Não vem com esse dedinho não
(como convenser um homem medroso)
- Não, não, nem pensar - ele disse precavido, se encostando sentado na cabeceira da cama.
- Que bobagem, meu bem, por que não? - ela perguntou com uma voz rouca e olhar lânguido.
- Porque não?! Nem vem com esse dedinho pra cima de mim!
- Ai, como é medroso, um homem desse tamanho! Ta com medo do que?
- Não é questão de medo. E é justamente por quer sou homem.
- Ah. Grande coisa ser homem assim. Eu que sou mulher agüento muito mais, além do mais olha só meu dedinho que delicado.
- Delicado, mas imagino do que é capaz.
- Que nada, querido até aparei e lixei as unhas, vem aqui, vem...
- Você é louca! Nem morto!
- Morto também não quero, que horror! Prefiro você resmungando que morto - sorrindo em tom de brincadeira.
- Pra que isso? Isso é bobagem, esquece isso e pronto.
- Pra você tudo que eu quero é bobagem! Pura desculpa pra não atender o que eu quero, você não liga pra o que eu quero e é um medroso!
- Medroso, até parece.
- Deixa, deixa que eu aperto devagarzinho - falou carinhosa fazendo biquinho - você não confia em mim? - com a cara tristonha.
- Ta bom, mas se doer você para!
Aí os olhos dela se iluminaram!...
- Claro que paro, não vou te machucar, meu bem - já se a chegando pertinho.
E ele com a cara de assustado...
- Vê lá menina? Vai devagar.
- Assim querido... Bem devagarzinho...
- Ai, ai, devagar!
- Calma, relaxa, meu bem se você ficar tenso é pior, relaxa.
- Estou tentando.
- Isso... Assim... Assim... Já foi quase tudo.
- Ai pára! Chega!
- Pronto, querido, já acabou. Não é à toa que doeu, olha só o tamanho do cravo!
Deixa tirar outro agora, deixa?
CARLOS CUNHA
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CARLOS CUNHA/o poeta sem limites
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