Teria dito em Congresso
feito de floricultores:
"Eu sou a Orquídea, um sucesso,
sem ser Rainha das Flores,
porque sendo mais formosa
continua sendo a Rosa
(símbolo dos Trovadores).
Se hoje ornamento esta Mesa
deste orquidário onde habito,
é porque minha beleza
faz o cenário bonito
e toda variedade
com tom de simplicidade,
o torna, assim, favorito.
É, talvez, pelo exotismo
dos meus traços, minhas formas,
exaltando o acromatismo
e sendo livre de normas,
que há tanta gente no mundo
que me tem amor profundo
e me põe nas plataformas...
Com outras flores convivo
na mais perfeita harmonia,
pois, do Bem sempre cativo,
eu sou um ser da Poesia,
porque na Paz do Senhor,
seja na festa ou onde for,
transmito, sempre, magia!
E, se meu cultivo aumenta
e mostro formas mais raras,
não fica a Rosa ciumenta,
nem brava como as araras,
para manter a nobreza
e seu ar de realeza
pelas diversas searas...
Quero viver sossegada,
honrando nossa Rainha,
que a Liberdade é sagrada
e a Terra não é só minha:
no mundo do entendimento,
o maior deslumbramento
é um só senhor e uma vinha..."
Assim, a orquídea falou
(no tempo que flor falava),
e, se ninguém escutou,
distraído o homem estava,
porquanto bichos e plantas
conversam lá pelas tantas
como se fosse à socava...
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