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Artigos-->67. O SORVETEIRO — GUMERCINDO -- 26/12/2002 - 10:33 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Sei que é insignificante a minha presença aqui. Mas faço questão de aparentar calma e me submeto ao “castigo” de ter de ficar preso nas malhas destes amigos, que perceberam o quanto estou necessitado de apoio.



Em vida, fui sorveteiro itinerante. A todo lugar levei o desejo de adoçar a vida às pessoas, proporcionando-lhes a alegria das guloseimas e dos quitutes apimentados, pois não me dedicava somente aos gelados, mas também aos doces e aos salgados.



Muito pelejei para conseguir estabelecer-me no ramo de minha predileção, até que, com o auxílio fraterno de pessoas cujo interesse estava realmente em ajudar o semelhante, consegui estabelecer-me em casa comercial. Não foi em vão o auxílio que recebi, pois fui capaz de retribuir com juros tudo o que obtive dos amigos. Apenas não me interessei pelo produto que oferecia à população. Não que não me orgulhasse sua qualidade. Sempre busquei fabricar os melhores acepipes, as mais nobres comidas e a mais apurada sobremesa. Só que descurei do valor energético, proteínico e dos nutrientes que toda alimentação deve oferecer. Busquei incentivar tão-somente a gustação no que tem de pior: a viciação do paladar, a gula.



Eis que pude dedicar-me a buscar as razões morais que estavam por trás de minha interminável caminhada pela escuridão. E nesse desconforto fiquei longamente, até que atinei com o “imbroglio” em que me tinha metido, embora inconscientemente. Não fiquei satisfeito com a descoberta. Então, foi pior, pois me rebelei contra a “injustiça” de ter de peregrinar, indefinidamente, em busca de saída para enfrentamento com nova oportunidade. Aos poucos, no entanto, foi-se fazendo a luz necessária, para que pudesse compreender que fazia parte de um “time” muito perigoso: o dos fabricantes de tentações, ao qual fora escalado sem saber, por espíritos perversos que se compraziam com os atos de maldade que provocavam.



Não afastei a minha responsabilidade, pois verifiquei que eu mesmo me refestelava com os acepipes que oferecia à clientela (1). Eu mesmo ficava extasiado diante das guloseimas que era capaz de produzir e consumia-as como se foram os preceitos mais importantes que o homem deve assimilar na face da Terra.



Fui ser humano razoavelmente bom. Era honesto nos negócios e busquei auxiliar as pessoas contribuindo com o dízimo para a Igreja. Nunca neguei um sorvete sequer aos pedintes que, por acaso, apareciam no meu estabelecimento, bem como nunca deixei de atender às pessoas que vinham com suas cadernetas para pagamento no final do mês. Muitas vezes fui enganado, mas jogava tudo na contabilidade a fundo perdido, pois tinha consciência de que muitos iriam tentar enganar-me, mas sabia, no fundo, que os lucros suplantariam os prejuízos e eu não teria preocupações de ordem financeira. Eduquei, como pude e como minhas luzes permitiram, quatro rebentos de feliz união. Nunca tive outros desejos e nunca comunguei sem ter antes confessados os meus “pecadilhos”. Jamais faltei às missas dominicais e nunca deixei de participar das procissões que o pároco organizava nas datas mais significativas do calendário religioso. No entanto, lá estive na escuridão, assaltado por muitos temores, especialmente o de ser confundido com os facínoras e delinqüentes que passavam por perto, apregoando em altas vozes os seus feitos de horror.



Agora, quando me vejo cônscio de minha atual situação, venho à presença deste médium para explicar quem fui e o que fiz para receber penalidade junto aos espíritos maldosos. Bem compreendi as minhas falhas e percebi que pouco foi o tempo (agora que passou) em que jazi no fundo das cavernas, sem ao menos ver esta luz bendita que a todos põe à vontade para sorrir e agradecer a Deus os benefícios que recebemos. Neste momento de minha existência, o que mais quero é poder visitar os meus familiares, que, com suas preces, muito me ajudaram em minha recuperação. Sei que devo ter muita paciência, mas não desespero, pois, se existe amparo para mim, certamente muitos amigos estão velando para que tudo decorra bem com meus entes queridos.



Quero deixar abraço amigo a toda a equipe que me assistiu em meu doloroso transe e solicitar aos irmãos que vibrem magneticamente, para que o médium possa restabelecer suas forças e volte a servir-nos com a boa vontade habitual.





(1) Está bonito “pra burro” este escrito. Não sabia que tinha tanta facilidade. Compreendo que o médium contribui, mas estou ficando um tanto vaidoso. É bom parar por aqui, pois aprendi que “elogio em boca própria é vitupério” e não quero acrescentar mais dissabores à minha caminhada.







COMENTÁRIO — MANUEL



Devemos alertar o nosso amigo escrevente que este nosso irmãozinho está sendo conduzido para a visita que pleiteou, pois se encontra devidamente informado do seu estado e instruído a respeito da contenção de suas emoções. Através de passes magnéticos, vamos recambiá-lo ao seu estado mais lúcido e possibilitar-lhe visita restauradora, pois, sempre que o espírito comprova que tudo transcorre em harmonia junto às pessoas a quem mais amor dedicou, fica mais fácil fazê-lo compreender os fatos que envolveram sua vida pregressa e onde deve apoiar-se para prosseguir em sua caminhada rumo às sendas do Senhor.



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