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Contos-->Vingança mortal -- 05/05/2009 - 13:32 (GIVALDO ZEFERINO) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Vingança mortal

Thiago e um antigo camarada desentenderam-se, na época em que estava infiltrado no submundo das drogas. Não se sabe bem o que aconteceu, mas deve ter sido um confronto muito sério porque, desde então, surgiu uma grande hostilidade entre os dois. Descuidou-se do perigoso inimigo, contudo, este não o havia esquecido e aguardava a oportunidade de destruí-lo.

Nos arredores da cidade onde morou, um rico fazendeiro fora misteriosamente assassinado. Hábeis detetives empreenderam minuciosas investigações, todavia, nada descobriram a respeito do crime, e o inimigo acompanhava todo esse vaivém. Em conseqüência do fracasso das investigações, apossou-se-lhe a idéia de incriminar Thiago. "Que preciosa oportunidade!" pensou. Analisou cada detalhe do homicídio, planejou cuidadosamente como deveria proceder, e partiu para consolidar o projeto diabólico de vingança.
- Doutor Giovani, eu sei quem matou seu pai. O assassino... Chama-se Thiago. Três dias atrás, completamente embriagado, deu com a língua nos dentes.
O veterinário, homenzarrão de quarenta e oito anos, expressão carrancuda e rancorosa, ouviu com interesse e desconfiança, o relato do desconhecido.
- Onde está o criminoso? rosnou com a voz trêmula e sussurrante.
- Eu não sei onde ele mora.
O homem ruborizou-se. A cólera veio à tona.
- Você vem a esta casa, me diz que sabe quem matou o meu pai... no entanto, ignora onde ele se esconde. Muito bem!
Encarou o intruso com desprezo.
- Você acaba de reacender a minha fúria! Agora, me apetece saber o paradeiro desse energúmeno. Uma vez que descobriu quem é, trate de localizá-lo, ou vai se arrepender, pelo resto da vida, de ter vindo me incomodar.
O delator tremia. Nenhuma palavra saía dos seus lábios. Doutor Giovani deu uma volta pela sala e dispensou a incômoda visita com uma recomendação.
- Vinte e quatro horas!... Tem o prazo de vinte e quatro horas para me trazer o assassino. E nem pense em escapar de mim, porque aonde você for, eu estarei no seu encalço.
Estava agitado, pois, era-lhe impossível deslembrar o infortúnio do velho pai. Nunca seria tarde para punir o culpado. O delator retirou-se de mansinho, revoltado consigo mesmo, pois esquecera uma informação deveras indispensável. Sem demora, entrou em contato com outros camaradas e, por sorte, descobriu o paradeiro de Thiago.


Sentado à porta do estabelecimento Thiago conversava animadamente com um freguês, quando um homem estranho aproximou-se, encarou-o com firmeza por um instante, e se retirou sem pronunciar uma palavra sequer. Thiago franziu o cenho, incomodado. Ao cabo de vinte minutos, o homem estranho retornou acompanhado por dois indivíduos armados e, com o dedo em riste apontado para ele, falou:
- É este o homem.
-O senhor está preso. Queira nos seguir imediatamente, proferiu um deles.
Thiago arregalou os olhos, surpreso, sem acreditar no que ouvia. Enquanto tentava se defender, os dois gigantes obrigaram-no a entrar num automóvel, e partiram em seguida.
- Senhores, o que está acontecendo? Esperem um pouco! Permitam-me, ao menos, fechar o armazém... Preciso...
- Cale-se! gritou um deles. O que vamos fazer agora é muito mais urgente do que você imagina.
Simultaneamente, desferiu-lhe uma tremenda coronhada na cabeça, que o deixou desacordado. O homem estranho sorria de prazer, antegozando o desfecho daquele enredo.
O automóvel corria velozmente quando Thiago despertou sentindo forte dor de cabeça e viu quando o homem estranho virou-se para ele, com um brilho colérico nos olhos. Thiago ainda abriu a boca, contudo, não teve coragem de falar, e abaixou a vista.
Finalmente, ingressaram numa cidade grande, tomaram a estrada em direção ao norte, afastando-se da área urbana. Com a chegada da noite, alcançaram o destino, uma suntuosa fazenda, distante pouco mais ou menos dez quilômetros da cidade. O homem voltou-se novamente para ele. De primeiro, retirou os óculos; posteriormente, o bigode postiço e, por último, a peruca que lhe encobria a calvície. Thiago estremeceu. Era isso!... Finalmente, compreendeu toda aquela conspiração. Apenas balbuciou:
- Tobias?
- Enfim o encontrei, miserável! esbravejou o outro. Aguarde o que vai lhe acontecer, pois, quem mexe comigo, jamais ficará sem o troco, e você não seria uma exceção. Sabe o que houve? Um assassinato. O culpado nunca foi descoberto. Eu tive muita pena da família do morto, e assim, descobri você. Não é maravilhoso?
- Que tem isso a ver comigo?
-Você é o assassino, meu chapa... Está indo direto para o inferno.
- Você é um monstro horripilante!
- Estamos quites, irmão. Pode morrer em paz.
Enquanto Thiago se refazia da surpresa, pararam diante de um casarão, de cujo interior alguém surgiu e veio atendê-los; os guardas arrastaram-no bruscamente para fora.
- Doutor Giovani me aguarda, disse Tobias.
- Ele foi à cidade, mas logo, estará de volta - o caseiro respondeu examinando com curiosidade aqueles homens que empurravam um outro, cabisbaixo e indefeso.
- Vou aguardá-lo, replicou Tobias secamente.
Conduziram o prisioneiro para o interior da casa e o trancafiaram num quarto vazio. O terror tomava conta de Thiago que tremia dos pés à cabeça, possuído por um grande desespero. Todas as suas esperanças desmoronaram-se.


Por fim, apareceu o vingador portando um cinturão de couro que expunha uma fileira de facas pontiagudas e bem amoladas. Examinou Thiago da cabeça aos pés, sem esconder o ódio que o dominava.
- Quero denunciar um falso testemunho, disse Thiago.
- Cala-te, Satanás! grunhiu o outro com os olhos faiscantes.
Súbito, uma das facas cintilou em sua mão direita, e foi enterrar-se nas virilhas de Thiago que, com um grito de dor e de espanto, curvou-se para arrancá-la de sua carne, enquanto outra faca penetrava em suas costas. O sangue jorrava em abundância, os golpes alternavam-se com maior rapidez. Thiago tombou. A vingança estava consumada. No chão, jazia um corpo todo picotado que ainda escutou uma voz longínqua:
- Pelo amor de Deus, Giovani, tu mataste um inocente! Não é este o assassino!
Mas, era tarde. Thiago acabava de perecer.
Ante tal afirmativa, Giovani descobriu que fora enganado, e praticara uma injustiça. Instintivamente, empunhou seu revólver e o descarregou sobre Tobias com todo o furor que um ser humano pode ser capaz de sentir por outro.

Tobias, jamais, suspeitara que alguém tivesse guardado este segredo para ser revelado, exatamente, naquela oportunidade. Regozijara-se com a desforra, porém, decretou o seu próprio aniquilamento. Maquinou a ação criminosa, e transformou Giovani num instrumento de morte induzindo-o a eliminar um inocente, quando, na verdade, só queria vingar o assassinato do pai.
Sem demora, o homem bateu em retirada e desapareceu na escuridão.
"É impossível!... Devo estar sonhando!" desesperava-se Giovani, deitado na grama perto do estábulo onde o gado dormitava ruminando a forragem. Ele, também, ruminava o que acontecera consigo nos últimos dias:
"Doutor Giovani, eu sei quem matou seu pai. O assassino... Chama-se Thiago. Três dias atrás, completamente embriagado, deu com a língua nos dentes".
"Quero denunciar um falso testemunho".
"Pelo amor de Deus, Giovani, tu mataste um inocente! Não é este o assassino!".

Maldição! Giovani gritou indignado.
Havia exterminado a pessoa errada, abateu um bandido, e quem causou a morte do seu genitor continuava vivo em algum lugar. Gilberto, seu irmão de criação, apresentou-se um pouco atrasado para lhe comunicar a descoberta do verdadeiro matador.
Seguramente, mais um crime haveria de ser cometido.


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