Descrevo-me
Em avenidas suntuosas em carros importados,
Com flores sintéticas ornamentando
As orlas das praias ensolaradas.
Entrevejo, na distância inconseqüente,
Um sinal de esperança: uma luz no fim do túnel!
Quase que, num lampejo,
Sou o verso amadurecido despencando
Da árvore do mal,
[tramando um destino esférico e novo.
Ouço vozes estridentes
Dentro do meu pensamento assustado e febril,
Como se fossem sinos badalando
Nos meus ouvidos.
Sou o retiro espiritual confabulando
Com o meu anjo de guarda
E com os meus mentores espirituais do conselho divino.
Eles dizem-me:
- o tempo de madurar já passou...
[é chegada a hora de colher os frutos.
II
Que venham
As empreitadas de um novo tempo,
Trazendo as novidades impolutas ao meu triste viver.
Sou a fé, única sobrevivente,
De um artista esfarelado – quase um puído!
E sou a esperança viva
Que me salvou do meu processo suicida.
E se o meu amor
Renascer das cinzas já amortizadas,
[reviverei na alegria...
III
Ouço vozes
Anunciando o meu novo mundo,
Já regenerado em dores e aflições cotidianas.
Sou a espreita inquieta
Suspirando pelos meus momentos vindouros
De satisfações, de realizações...
A árvore da literatura já está plantada:
Resta-me, apenas,
Colher os meus livros
[no êxtase da emoção!
(por Rafael Gafforelli)
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