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cronicas-->Olho a olhar -- 27/02/2006 - 17:33 (Renato Rossi) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Noite fechada na mata, apenas o luar de lua cheia a refletir a paisagem no lago. O menino distraiu-se e distanciou-se do grupo. Quando se deu conta, estava só e já não sabia em que direção devia seguir.

Entretido com a observação do lago, logo esqueceu do fato e ficou por ali observando a natureza noturna. Até que viu o olho.

Um único olho a olhá-lo. Não era grande, mas assim, só, à noite, o olho foi crescendo e a cada vez que João, este era o nome do menino, olhava o olho parecia ficar maior. João desviava o olhar, mas sabia-se olhado e logo voltava para conferir se o tal olho ainda estava lá. Estava. Olhando. O olho não identificado acompanhava João sempre a olhá-lo. Não era um olhar maldoso ou ameaçador. Era uma um olhar destes que olham, como é próprio dos olhos. João tentou se aproximar dos amigos e o olho o acompanhava, mantendo sempre a mesma distància. Olhando. Um olhar contínuo, do qual João não conseguia se desvencilhar. No fundo não queria.

Chão coberto de folhas secas, João ouvia seus próprios passos ao caminhar na mata. Mas o caminhar do olho a acompanhá-lo não fazia barulho, nem das folhas nem ao menos um bufar como é próprio dos donos de olhos. Seria um olho voador? O olho de um pássaro noturno. Não parecia. Para voar tão devagar pássaros fazem barulho. Ainda mais um pássaro grande como o que seria necessário para acomodar aquele olho, única coisa que João via na floresta. A escuridão e o olho a olhá-lo.

João olhava e o olho estava lá, olhando-o, brilhando como alguns olhos claros dos quais é difícil desviar, sobretudo quando em rosto de moça bonita. Poderia ser um uma onça, pensou João. Onças caolhas não são muito comuns, mas não podia descartar a hipótese. Como comprovar? O olho estava mais ou menos um metro e meio de altura, olhando. Onças não são tão altas. Talvez uma serpente, arrepiou-se ao lembrar da possibilidade. Serpente monocular, ou caolha, mercê de guerras passadas. Macaco talvez?

João olhava o olho e o olho olhava João. De repente o olho piscou. João pulou para trás. Não era este piscar que todos fazemos para lubrificação instintiva. Era um piscar conquistador como quem busca a cumplicidade. João não viu propriamente, mas sentiu como se o olhar o chamasse, convidando a se aproximar. Arrepio de alto a baixo. João queria se aproximar, estava inebriado, atraído pelo olho que a esta altura já se tornara um companheiro. pensava em se aproximar do olho que o convidava.

Não teve coragem.


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