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Contos-->A briga... Bebida Salvadora e... Madrugada terrível! -- 29/03/2009 - 16:22 (Antonio Accacio Talli) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A Briga
Antonio Accacio Talli

Numa noite, o primo Ivan, já em férias em sua pequena cidade, resolve, juntamente com mais dois amigos, fazer uma visita a uma casa de tolerância. Na pequena casa cujas paredes eram de taipa e o telhado era coberto com sapé moravam duas belas garotas; portanto, a casa estava sempre cheia de homens fortes e valentes, fregueses assíduos ou capangas do gigolô das meninas.

Ivan ainda não estava no ponto de ebulição. Tinha tomado pouco, mas o suficiente para provocar os fregueses e capangas e sair para uma luta violenta. Depois da briga, os três foram para o jardim da praça principal da cidade e após 30 minutos, Ivan, agora cuspindo labaredas após tomar um litro de “Fogo Paulista”, resolve voltar para a casa da Cidinha.
“Eu vou para a casa da Cidinha. Quem me acompanha?”

Os amigos, com medo, negaram-se a acompanhá-lo, certos de que, agora, reforçados os desafetos, eles seriam linchados.

Ivan partiu sozinho, soltando fogo pelas ventas. Ao chegar na casa isolada por vegetação rasteira, silêncio e uma escuridão tenebrosa, onde apenas um lampião velho lançava alguma claridade no ambiente, Ivan mete o pé na porta, derruba-a e entra. Na pequena sala, dez jagunços esperavam-no armados de cacetes e facas. Não deu outra: o pau comeu solto.

Após uns 20 minutos de luta selvagem, a casa que era de taipa desabou, não ficando barro sobre barro. No meio da poeira, levantada pela implosão da casa, só se viam, entre os escombros, os jagunços fugindo em debandada, machucados e apavorados.

O primo Ivan levou cacetadas, apanhou, mas bateu muito mais. No fim da refrega, ele era o único em pé e, embalado pelo teor alcoólico elevado, urrava, torcendo para que os inimigos voltassem, pois ainda não estava satisfeito com o resultado da pequena briga. Ele queria muito mais.



Bebida salvadora
Antonio Accacio Talli

Ivan e seu companheiro de quarto na pensão jogavam cartas durante a noite, sempre beliscando uma lingüiça de porco cortada em fatias e bebericando litros de cachaça, companheira fiel e assídua.

Às 3 horas da madrugada, acaba o estoque de bebidas e os dois, alucinados, saem para a rua à procura de um bar aberto. Nada, todos fechados.

Desiludidos, frustrados e inconformados, voltam para a pensão e arrombam a porta da cozinha. Segundos após, alegres e felizes, entram no quarto a fim de continuarem o jogo.

Sobre a mesa, 1 litro de álcool absoluto garantia por algumas horas a continuidade da noitada e a manutenção do nível alcoólico costumeiro.


Madrugada terrível
Antonio Accacio Talli

Rio de Janeiro – Mês de junho dos anos 50. O ônibus lotado e fretado especialmente para levar os estudantes de Medicina parte do pátio da faculdade rumo a Barbacena (Estado de Minas Gerais) onde seriam realizados os Jogos Universitários.

Viagem longa e cansativa. No entanto, o aspecto dos atletas era de felicidade e alegria. Passamos por várias cidades do Estado do Rio como Petrópolis, Teresópolis e outras menores e, já de madrugada (3 horas), entramos no Estado de Minas.

O ônibus parou em bar de beira de estrada (venda) para descanso, alimentação e para fazermos as nossas necessidades fisiológicas.

Fazia um frio intenso.

Meu companheiro de viagem era o primo Ivan, vulgo Monstro do Ingá, já conhecido dos leitores por suas façanhas e bravatas.
Ao descer na venda, o primo Ivan já mandou um copo de cachaça pro peito, a fim de combater o frio, segundo ele. Continuou a beber pinga, conhaque, rum, gim etc., agora com o acompanhamento de enormes sanduíches de pão com mortadela (mortandela, para o dono do bar).

Sem mentira, o primo Ivan comeu uns dez sanduíches, recheados de mais ou menos 1 kg de uma mortadela escura, gordurosa, realmente assustadora.

Depois de uns 30 minutos de descanso, o ônibus continuou a viagem com as janelas hermeticamente fechadas devido ao frio.

Os passageiros dormem pesadamente; entretanto, o primo Ivan começa a sentir cólicas, náuseas, suores frios e, não mais suportando uma pressão gasosa vinda das profundezas do seu aparelho digestivo, dá um violento e estridente arroto, como se fosse um trovão explodindo no interior do ônibus.

Os colegas imediatamente acordam e, apavorados com o barulho e sentindo um odor fétido, nauseabundo, repugnante, provocado pela ingestão da mortadela estragada e agora já putrefeita, que contamina e toma conta do interior do ônibus, começam a gritar e a quebrar as janelas para dar entrada ao ar puro vindo do exterior.

Alguns colegas, não suportando o cheiro horrível que mais parecia uma mistura de gambá, bode velho deteriorado e chulé, saltavam pelas janelas, com o ônibus em velocidade ziguezagueando pela pista, pois o motorista também estava atordoado pelo efeito mortífero do arroto do primo Ivan.

Ao parar com dificuldade no acostamento da rodovia, o ônibus foi esvaziado em segundos, permanecendo em seu interior somente o quase-causador de uma hecatombe de futuros médicos, o primo Ivan.

A delegação estudantil permaneceu por muito tempo exposta ao relento e ao frio, respirando o ar puro vindo da Serra da Mantiqueira. O orvalho precipitava-se em gotículas geladas molhando as árvores e embelezando o ambiente, fazendo esquecer a tragédia recente.

O retorno ao ônibus só se deu quando o efeito devastador do arroto se fora, e a viagem teve prosseguimento apenas uma hora e meia depois, quando finalmente o primo Ivan concordou em ser amordaçado, para evitar possíveis novas eructações.

Se de fato o inferno existe, nós o conhecemos de perto naquela madrugada fatídica.
O primo Ivan nunca mais foi convidado para excursões, e aos integrantes daquela viagem a palavra mortadela transformou-se em sinônimo de medo, pavor, pânico.

Observação: estes contos fazem parte do livro `Injeções de Humor`, de Antonio Accacio Talli, Editora Komedi.



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