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Poesias-->EXTINTA POESIA -- 09/04/2001 - 18:31 (Anderson Christofoletti) |
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I
A centelha que crepita
À margem do papel
Fende o meu corpo
E inquieta minha alma.
Este intento em chama
Que arde e pulsa
Não se declama ,
Não se derrama
À realidade.
O papel - esfera expectante -
Não sabe em que tempo
Seu tempo chegará.
Espera pelo afago da tinta,
Pela violação da sobriedade
Deste pragmatismo retórico.
Não sabe que o silêncio
Talvez seja seu papel.
A pena - fera entreposta -
Entre fonte e foz.;
Guerreira exaurida
Por batalhas travadas,
Por amores apetecidos,
Por lágrimas derramadas...
Agora sente o urgir das horas
Por entre sombras e auroras.
II
Papel e pena:
Matéria efêmera
Que às mãos da arte
Ganha vida.
Mais que isso:
Ganha asas, cores
E sentido.
III
Estes corpos estáticos,
Inertes pela própria natureza física
Que os tange,
Se entregam ao bale lascivo
Da escrita.
É o momento em que
Dois universos interagem.;
Momento em que
O concreto áspero
E a vida pulsante
Concebem
A expressão .
Aquilo que fere a realidade
E se acoita na eternidade,
Agora é sonho real.
É algo além de um simples ideal.
É a fome que se consome e se sacia...
É a palavra e o poeta.;
O papel e a tinta.;
A extinta poesia...
©Anderson Christofoletti |
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