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cronicas-->- Céus... Como é que cheguei aqui ?!... -- 10/01/2006 - 13:44 (António Torre da Guia) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Ao entrar para mais um dia, entre a sensação de um esplêndido calorzinho, embrulhado em lençois e mantas, abri um ólho e outro ólho, olhando na direcção da janela para verificar se já haveria ou não luz solar perfurando suas frinchas. Lá estava um tremulante fio de ouro a anunciar-me um bem rasgado dia de sol. Acendi o candeeiro sobre a mesinha de cabeceira, ao meu lado esquerdo, e logo se me deparou a hora: 12h59...

- Diacho - disse comigo - falta apenas um minuto para o noticiário. Para o meu lado direito, com os olhos nos dedos, procurei o comando electrónico e puz em marcha o televisor. O ecrã iluminou-se e de imediato apareceu o apresentador da RTP a divulgar: "Ontem, o ministro das Finanças, Teixeira da Silva, avisou o país que a Segurança Social está em risco de desintegrar-se em 2015...".

- Está?!... - interroguei como se estivesse a ripostar ao vivo para o especialista da lengalenga - Se está, que coloque de imediato os velhotes todos a receber o mesmo. Mais ou menos 600 euros por mês dão e sobram para os velhos aguardarem a morte em paz, com o mérito de ainda deixarem algum sob o colchão para os netos comprarem pastilha elástica à farta. De repente, pareceu-me ouvir uma multidão de velhos gananciosos bradando, de punhos no ar, sobre tamanha injustiça social. No meio deles estava o Mira Amaral a babar-se todo, acenando freneticamente com um grande cartaz onde estava escrito: "Quero o meu = 15.000 euros". O dele ?!... Este grandessíssimo honestão sequer tem a a mínima ideia sobre as suadas migalhas dos outros. Ou tem?... Se tem, é deveras um daqueles indivíduos que a humanidade tem que dispensar custe o que custar, dê para onde der.

Levantei-me, abri de par em par as portadas à janela e, num repentino enlace, o maravilhoso fogo do dia inundou-me como se eu fosse Deus. Proclamei: - 10 de Janeiro de 2006, ora cá está o tão propalado "Sol de Inverno". Santinho meu, que lindo, que bom...

Para ninguém as reformas pecuniárias de velhice deveriam considerar qualquer espécie de privilégio: seria "xis", sóbrio quanto bastasse e igual para todos, mas tão-só para aqueles cujos teres e haveres fossem os advindos do salário-escravo que auferiram durante uma vida inteira. Os outros, os tais que ganharam ou ganham dez, vinte, trinta vezes mais que o normal, os tais que num só "habilidoso" golpe auferem o que um trabalhador não consegue no decurso da sua vida... Esses?... Bem, esses indignam-me de tal maneira que, para não estragar tão lindo dia com maus e revoltados pensamentos, até acabo a minha croniqueta imediatamente.

- Céus... Como é que cheguei aqui ?!...

António Torre da Guia



Som = Simone de Oliveira em "Sol de Inverno"


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