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Contos-->O IMPÉRIO DECAÍDO -- 06/04/2009 - 19:35 (Roberto Stavale) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Na antiguidade, cerca de 500 anos a.C, existiu um império paralelo ao Império Romano que, devido aos seus mandatários, ficou conhecido como o Império Decaído.
O seu verdadeiro nome era Brasilius Varonilis.
Segundo o historiador romano, Julio Crescentius, essa antiga nação, depois de mais de meio século de roubalheiras, corrupções e nepotismos, elegeu, em meio a uma grande euforia, a salvação divina para todos os seus males, o imperador que, quando criança, foi ferreiro – César Divinus Lulicicus .
Todo pomposo, o novo imperador, que só falava o latim vulgar, depois de umas bebedeiras de vinho mandou fabricar, na Gália, uma carruagem enorme, onde cabia toda a sua numerosa família e infinitos assessores. Esta carruagem, projetada para ser levada por enormes águias, e não cavalos, podia voar, em vez de trafegar pelas esburacadas estradas do império. A imensa biga ficou conhecida como aerus-lulis.
Para formar o seu império, Lulicicus escolheu os melhores guerrilheiros, invasores de terras, arrombadores de cofres, seqüestradores, hipócritas, farsantes e os maiores especialistas em roubar o tesouro do império.
Em meio de um bacanal nas termas do palácio, por sugestão dos seus fiéis amigos Gesuinus e Dirceus, fundou uma seita política que passou a se chamar Pobres Tolos, fazendo alusão à sofrida plebe faminta e sedenta de justiça. A nova ordem ficou conhecida como PT.
A primeira grande decepção do povo veio com a prometida Zero Fome, que jamais foi zerada.
Mas, para garantir um império duradouro, Lulicicus montou cem ou mais ministério, secretarias e outras porcarias.
Havia de tudo. A baderna era tal que chegou a criar o ministério da pesca com rede. O da pesca sem rede. Os de pesca com vara e sem vara. O dos peixes do mar e outro só para peixes dos rios. Pasmem! Nenhum desses ministros sabia pescar!
O ministério do Bem-Estar Social, apoiado pelos sacerdotes do templo de Baco, elaborou os Direitos Humanos Para Bandidos. Pois o que havia em abundância na corte e na plebe eram bandidos.
O tempo foi passando.
Para poder governar sem muitas dificuldades, Lulicicus enviou Dirceus, seu ministro chefe do palácio, ao Senado, para corromper ainda mais os indecorosos senadores, que só serviam para gastar o dinheiro do império.
Este movimento de compra de senadores da oposição, depois de denunciado por um senador tocador de lira, Marcus Aurelius, ficou conhecido como o Mensalius.
Para tapar o sol com a peneira, instalou-se uma CPI, Comissão Pública de Inquérito, que colocou na galera Jesuinus e Dirceus, entre outros.
Mesmo com esse escândalo, o império não ruiu. Assim, os descalabros continuaram.
Como naquele império não existia o circo de gladiadores, Lulicicus ordenou que se desse ao povo esmolas chamadas Bolsas.
Foram instituídas tantas Bolsas – família, educação, habitação, divertimento público – que ficou difícil para os historiadores enumerá-las.
Dizem que havia, inclusive, a Bolsa-benefício, com pomadas analgésicas para os praticantes de sexo anal.
Como podemos observar, era um império da pesada, como nunca havia existido outro no mundo conhecido e desconhecido.
A família do imperador, outrora pobre e humilde, em pouco tempo tornou-se a mais rica do império.
Um de seus filhos, o mais velho, que para ajudar o orçamento familiar dava banho em cães de pessoas abastadas, transformou-se no maior latifundiário de Brasilius Varonilis, fato constatado depois da sua morte.
A esposa do imperador, Maris Galega, conforme conta a história, foi a segunda ou terceira companheira de Lulicicus. De humilde e maltratada plebéia passou a Rainha de Sabá. Peço desculpas aos historiadores. Ela era a rainha de Brasilius Varonilis e não de Sabá. Mas, como gostava de ter dupla nacionalidade, tudo era possível!
Maris Galega só se vestia com roupas vindas de Roma ou do Oriente. Ostentava jóias de ouro, cravejadas de diamantes e outras pedras preciosas. Dizem que ela possuía baús e mais baús com estas riquezas.
Seus perfumes, raros, eram produzidos com essências trazidas de impérios distantes e colocados em frascos de âmbar.
Os mais famosos pré-alquimistas trabalhavam para a rainha.
Como não havia outro império para invadir, suas legiões, comandadas por Pôncio Quadrilatus, ficavam ociosas, sem nada para fazer. Só serviam para desfilar diante do palácio imperial em dias de festa.
A pretoria teve como encarregado mais duradouro o centurião Tarsus Genrus, que odiava os ricos e os bem-sucedidos. Quiçá alguns ricos tivessem alguns crimes para pagar. Mas quem não tinha culpa no cartório, naquelas paragens? Para tanto, de vez em quando, mandava seus lanceiros invadirem as casas dos nobres e os prendia, sob diversas acusações, nas masmorras do império. Depois eram levados ao Forum para ser julgados. Os condenados que entravam em acordo com a corte suprema eram soltos. Mas a maioria era condenada à prisão perpétua que durava, no máximo, cinco anos.
De corrupção em corrupção, de escândalo em escândalo, na maior roubalheira já acontecida no mundo, o império progredia e a aceitação do imperador pelo povo era cada vez maior.
Para variar, havia os descontentes, chamados pejorativamente de elites.
Lulicicus estava idoso, beirando os noventa anos, quando resolveu abdicar. Bem ou mal, tinha governado durante cinqüenta anos.
Chamou a sua conselheira do PT, Delma Roselius, e sem preâmbulos falou:
– “Ave, companheira” (expressão comum entre eles), “você vai ser a próxima imperatriz do Brasilius Varonilis. Você ficará conhecida para o resto da eternidade como a arrombadora de cofres que deu certo na vida, só por causa daquele cofrinho que você ajudou a arrombar, repleto de moedas de ouro e que pertencia à esposa do falecido senador Ademarius Barrus. Sorte, companheira, é para quem tem, e não para quem procura”, arrematou o imperador.
Delma foi para casa e ordenou às suas empregadas que cuidassem mais de sua pele enrugada como um pergaminho. Começou, então, a viajar no aerus-lulis. Afinal, aquilo seria seu!
Porém, todos do império tinham esquecido do adormecido vulcão Strombolicus.
De uma hora para outra, o enorme vulcão começou a lançar gazes letais e lava em grande quantidade.
Asfixiada, a população do império e dos arredores morreu de maneira fulminante. Posteriormente, foi soterrada pela lava e poeira lançadas durante sete anos.
Hoje, escavações feitas por geólogos começam a mostrar ao mundo os vestígios de um Império Decaído.


São Paulo, Março de 2009.-







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