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Poesias-->SUTILEZA ONTOLÓGICA DE UM IPÊ AMARELO -- 04/08/2010 - 19:50 (João Ferreira) |
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SUTILEZA ONTOLÓGICA DE UM IPÊ AMARELO
Jan Muá
4 de agosto de 2010
Há que ter força nos olhos
Para ver com alma encantada
O festival de campânulas
De requintada cor amarela
A ostentar a fragilidade floral
Deste ipê do planalto.
Douradas pelo sol que as vivifica
As flores beijadas pela brisa
Tremeluzem ainda presas
Ao firme sustentáculo dos ramos.
Mas no chão em torno do ipê-mãe
Há um tapete
De outras campânulas ainda vivas
Já desprendidas da seiva materna
Disciplinadamente dispostas no chão.
Elas indicam impotentes
Num gesto de lindo e colorido adeus
A temporalidade
Que lhes foi dada
E aceitam se despedir da condição floral
Confortadas na despedida
Pelo toque lento da brisa
Assumindo de agora em diante
A dialética do esquecimento
Que as cobrirá nas próximas horas
Quando os boqueirões da terra
Proclamarem a deglutição final.
Jan Muá
Brasília, 4 de agosto de 2010
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