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Cronicas-->Mulheres do Centro -- 07/01/2000 - 22:44 (Renato Rossi) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
As mulheres do centro são diferentes. Eu não estava acostumado e, de repente, vejo estas mulheres do centro da cidade. São muito diferentes das mulheres dos bairros.

Não, não são mulheres de vida fácil, muito ao contrário. Me refiro ao que poderíamos chamar, mulheres de escritório. Usam saias justas, salto alto, meias de seda, batom. Batom não vale. Batom qualquer uma usa. A diferença é o estilo, vamos dizer assim, escritório. Ou para valorizá-las como merecem, executivas. Sejam secretárias, atendentes, telefonistas, faxineiras, analistas, assessoras, diretoras. São executivas e há todo um modo de vestir que só se vê no centro das cidades. Mesmo quando param num boteco para comer pão de queijo.

Confinado no bairro durante tantos anos, eu já tinha esquecido.

Mas elas continuam lá. O curioso é que não envelhecem. Há senhores em ternos de todas cores e idades - tanto os ternos quanto os senhores - mas mulheres com mais de trinta e cinco eu acho que não há. É bem verdade que não posso ficar olhando muito detidamente sob pena de levar uma bolsada, mas a mim todas parecem jovens. Pelo menos quando estão de costas. Serão meus olhos que eu julgava de lince, ou mera propaganda enganosa como se fala de uma deputada aqui do Distrito Federal? Não sei. Talvez seja alguma estranha doença que elimine as executivas quando chegam perto dos quarenta. As que não conseguem voltar aos trinta são sumariamente eliminadas. Talvez seja a tal crueldade da vida competitiva, talvez elas descubram que tem mais o que fazer. Talvez talvez, sei lá.

De um modo geral elas não moram no centro. Lá apenas trabalham. Mas nunca são vistas nos bairros. Acho que em algum lugar do trajeto elas se transfiguram, transformam-se em mulheres normais, mulheres de bairro. Durante o trajeto vão se modificando e, quando chegam na padaria já são mães, esposas, estudantes, avós.

Da executiva só sobra o batom. Mas batom não vale. Batom qualquer uma usa.





Escrito em 02.12.1999
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