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Roteiro_de_Filme_ou_Novela-->Amores Roubados: Crime e castigo no sertão -- 23/01/2014 - 18:00 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Crime e castigo no sertão

Clássico romance pernambucano lançado no fim dos anos 1800, ‘A emparedada da Rua Nova’ é trazido para o século 21 em nova edição impressa e também como minissérie televisiva, captando com precisão o espírito da época em que foi escrito

por: Luiz Rebinski  /   03/01/2014
 
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Se a Rússia tem Guerra e paz, Pernambuco tem A emparedada da Rua Nova. Assim como o romance máximo de Tolstói, a obra criada pelo prolífico, mas desconhecido (fora do Recife), Joaquim Maria Carneiro Vilela traça um extenso e profundo painel da vida social e econômica das últimas décadas dos anos 1800 na capital pernambucana.

Tão interessante quanto a história que sustenta o romance (um pai furioso que empareda a filha viva) é a trajetória do livro. Publicado em 1886, A emparedada da Rua Nova fez caminho editorial pouco usual, sendo lançado primeiro em livro pela Typographia Central (Recife), para voltar, mais de 20 anos depois, como folhetim do Jornal Pequeno, que o publicou ao longo de dois anos e meio, entre agosto de 1909 e janeiro de 1912.

Apesar de ter feito sucesso na época em que foi para as páginas do periódico, o romance e seu autor atravessaram o século 20 em meio a um silêncio sepulcral que só é quebrado agora, cem anos depois da aparição da história na imprensa, com a adaptação para a TV e uma nova e caprichada edição do catatau de quase 600 páginas.

Com o título de Amores roubados, a minissérie que a TV Globo coloca no ar neste mês foi rodada entre janeiro e julho de 2013, parte em Paulo Afonso (município baiano que faz divisa com Alagoas), parte em Petrolina (no interior de Pernambuco). E a história da minissérie enfrentou périplo parecido com o do romance de Carneiro Vilela. O diretor José Luiz Villamarim conheceu A emparedada da Rua Nova em 1996, quando gravava a novela O rei do gado. O livro lhe chegou às mãos pelo roteirista de Amores roubados, George Moura, que é pernambucano e conhecia o romance de Vilela desde os anos 1980.

“No total, esse projeto tem 17 anos. O George me mostrou o livro e fiquei muito impressionado. Quando li a primeira vez, pensei na hora que aquilo dava uma novela. Mas o tempo foi passando e só três anos atrás conseguimos realizar nosso desejo de fazer a adaptação”, explica Villamarim.


 
A percepção do diretor a respeito da proximidade entre o romance e a novela se justifica. O livro de Carneiro Vilela tem capítulos curtos, com vários núcleos narrativos e personagens com grande carga emocional, estrutura perfeita para a plataforma do folhetim eletrônico.


“O livro é bem grande, mas 400 minutos de TV também não é pouco [a minissérie foi dividida em 10 capítulos de 40 minutos]. É preciso que haja muita peripécia, muitas reviravoltas para sustentar no telespectador o interesse pela trama. O formato de A emparedada ajuda, mas a adaptação é uma transformação completa”, diz o roteirista George Moura.

PEGADA POLICIAL
Com uma abordagem policialesca, A emparedada da Rua Nova conta a história da família Favais, que é enredada em uma trama de amor, traição e morte. O rico negociante de origem portuguesa Jaime Favais (Murilo Benício) descobre que sua esposa Josefina (Patrícia Pillar) e sua filha Clotilde (Ísis Valverde) se envolveram com um jovem chamado Leandro Dantas (Cauã Reymond), que por sua vez também manteve um caso com Celeste (Dira Paes), mulher de um amigo da família. Jaime se vinga do Don Juan pernambucano, que aparece morto em um engenho do distrito de Jaboatão. Como punição, a filha Clotilde, grávida de Dantas, é emparedada viva em um desvão do sobrado da Rua Nova.

Além do mote fantasioso que sustenta o romance (o emparedamento de Clotilde), Vilela trabalhou com algumas histórias reais de seu tempo, como o crime que abre o livro. Em fevereiro de 1864, um cadáver foi encontrado no Engenho de Suaçuna, mesmo local e data registrados no romance. Isso, aliado ao texto denunciatório do autor, com críticas à igreja, ao Estado e ao sistema educacional da época, fez com que a história fosse entendida como real por muitos leitores, o que só fez crescer o mito em torno do livro. O entrelaçamento de ficção e realidade é um dos pontos fortes de A emparedada, espécie de “pulo do gato” do autor, que escrevia em uma época em que a expressão “jornalismo literário” ainda não fazia nenhum sentido.

“Não é só a notícia de um assassinato no Engenho Suaçuna que é verdadeira — mesmo que o narrador do livro venha a dar uma leitura toda própria do episódio —, mas a própria fonte que ditou a história para o autor/narrador. No caso, uma velha empregada, ex-escrava, que vivenciara a situação e fora testemunha ocular de tudo. Essas duas fontes levam os leitores a acreditar que os fatos narrados realmente ocorreram”, explica Tenório Vieira, professor do programa de pós-graduação em Letras da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).


 
Além do núcleo central, há diversos personagens secundários, mas não menos interessantes e intensos, como Zarolho e Bigode de Arame, os executores do crime. Por meio das diversas tramas que entrecortam o livro, vão se revelando aspectos significativos da sociedade de então, que se modernizava em compasso acelerado, trazendo profundas mudanças de hábitos.


Isso significou um desafio para a equipe da minissérie, que teve a incumbência de trazer para o século 21 um cenário tão marcante de um período completamente diferente de nossa história. “O diretor artístico da emissora, Manoel Martins, fez uma provocação e nos instigou a fazer uma versão contemporânea de A emparedada”, revela Villamarim.

O recado de Martins foi entendido e o Nordeste contemporâneo, segundo o roteirista George Moura, está bastante presente na minissérie. “No livro, a questão moral é bastante presente. Na minissérie, o cerne é outro. Exploramos as contradições de um sertão contemporâneo, onde o jegue vive ao lado de mansões de gente que ganha muito dinheiro com vinícolas movidas a alta tecnologia. Esse sertão ainda não é muito conhecido e pouquíssimo retratado pelo audiovisual, principalmente pela TV.”

Em Amores roubados, Jaime Favais, no romance original um comerciante de rua, aparece agora na pele de um fabricante de vinho que dá emprego a Leandro Dantas, que surge como um sommelier.

O livro de Vilela também traz para o primeiro plano da história o Recife, que aparece como personagem de destaque. Os casarões por onde a elite desfila e os rincões que abrigavam a base da pirâmide social de lá ajudam a moldar uma cidade que enfrentava uma onda de modernização, o que deixava ainda mais evidente os contrassensos e as desigualdades da sociedade.

Tais contradições, em Amores roubados, são refletidas por meio das águas do rio São Francisco, utilizado como metáfora de fartura e pobreza. “O Rio São Francisco é muito presente, porque à beira dele está concentrado tudo, a riqueza dos plantadores de manga e uva e a pobreza dos pescadores”, enfatiza Walter Carvalho, diretor de fotografia da minissérie. Para ele, Amores roubados é um produto híbrido entre cinema e televisão. “Levo para a TV minha equipe de cinema e eu mesmo faço a câmera, o que é pouco usual. No entanto, não estamos fazendo cinema, mas sim o que chamo de transtevê. É outra coisa. No cinema, por exemplo, não há intervalo para comercial, o tempo narrativo é diferente”, diz Carvalho.

ESPÍRITO DA VIRADA DO SÉCULO
O zeitgeist da virada do século, capturado com precisão pelo escritor Carneiro Vilela em sua principal obra, certamente permanece como um atrativo para novos leitores do livro A emparedada da Rua Nova.

Mas, segundo Anco Márcio Tenório Vieira, que assina o prefácio da mais recente edição do romance, a atualidade da publicação não se liga tanto aos costumes, “mas sim à natureza do ser  humano, que se vale do dinheiro e do prestígio para passar por cima da lei, usa de todos os meios para se dar bem na vida, busca experimentar uma vida sexual menos monótona do que a vivenciada em casa e constrói uma imagem de si, perante a sociedade, distinta da sua verdadeira essência”. E completa o professor: “Creio que a junção de todos esses elementos é o que nos leva a ler Vilela e encontrar nele a nossa contemporaneidade”.
 


DOSTOIÉVSKI PERNAMBUCANO 
Assim como Fiódor Dostoiévski, que escrevia compulsivamente para pagar dívidas de jogo, Carneiro Vilela viu na escrita de folhetins um meio de ganhar a vida. “Em 1908, o escritor fora vítima de um acidente vascular cerebral (AVC). Apesar de ser bacharel em Direito, Vilela pouco exerceu a profissão: como advogado e juiz. Ele acreditava que ambas tiravam a sua liberdade de pensamento, de dizer e acusar os malfeitos da sociedade”, explica Tenório Vieira. Para sobreviver, Vilela passou a escrever para a imprensa (artigos, romances, ensaios, contos, crônicas). Com o AVC, impossibilitado de escrever, ele se valeu de um expediente de que já lançara mão em 1893: reeditar em jornais os textos publicados em livro. Naquele mesmo ano, ele publicara no jornal A Província (Recife) Noivados originais, que trazia como subtítulo “Histórias históricas”. Essa série em prosa e verso já tinha sido publicada, inicialmente, em 1871, na revista América Illustrada (Recife) e, dois anos depois, em 1873, em livro, com o título Fantasias: contos ao correr da pena — 1864-1873. “Por que A emparedada? Primeiro, por ser o mais longo romance que escreveu e publicou, o que lhe permitiria sobreviver durante um período de dois anos, daquilo que escrevera enquanto se recuperava do AVC. Segundo, por ter sido seu livro de maior apelo popular. Seu diagnóstico se revelou correto: a história foi um sucesso imediato”, diz Tenório Vieira.

Obs.: Mal comparando, a história do sertão tem algo a ver com o filme Teorema, do gay-cineasta italiano Pier Paolo Pasolini. Tanto numa história, como na outra, aparece um forasteiro que come a mulherada. Teorema vai um pouco além: o forasteiro come também os machões do pedaço. Mais um pouco de gayzismo no Brasil, essa série da TV Globo, daqui a uns 20 anos, com direção de Walcyr Carrasco (autor da novela gayzona Amor à Vida), terá um forasteiro comendo também os coronéis da manga e do vinhedo...(F. Maier)

 

Conheça o Estado policial fascipetista denunciado em livro por Romeu Tuma Jr., acessando:

http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/o-livro-bomba-tuma-jr-revela-os-detalhes-do-estado-policial-petista-partido-usa-o-governo-para-divulgar-dossies-apocrifos-e-perseguir-adversarios-caso-dos-trenes-em-sp-estava-na-lista-el/

Faça download do livro de Tuma Jr., ASSASSINATO DE REPUTAÇÕES - UM CRIME DE ESTADO, clicando em

http://liciomaciel.wordpress.com/2014/01/15/tuma-jr-livro-download

 

Leia os textos de Félix Maier acessando:

1) Mídia Sem Máscara

http://www.midiasemmascara.org/colunistas/10217-felix-maier.html

2) Piracema - Nadando contra a corrente (textos mais antigos)

http://felixmaier.blogspot.com/

3) Piracema II – Nadando contra a corrente (textos mais recentes)

http://felixmaier1950.blogspot.com/

 

Leia as últimas postagens de Félix Maier em Usina de Letras clicando em

http://www.usinadeletras.com.br/exibelotextoautor.php?user=FSFVIGHM

 

Para conhecer a história do terrorismo no Brasil, acesse:

http://wikiterrorismobrasil.blogspot.com.br/

 

 

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