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Cronicas-->Armarinho -- 20/11/2000 - 19:20 (Renato Rossi) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Outro dia entrei em um armarinho. Não, não entrei em um armário pequeno como um amante desajeitado. Entrei em uma destas lojas de aviamentos a que chamam armarinhos. Fantástico, magnífico. Deviam organizar passeios turísticos que investigassem a fundo o conteúdo destas lojas.

O que farão aquelas senhoras com tantas coisas? Botões, rendas, fitas. Linhas para fins variados, em meadas ou carretéis, cabeças de bonecas, cordões de espessuras diversas. Imãs, alfinetes, joaninhas, ganchos, agulhas para costura, tricó ou crochê. Prateleiras entulhadas, estoque vasto, freguesia ávida por suprir-se de materiais para o trabalho ou passa-tempo. Mas terá a fita da cor e brilho que a jovem senhora deseja? Ela explica que não é propriamente um desejo, um capricho cromático. A questão é combinar com a fita do chapéu que uma tia mandou da Espanha. Talvez tenha uma idêntica, talvez parecida. Quase igual.

Telas, suportes, fivelas. Elásticos, miniaturas, flores de pano pintadas e a pintar. Tecidos especiais, alguns dourados, outros em juta tingida em tons variados. Artigos para fantasias de carnaval ou festas de bruxas. Plumas para noivas ou "drag-queens". Enchimentos para travesseiros, almofadas ou barrigas. Arames para armações. De bonecos, fique claro. Uma loja tão variada e com freguesia tão seleta não se prestaria às armações que se lêem nos jornais.

Fechos e zíperes para funções variadas, um deles falso, para uso em bonecas que não tiram a roupa. Só fazem de conta. Toda uma seção de moldes, modelos, desenhos para bordados que minha mãe chamava "riscos". Lápis para o riscado. Flores e arabescos delicados para trabalhos que exigem paciência, habilidade e gosto. Lembrei de minha mãe, tantos anos bordando à mão, como se diz. Muitos elogios mas dinheiro pouco, como sempre acontece com o artista humilde.

Incrível o mundo que se descobre em um armarinho. Os materiais e as pessoas. Histórias variadas, algumas trágicas, outras divertidas. A variedade é a alma do armarinho. Sua organização é seu charme. Não resiste à análise de um consultor, mas o pessoal sabe onde está cada item.

Mesmo depois que Dona Maria sai, deixando tudo de pernas para o ar.


Escrito em 04.10.2000
Publicado na Crónica do Fauth em 16.11.2000 (http://planeta.terra.com.br/arte/fauth/)


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