascínio, um arrepio, algo tão bom de sentir. Assim, quase todos os dias eu fazia o mesmo caminho. Resolvi acenar e não obtive resposta. Passei mais perto e disse olá, e também não obtive resposta. Como farei, pensava eu, preciso falar com esta boneca viva! Nunca virá rosto tão lindo!Já cismado contei o fato à minha mãe. Morávamos mais ou menos distante da tal casa, e minha mãe não sabia de nada. Resolvi passar por lá em outro horário para ver se acontecia qualquer coisa por perto, e nada aconteceu. Já com tanta ansiedade e curiosidade, arrisquei ficar parado na calçada. A casa toda fechada não parecia ter sinal de vida, então fui trabalhar. Mas na volta lá estava ela, linda toda de azul e com o chapeuzinho branco cheio de flores. Acenei, e nada, sorri, e nada, andei mais e virei-me novamente e ela não mais estava lá. À noite deitado em minha cama, refletindo o que se passou, percebi que a boneca linda sempre estava com a mesma roupa, e o lindo chapéu que tanto me chamava atenção!Dei um, salto da cama surpreso, e novamente senti o arrepio e aquele estado gostoso de ficar. Não dormi direito, e cedo resolvi passar na biblioteca, sabia que a Sra. Annie saberia me disser quem morava naquela casa. Munido do endereço, lá fui eu ansioso e cheio de curiosidade. Chegando a biblioteca ainda esperei um bom tempo. A Sra. Annie finalmente atendeu-me e pediu-me o endereço. Seus olhos ficaram diferentes, e com a voz embargada me contou a estória dos moradores da Rua Joliet 322. Era uma família muito linda, e Julie a única filha, linda muito linda. Como toda moça, arrumou um namorado, mas o pai não queria saber, tinha um ciúme doentio dela, prendendo-a em casa. Por fim os pais do moço foram até lá e pediram ao pai dela o consentimento para o filho ver a Julie, nem que fosse do lado de fora na calçada. E quem sabe mais tarde com o tempo, poderiam iniciar um relacionamento. Foi consentido, e assim toda à tarde Julie ficava na janela para vê-lo passar. O que eles não sabiam era que o ódio do pai dela aumentava, cada vez que o via passar. Um estado doentio que não deixava transparecer. Fazendo-se de amigo, convidou o rapaz para uma caçada, e deste evento ele nunca mais voltou. Julie passou o resto de sua vida na janela, e o pai morreu numa prisão, pois encontraram o corpo do rapaz enterrado na mata. Dizem que ela nunca mais falou com ninguém. Morreu aos 65 anos, e a casa ficou para os herdeiros que vivem no Sul. Mas rapaz, esta estória tem quase 40 anos. Calado, cabisbaixo sai dali e pela ultima vez passei pela casa e ela não estava mais na janela, na calçada rolava o chapeuzinho cheio de flores...

Marlene B. Cerviglieri
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