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Contos-->O ARTISTA DE RUA -- 29/05/2009 - 10:35 (GIVALDO ZEFERINO) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Acomodado no chão do calçadão, feliz e entusiasmado como se o mundo o aclamasse, alguém tocava e cantava um longo repertório de músicas, com sua orquestra constituída de uma gaita, um triângulo e um tamborim, diante de uma platéia agitada que desfilava ao longo da rua. Entretanto, seus olhos não lhe permitiam enxergar a indiferença da grande maioria da massa humana que transitava em torno dele. Algumas pessoas lhe davam moedas que, sem se interromper, guardava-as numa mochila a tiracolo; outras seguiam em frente impassíveis.
Era Jonas, o cantor cego, que usava seu talento para coletar recursos em garantia do sustento dele e de sua família.
Quando encerrou a apresentação, o Poeta aproximou-se, presenciando a simplicidade do artista. Marina, sua mulher e sua guia, relatou-lhe toda a história de Jonas. Disse-lhe que, em sua casa, havia um monte de fitas gravadas que ele escutava com bastante interesse para, em seguida, começar o ensaio. Não admitia uma falha sequer. Se algo saia errado, ou não lhe agradava, começava tudo de novo, e isto durava até alta madrugada quando ela vinha chamá-lo para dormir, lembrando-lhe que precisava acordar cedo.
Jonas não era cego de nascença. Perdeu a visão ainda criança, com dez anos, e descendia de uma família muito pobre. Seu pai já não existia; sua mãe, de idade avançada, vivia com ele e sua mulher. Diariamente, Jonas despertava e se preparava para mais um dia de trabalho. Marina providenciava o desjejum, verificava-lhe o visual, ajeitava-lhe os cabelos, e o guiava até o centro da cidade, onde se aglomerava o maior foco de pessoas que iam e que vinham. Ali se acomodava, enquanto ela voltava para cuidar da sogra. Jonas organizava os instrumentos musicais e iniciava o espetáculo, com músicas românticas e envolventes, atraindo, às vezes, pessoas que se detinham para escutar uma canção que relembrava emoções do passado. Jonas cantava sem parar, até quando sua mulher vinha buscá-lo de volta.
Ele era feliz e agradecia a Deus pelo dom privilegiado com que o dotara. Cantava nas horas tristes, cantava nas horas alegres, cantava sempre. O mundo poderia explodir em sua volta, mas ele continuava cantando. E disse ao Poeta:
- Se eu parar de cantar, morrerei. É só isso que sei fazer. Veja os pássaros como são felizes. Ninguém jamais viu um pássaro chorando.
"Brilhante observação" – ponderou o Poeta quando se despedia do artista.
- Vá com Deus, campeão! bradou o artista enquanto guardava o generoso óbolo que o Poeta lhe passara às mãos.
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