Em Portugal, salvo algum inopinado lance que bruxa alguma se atreverá a prever, os cidadãos só serão chamados ao voto dentro de três anos e pico. Por agora e para o próximo lustro, o Presidente da República está designado, e o Primeiro-Ministro, que dispõe de maioria absoluta no Parlamento, exerce com plena naturalidade o seu governo. Quando de novo chegar a data de se proceder a nova legislatura, logo se constatará o que deveras pretendiam os antecipados prenunciadores da conflitualidade entre Cavaco Silva e José Sócrates, a tal "distorção democrática" - segundo um "eloquente" ministro useiro e vezeiro no "tacho" - que não vai distorcer.
Quanto a mim, Cavaco Silva, por bem conhecer a provisória situação em que se encontra o PSD, não mexerá um só dedo a favor do progresso liderante de Marques Mendes, que é de resto, mesmo sem querer, o mais garantido sinal de tranquílidade para José Sócrates, enquanto assim durar. De resto, o Presidente da República fará quanto puder e souber, com o melhor dos empenhos, para ajudar o Governo a minorar o mais possível e a superar a crise económica que vai perpassando. Assim pois fiará a roca pelos próximos meses adiante, independentemente das convulsões internas que desde já estão em gestação entre os principais figurantes do PS e do PSD.
Posto isto, tomando o famigerado "se", interrogo-me: se um deles, Alegre, Soares, Jerónimo, Louçã ou Garcia, tivesse sido eleito PR, na actual circunstància, para onde iria o país? Das duas, uma: não iria a sítio algum ou correria o sério risco de afundar-se mais e mais ainda. Conforme, em séria reflexão, bem se pode extrair da campanha eleitoral decorrida, ficariam os portugueses encimados por um brincalhão palavreante, entre rolos e rolos de papel higiénico, a fingir que não tinha necessidade alguma até que a sanita transbordasse.
De resto, por mais que o "Contra-Informação" se farte de brincar e gozar com a bonecada política, creiam, a maioria dos bonecos, ao vivo, são mesmo a sério. Apre, que bem os portugueses souberam evitar uma das maiores palhaçadas políticas de sempre. Entretanto, vamos divertir-nos imenso com a grande catadupa de saliva que aí vem até que as glàndulas da ambiciosa sacanagem seque de vez.
António Torre da Guia
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