O Aldezir era nosso vizinho na Rua General Càmara. Sua mãe, Dona Maria,, mais tarde, espero escrever algumas "estórias" da época em que ele foi soldado da Aeronáutica, nos tempos glamourosos do antigo Galeão.
O escrete de ouro da seleção brasileira de futebol, que começava atingir seu sonho de ser campeão mundial pela primeira vez, pelos pés de Pelé, Garrincha e Cia, o Aldezir ficou alucinado com a possibilidade de festejar a conquista deste título com um imenso balão.
A bem da verdade, a alucinação era geral. Traumatizada pela perda,em casa,da taça Jules Rimet em 1950, a população de todas as
Aldeias começava os preparativos da festa após o apito final do jogo que nos consagraria campeões mundial de futebol-o esporte nacional.
Todos os dias,quando chegava da escola, eu ia para a casa dele ajudar na feitura de um imenso balão-estrela. Ele, que havia se casado com
Dona Teresa, morava na casa ao lado da de sua mãe e que ficava bem nos fundos do terreno. A minha função, nessa empreitada,era a de colar os gomos de papel fino com a cola de farinha de trigo que sua bela esposa havia feito. Como arquiteto, engenheiro e decorador do entusi asmo que era a sua melhor vertente, não se fugiu do banal naquelas horas respeitando-se as cores nacionais no balão. Ficou bonito.
Ao apito final do jogo contra a Suécia que tornou a Seleção Canarinho campeã mundial de futebol de 1958, os céus da Aldeia
deram lugar a centenas de milhares de balões feito por tantos outros Aldezires afora. Nunca se viu , nem jamais se verá tantos balões. O
nosso pegou fogo quando ainda estava bem baixo. Melhor assim.
A Seleção nunca precisou de balões para festejar suas taças que vieram depois, nem nós. Mas que foi bonito, foi!