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Contos-->Uma velhinha, uma saudade -- 15/06/2009 - 19:54 (wagner araujo da silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Uma velhinha, uma saudade – 12.junho.2009 – 23h38 –

Tenho saudades da Lígia. Ouvi dizer uma vez que não há Lígias feias, nem Marílias. Discordo da segunda, mas concordo com a primeira, afinal, a mais linda mulher de todas foi e continua sendo a minha Lígia. Quando o dia está ensolarado, olho para o céu e penso que ele assim esteja para poder refletir toda a beleza de sua moradora mais ilustre. Quando ele está chuvoso e carrancudo, penso que ela ainda esteja na cama e o sol não tenha tido, portanto, um motivo para brilhar.
Quando a conheci, jovem, comprida, branquela, parecia um palmito com uma vasta cabeleira morena contrastando com sua pele. Quando dela me despedi, já estava toda enrugadinha, com uma adorável carinha de maracujá, mas ainda assim, linda.
Lígia era perfeita, simpática, inteligente, risonha, amiga, companheira de verdade. Uma legítima mulher antiga, prendada, trabalhadora, caprichosa, mãe de família voltada para a casa, para os filhos, para mim. Não era como a maioria das mulheres de hoje que vê em um shopping center, ou em uma mesa de bar, o Éden na Bíblia descrito.
Uma vez perdi o emprego e a situação ficou difícil. Pensei que o amor sairia pela janela assim que a miséria entrasse pela porta. Nada disso ela deixou acontecer. Não ficamos na miséria e o amor ficou mais forte ainda. Consegui outro emprego e pudemos criar nossos filhos, presentes que ela e Deus me deram.
Meus filhos e eu não gostamos de ir ao cemitério no Dia de Finados, pois para nós ela ainda está aqui. Vamos para lá em outros dias, para conversar com ela, contar sobre nossas vidas, como fazíamos à mesa. Por outro lado, podemos vê-la viver em cada raio de sol que entra por nossas casas, podemos ouví-la em cada pássaro que gorjeia em nossos quintais, sentimos seu cheiro em cada flor de nossos jardins, e posso sentí-la todas as vezes que vou dormir e passo a mão no lençol do lado da cama em que ela ficava. Procuro nem ultrapassar para o seu lado para não incomodá-la, coisa que ela tanto reclamava quando aqui. Pelo menos o ronco está liberado.
Foi muito engraçado quando a trouxe para Santos pela primeira vez. Caminhamos de mãos dadas pela praia e ela ficou encantada com os prédios tortos da orla. Esse encantamento virou medo quando resolvemos nos casar. Ela temia que nosso prédio também pendesse para o lado. Não aconteceu, e quando comprei uma casa porque as crianças começaram a crescer, ela sorriu aliviada. Um sorriso lindo, como ela toda.
Hoje é Dia dos Namorados, nosso dia. Faz cinco anos que ela se foi. Lamento não poder beijar sua face e agradecer por todos os anos juntos, por nossos filhos e por ela ter sido o motivo de minhas alegrias, que somadas, viraram minha felicidade.
Então, nessa cartinha que vou depositar sobre sua lápide digo, “Obrigado, minha querida velha Lígia, que saudades”.


Wagner -
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