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Cronicas-->Prescrição ou clemência -- 14/02/2006 - 13:33 (Renato Rossi) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Ontem fui a uma cerimónia de colação de grau e, naturalmente, vieram à tona algumas lembranças dos tempos de universidade. Bons tempos. Com elas o remorso por um crime aparentemente menor, mas confesso, me deixa como se diz, com o rabo preso.

Lembrando dos fatos lembrei também que conversando com um velho amigo, tive notícia de uma antiga mas muito conservada mesa com tampo de mármore. Segundo o relato, a mesa ainda está em plena atividade, na casa da mãe dele.

Ocorre que aquela peça do mobiliário faz parte de nossa história universitária tendo apoiado nossos estudos e conversas fiadas de diferentes formas. Apoiado a que me refiro diz respeito aos livros, cadernos e, aí o grande crime, os pés, contrariando recomendação expressa da mãe do amigo, proprietária legítima da mesa. Há que considerar que havia outros colegas a participar do crime e já me ocorre se eu não estaria incurso igualmente no item referente à formação de quadrilha. Os nomes? Não, jamais revelarei . Lembro ainda que se tratou de uma prática continuada, o que poderia agravar a pena. Talvez seja melhor parar por aqui, ninguém é obrigado a depor contra si.

Há outros agravantes que não posso deixar de citar e intimamente me pergunto de que lado estou.

A resposta vem rápida: o da justiça.

Apresso-me a lembrar que há a atenuante de que a sola dos sapatos jamais frequentaram o tampo da mesa. No máximo os pés sem sapato ou os calcanhares a descansar das longas jornadas de estudo e trabalho a que nos submetíamos à época. Digo isto com absoluta tranquilidade, pois sei que é a pura verdade e isto há de ser levado em consideração. Considerando que não cito nomes, acho que não constitui delação dizer que o próprio filho da proprietária foi cúmplice. Ele, fiel depositário do apartamento e da mobília, tinha o dever de preservar a mesa dos vàndalos - eu inclusive - que frequentavam aquele endereço nos idos anos setenta.

Os crimes têm diferentes penas e prazos de prescrição e há, imagino, os imprescritíveis. Pergunto-me se há um prazo para o hediondo crime de por os pés na mesa sem a devida autorização. Não pode ser assim tão grave. Contando com a prescrição, me animo a confessar na esperança de obter lenitivo para o remorso que, se não é permanente, me atormenta sempre que lembro do fato.

Réu confesso me alivio do peso deste crime. Outro dia devolvi um livro que ficou emprestado por mais de trinta anos. Fui perdoado pelo proprietário. Agora são dois crimes a menos.

Bem, se por um destes azares que só acontecem comigo, o crime ainda não prescreveu, peço clemência.


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