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Poesias-->TRAVE DO OLHAR -- 24/08/2010 - 11:14 (FERNANDO PELLISOLI) |
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Vejo a tua mão estendida
Na dispensa do armário:
Quem vai piar nesta vida
Se não for milionário?
O instante é brusco e indigesto
Nesta procura do conforto:
Em busca de mais um gesto,
Quem já pode estar morto?
O olho vê o que lhe entenda
Nos matizes da idealidade:
Quem nunca se emenda
No impasse da realidade?
O silêncio é o meu ruído
No sentido de ser notado:
O que fazer deste gemido
Sobre o leito abafado?
Só vejo-nos outros a mim.
É no pecado o dorso do ensejo:
Que diabo ser tão ruim
Tudo que eu desejo!
Se for cego de tanto ver
O sorriso meigo de uma menina,
Como eu não vou saber
Do mal que assassina?
O ingente defeito está contido
Na trave do olhar turvo:
Por mais que eu tenha perdido,
Ao Bem sempre me curvo!
Se o Mal em mim aflora,
É que o Homem é imperfeito:
O poema termina agora
Nesta cama onde me deito!
(por Fernando Pellisoli)
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