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Contos-->Uma boate, uma lágrima -- 15/06/2009 - 19:54 (wagner araujo da silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Uma boate, uma lágrima – 13.junho.2009 – 00h05 –

Quando estava no Tiro de Guerra, em seu último fim de semana, combinamos os soldados de nosso GC que sairíamos para uma confraternização. Dez adolescentes, com pouco dinheiro no bolso e muita bobagem na cabeça. Primeiro fomos jogar sinuca, o que não durou mais de uma hora, para meu vão protesto. Eu era um garotinho ainda, inocente, puro e besta, como na canção de Raul Seixas.
Próxima parada, uma boate, para não dizer casa de tolerância, casa da luz vermelha, brega, rendez-vous, ou qualquer outra palavra mais forte que não vem ao caso. Você já entendeu...
Era uma casinha às margens da Rodovia Raposo Tavares, em cima de um barranco. Já havia passado por lá inúmeras vezes, e nunca havia visto tão nobre edificação. Diziam que era de um japonês, mas não sei, como de nada sei, no final das contas.
Entramos e havia umas vinte pessoas. Duas garotas mais maduras estavam em um palco com pouca roupa, mas nada do que queríamos ver podíamos ver. Então uma delas chegou perto de nós e disse que por 50 mangos uma menina faria strip em nossa homenagem. Piramos.
Cincão daqui, dez de lá, quinzinho de outro, enfim, uma vaquinha de pobres para ver com os olhos e lamber com a testa. Espremendo e torcendo as carteiras conseguimos cinqüentinha. Demos para a menina que entregou para um crioulão que estava atrás do bar. Dava medo até de pedir algo para beber. O cara era enorme, bem como nossa covardia.
Toca uma música brega e a menina em cima do palco começa a se enrolar feito uma cobra mal matada. Parecia que estava agonizando, não dançando. Mas quem queria saber de passos e coreografia naquela hora? A bichinha com cara de índia ficou nuinha, um corpo muito bonito do qual que me lembro como se fosse hoje. Peguei gosto pela coisa. Passei a freqüentar tais estabelecimentos. Casei-me e minha despedida de solteiro foi em um desses paraísos de luxúria.
Minha esposa era bacana comigo, fiel e dedicada. Eu, um crápula. Não respeitava o casamento e sempre que podia pulava a cerca, atolava o pé no barro e chafurdava na lama. Tinha um casal de filhos. Uma garotinha carinhosa e um menino dedicado, estudioso e trabalhador. Para eles eu era um exemplo, um pai perfeito. Minha mulher nem imaginava que havia gato na tuba.
Perfeito não foi meu colega de trabalho, que após uma rusga profissional me cagüetou pra minha esposa. Como em outra canção, essa da Maísa, meu mundo caiu. O casamento acabou e o respeito de meus filhos virou pó. Eu me vi sozinho e com três corações quebrados em minhas mãos.
Aluguei um apartamento minúsculo, onde passei a viver sorumbático e taciturno. Comer sozinho e sem a gritaria das crianças era triste, dormir sem um beijo seguido de “boa noite, querido” era torturante e saber que minha família estava triste por minha atitude mesquinha me matava de remorso.
Um dia fui buscar minha filha na escola e ela me disse do alto da inocência de uma criança que minha moral em casa estava mais baixa que rodapé de casa de boneca. Não agüentei e caí em prantos. Perguntei a ela se me perdoava e ela disse que sim. Fiz o mesmo com meu filho e ele foi mais reticente, mas disse que gostaria de me ver de novo em casa. Criei coragem e fui falar com minha esposa. Ganhei apenas o cartão de seu advogado. A audiência para o divórcio é amanhã. A vida dá o que você dela pede.

Wagner -
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