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cronicas-->PROBLEMAS, PROBLEMAS... -- 24/02/2006 - 12:14 (Orlando Batista dos Santos) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Detesto chamar meus vizinhos e meus amigos pelo apelido que cada um tem. A única vez que botei um apelido em alguém foi " Zé do Jegue", porque ele possuía um jegue de estimação. O apelido pegou fácil, mas até hoje estou arrependido pelo gesto infeliz e de mau-gosto que tive. E não é que muitos anos depois, meu filho acabou adquirindo uma jumenta? Nascido na cidade, o moleque não tinha a menor queda para a equitação, o que obrigou-me a adotar a jumenta. Aqui se faz, aqui se paga. Paguei.
Como eu ia dizendo, Baxin, Chupa-cabra, Isquisito, Minhoca, Sei-lá e Xuxa, são alguns dos apelidos de amigos que eu não aprovo. Como não fui eu quem os inventou, paciência. Mas, voltemos ao título desta crónica:
Há poucos dias, o Linguiça - digo, o João, um vizinho meu, procurou-me na intenção de desfazer um mal-entendido que atormentava-lhe as idéias. Queria desculpar-se, pelo fato de eu tê-lo cumprimentado sem obter a recíproca. Fora censurado pela esposa e, mesmo alegando não ter ouvido o meu "bom-dia", não teve perdão. Vá retratar-se - diziam-lhe a esposa e consciência.
Ás vezes as preocupações deixam a gente fora dos eixos, distraídos mesmo, justificou-se. É verdade, consenti, no mundo de hoje, tudo é muito complicado.
E a conversa continuou, até que os pingos fossem colocados nos devidos "is":
Ele - São muitos os problemas...
Eu - De fato, são muitos os problemas...
Ele - Peço-lhe desculpas.
Eu - Não foi nada, a vida é assim.
Ele - Sabe que outro dia aconteceu a mesma coisa com você?
Eu - Como assim!!!
Ele - Quando você passou, eu disse "boa-tarde", mas você não notou.
Eu - Não diga, rapaz!
Ele - Aí eu pensei: ele deve estar com muitos problemas...
Eu - É, sou muito distraído... Peço-lhe mil desculpas...
Ele - Não foi nada, a vida é assim mesmo...

João está desempregado há pelo menos dez anos. Tinha acabado de "tomar uma", recurso que o auxilia a aguentar os trancos da vida, mas conservava na fala e no olhar uma ternura quase santa, uma resignação inexplicável, atributos que só os inocentes experimentam. Invejei-o.
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