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Contos-->UMA MULHER MAGNÂNIMA -- 12/05/2009 - 10:05 (GIVALDO ZEFERINO) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
- És a única no mundo. O meu coração jamais permitirá que eu entregue o amor que tenho guardado só para ti a outra mulher e eu te juro que, em te amando, esta noite, levarei para o túmulo este momento e jamais hei de amar outra pessoa assim como a ti.
- E amanhã? - retorquiu ela - amanhã, mesmo distante, sentirias saudades que te fariam voltar e atormentar-te e atormentar-me com esse amor impossível. Não, meu amigo, procura evitar o primeiro gole da taça dessa tua louca paixão; pois, assim, o amor que ora sentes, extinguir-se-á, aos poucos, sem mesmo perceberes. Se hoje me possuísses, ficarias feliz por teres satisfeito o teu amor próprio e quererias mais e mais, e sempre mais até te fatigares e te cansares de mim. O amor que me confessas tem raízes profundas nos teus sentimentos puramente carnais. Tu amas o meu corpo; isto não é tudo. O amor verdadeiro é resguardado e sóbrio; é discreto e sublime; não exagerado e voluptuoso. O que tu sentes é paixão efêmera e doentia. Mais cedo ou mais tarde, tu mesmo o comprovarás.
- Essa noite, eu não dormi com a tua imagem me torturando. Corrias nas minhas veias e explodias no meu coração. Só tu poderás acalmar essa tempestade que atormenta o meu peito?
Por uns minutos, ela ficou calada e pensativa, convidou-me para tomarmos um sorvete. Lá na sorveteria, depois de termos pedido o sabor desejado ao garçom, ela prosseguiu:
- Os homens, em geral, são ousados, arrogantes, mas também inconstantes. Amam todas as mulheres que passam e, no final, são sempre solitários e infelizes interiormente. Tudo isso porque se perdem de si mesmos e, quando chegam a encontrar-se, já um pouco tardiamente, sentem o vazio que deixaram atrás de si pela grande estrada árida e deserta de suas vidas.
O meu desejo ia aumentando, enquanto ela falava. Tentei, tentei, porém, ela, firme como uma rocha, resistiu aos meus apelos. Então parti dali com o meu sentimento frustrado e com certa revolta pela sua rejeição. Talvez eu fosse assim como ela afirmou: "ousado e inconstante". Talvez aquele meu entusiasmo por ela não passasse de "uma paixão efêmera e doentia".
Fui adiante. Conquistas, umas mais fáceis outras mais difíceis surgiam na minha vida, mas nada era constante. Eu queria mais. Eu queria amar a todas as mulheres do mundo. A minha inconstância não me permitia criar raízes, mesmo quando me defrontava com criaturas ideais para se constituir um lar e, com certeza, contribuir para a minha felicidade e ventura até a velhice. Eu não tencionava encarar com seriedade e responsabilidade os rumos da minha vida. Eu só queria sentir o prazer de viver o momento, de quebrar o relógio que avisa que o tempo está passando e que envelhece o sangue que corre nas veias da gente. Eu era jovem ainda e continuei, por muito tempo, pensando e vivendo levianamente, sem olhar para o futuro nem reparar os erros do passado.



Certo dia, dei de cara com ela. Estava mais bela e sensual, porém, recatada como no princípio.
-Olá! - disse eu.
-Eis de volta o grande conquistador. Até que senti saudade - disse ela sorrindo.
E eu falei:
- Você tem razão em não acreditar num boêmio que tentou seduzi-la com palavras falsas e enganadoras; porém, você foi mais sensata e não se deixou levar pela minha leviandade. Você é nobre demais, e eu peço que me perdoe, pela atitude vil e mesquinha de um desvairado sedutor.
- Suas cantadas não me atingiam porque eu, como todas as mulheres, sei quando estou sendo amado e sei, também, quando estou sendo, apenas e tão-somente, desejada. Por isso, temos uma natureza mais defensiva diante dos homens; aprendemos a analisar mais profundamente o seu comportamento, embora, muitas vezes, deixemos que nos enganem, mesmo sabendo que estamos sendo ludibriadas.
- Agora, eu preciso de tempo para reorganizar a minha vida. Você tem razão: Ninguém engana ninguém. As pessoas com quem me relacionei, também buscavam os prazeres da vida, simplesmente, como eu. Queriam viver apenas o presente, sem vislumbrar as coisas belas, saudáveis e duradouras que aquele presente oferecia.
- Vá em frente, meu amigo. Talvez, algum outro dia me dará o prazer de encontrá-lo de novo. Adeus! - Aí partiu, sem mais delonga, e eu fiquei a observar o seu corpo e a sua alma, e achei magnânima aquela mulher.



Ela estava ali, diante de mim, radiante, com aquele frescor feminino que faz qualquer coração de um homem alterar as suas batidas. Aproximou-se, sorrindo, e foi, logo, perguntando onde eu tinha me escondido porque não me via há muito tempo.
- Senti a sua ausência. - Disse ela.
Depois daquela cantada que eu dera, no começo do nosso relacionamento, a minha inibição foi tamanha que, nunca mais, tive coragem de lhe falar sobre a atração e o amor que, sempre, sentia por ela. Nada lhe respondi e mudei de assunto. Sentados em um dos bancos da pracinha, conversamos sobre a faculdade - ela ia se formar em medicina no próximo ano - sobre os negócios da minha empresa e sobre outros assuntos banais.
De repente, surpreendemo-nos com nossas mãos entrelaçadas, quando caminhávamos em direção à sorveteria.

Nenhum de nós ousava desfazer aquele momento sublime que unia nossas mãos, num afago mútuo, preenchendo de prazer os nossos corações e as nossas almas.
O meu pensamento voou, imediatamente, pelo tempo e pousou naquele dia, quando, num arroubo da minha adolescência efervescente, lhe pedira para ser minha, uma noite apenas, e ela rebateu, com elegância e superioridade, deixando-me frustrado, desiludido, e até, com raiva daquela recusa. Lembrei do palavreado romântico que joguei para ela que, gentilmente, revelou a face oculta do galanteador que se passa por um apaixonado, mas cujo objetivo era de interesse meramente egoísta e transitório.
Aí, voltei-me para ela e lhe disse:
- Deixa-me amar-te apenas... Para sempre. Depois... Nunca mais, haverei de partir.
E ela me olhou e sorriu um sorriso de aquiescência, devotamento e de felicidade.
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