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cronicas-->QUEM AMA ENXERGA O OUTRO -- 22/02/2006 - 20:51 (GERALDO EUSTÁQUIO RIBEIRO) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

QUEM AMA ENXERGA O OUTRO.
Há muito tempo que não andava de ónibus todos os dias, depois de passar mais de cinco anos sem ir a Belo Horizonte nem mesmo a passeio, embora morando a trinta minutos da capital.
Agora tenho que ir todos os dias ao trabalho.
Dentro de um ónibus lotado onde uma placa de órgão do governo que gerencia o transporte diz: "é proibido andar na escada para garantir a segurança dos passageiros e dos agentes de viagem", mas ela é parte integrante do espaço para empilhar pessoas porque o lucro da empresas de transporte tem que continuar sendo maior do que o da maioria das indústrias deste país. Este é um dos segmentos que gera mais lucro para os donos, estas são as únicas empresas no país que recebe à vista e qualquer um sabe que a maioria das suas compras é efetuada com pagamento para sessenta dias ou mais.
Este preàmbulo foi escrito para mostrar o descaso com que é tratado o povo que vota, alguns a troco de alguma coisa que nem sempre é de extrema necessidade.
O que eu quero mesmo falar é...
Dentro de um ónibus superlotado fica visível a indiferença que um ser humano nutre pelo outro.
Os animais não falam, mas quando se aproximam se tocam e soltam algum som ou fazem algum gesto para dizer: estou aqui.
E dentro de um ónibus duas pessoas se sentam lado a lado e se roçam o tempo todo nos corredores apertados, pelo balançar das rodas (espero que seja só por isto) e sequer trocam uma palavra e às vezes até se olham com desprezo.
Uns dizem que é o cansaço.
Se esta for uma verdade deveria acontecer com mais intensidade somente na viagem de volta.
E de manhã nem um bom dia.
Outros dizem que é o mau humor.
Então eu moro em uma região onde o mau humor faz parte do cotidiano da maioria.
O olhar perdido dos passageiros se cruza a todo instante e nenhuma reação é notada.
Parece que estão olhando para o vazio.
Parece que estão olhando para o desconhecido.
Quase não se houve ou vê um sorriso.
Raros sinais de amabilidade.
E todos os dias em algum lugar alguém está dizendo: "somos filhos do mesmo Deus e, portanto todos somos irmãos".
Que não se olham.
Que não se falam.
Que escancara sua intimidade ao falar no celular enchendo o saco de quem está ao lado e nem sequer se dá conta que o outro também existe.
Alguns fecham os olhos, talvez para fugir de algum olhar que lhe pede para dizer alguma coisa ou os olhares que os incomoda.
Outros dormem de verdade vencidos pelo cansaço embalados pelo barulho do motor e pela mudez do companheiro ao lado e a volta do trabalho se torna monótona e demorada e a ida para o trabalho parece um suplicio como o dos animais que estão na fila do abate.
Tem os que ocupam o lugar reservado ás pessoas idosas, grávidas ou portadoras de alguma deficiência e fingem dormir para não ceder o lugar a quem tem o seu direito garantido e quase nunca o motorista e trocador fazem este direito prevalecer.
Quando um ónibus pára ao lado de outro a cena então se torna patética, parece que nenhum dos dois está transportando pessoas, pois os olhares se cruzam sem que alguém faça um gesto para mostrar que do outro lado estão os filhos do mesmo Pai.
O doloroso é quando esta cena acompanha o passageiro para dentro de casa e marido e mulher, pais e filhos se cruzam nos corredores sem um simples gesto de carinho.
O ser humano ou o bicho homem precisa se abrir mais para o outro, os tempos modernos e a tecnologia trouxeram máquinas que falam para que o homem possa ficar mudo.
Precisamos urgentemente prestar atenção em quem está do nosso lado.
Se todos ao entrarem no ónibus o fizessem com o espírito desarmado este seria o melhor consultório de psicanálise ou de psiquiatria, porque querendo ou não é o melhor lugar para dividir tristezas e repartir alegria.
Quantos casamentos não começaram dentro de um ónibus?
Afinal não foi isto que o Pai nos ensinou?
"Amai-vos uns aos outros como eu vos amei".
Quem ama enxerga o outro.
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