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cronicas-->Jayme Villas-Boas Filho -- 25/01/2006 - 11:39 (Paulo Maciel) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Jayme Villas-Boas Filho


A primeira festa a que compareci na Colónia de Férias do banco, em Amaralina, foi a de São João, no ano de 1954.
Desde que chegara transferido de Serrinha, no ano anterior, eu era freguês da Colónia, sede de praia da associação dos funcionários, lugar muito agradável, onde a gente se hospedava nos fins de semana. O pessoal do interior ali passava a lua-de-mel, sete dias sem pagar nada, uma cortesia do banco.
A Colónia possuía oito apartamentos para solteiros, no térreo e três suítes no primeiro andar, para casais, a comida era boa e aos domingos servia uma famosa feijoada.
Durante a tal festa de São João, à qual compareceram diretores, altos funcionários e dezenas de colegas, fiquei completamente bêbado. Foi a única vez que me aconteceu isso.
Embora "alto" lembro perfeitamente que em certo momento, ao lado da mesa de comidas juninas, repetidas vezes ofereci pedaços de bolo de milho a um senhor gordo, vestido de branco, engravatado. Ele recusava, mas achava graça de minha insistência.
Pela meia noite eu estava tão fora do ar que alguns amigos me levaram para um apartamento, deitaram-me numa cama e colocaram um alkaseltzer na minha mão. Enquanto iam pegar um copo d´água tentei engolir o comprimido, que ficou entalado na garganta, provocando desagradável ferimento.
Aquela que foi uma noite memorável foi também a que deu início a meu relacionamento com Dr. Jayme Villas-Boas Filho, o corpulento senhor a quem tanto incomodei.
Por fás ou por nefas, muitos anos depois fui trabalhar diretamente com ele, que assumira o cargo de Superintendente de Relações (RH, publicidade e acionistas), como resultado de uma reorganização administrativa do banco.
É claro que já o conhecia, pois quando estive na subchefia do Serviço de Pessoal ele ocupava a gerência da Agência Central, um dos cargos mais importantes do banco.
Fui auxiliar de dr. Jayme por vários anos e o substituí enquanto exerceu a presidência da Federação das Indústrias da Bahia, ocupando o cargo temporário de superintendente-adjunto, e também quando passou uns seis meses nos Estados Unidos, estagiando num grande banco da Califórnia. Não conheci chefe tão gentil e cordial como ele, pessoa generosa, magnànima, que valorizava como ninguém seus subordinados. Quando quer que você precisasse, ele estava pronto a ouvi-lo e aconselhá-lo.
Quando servi sob sua direção cabia-me, entre outras tarefas, elaborar as normas de serviço, manuais, regulamentos, planos de cargos e salários e coisas do gênero da área de recursos humanos.
Durante a fase de criação, ele estava sempre à disposição para discutir os projetos, embora não fosse verdadeiramente um técnico em pessoal.
Depois que dávamos o trabalho por concluído, ele encaminhava cópias ao presidente, diretores e demais superintendentes administrativos, os quais, em reunião específica, debatiam e aprovavam o estudo, com alterações ou não.
Nunca houve uma situação em que dr. Jayme deixasse de evidenciar para seus companheiros que o projeto era de minha autoria, e muitas vezes fazia questão de me levar às reuniões para defendê-lo. Parte do prestígio que vim a adquirir no banco deveu-se ao apoio que dele recebi.
Quando fui convidado por dr. Valdemar Tourinho para ocupar a gerência da Agência Central, cargo que exerceu, ele me estimulou a aceitar a missão e referendou a escolha, embora viesse a perder um colaborador.
Dr. Jayme Villas-Boas Filho não foi apenas um bom chefe, mas tornou-se um grande amigo. Homem pobre, cheio de filhos, foi dos primeiros a adquirir uma Kombi para transportar a família, ainda acrescida por uma sobrinha de sua mulher, Dona Regina, que morou muitos anos com ele. Não havia festa em sua casa que ele deixasse de me convidar e terminei por me ligar a todos eles, inclusive seus numerosos irmãos, dos quais também me tornei amigo.
Nos anos em que morei no Recife, ele sempre aparecia por lá e não deixava de almoçar em minha casa. Às vezes fazíamos para ele u´a macarronada calabresa, prato típico da família de minha mulher, mas era mais frequente preparar uma rabada, iguaria que ele apreciava muito.
Dr. Jayme deixou uma contribuição inestimável nas áreas de recursos humanos, com a sistematização dos procedimentos de pessoal e a revitalização do treinamento e da publicidade, mediante sua institucionalização na empresa. Foi graças a ele que a PROPEG, de Rodrigo Sá Meneses, um devotado e reconhecido amigo, levantou vóo para alcançar prestígio nacional.
Ele não foi um homem importante na vida do Banco Económico apenas pelo trabalho que realizou, mas, sobretudo, pelo exemplo de correção, modéstia, tolerància e bondade que deixou para todos nós. Sua saída da instituição por divergência com o principal dirigente representou uma perda significativa para a organização.
17/01/06
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