Eu gosto de compor estas poesias,
Porém, fico cansado nestes dias
Em que preciso dar meu testemunho.
Não vou passar, então, desta sextilha,
A menos que hoje caia na armadilha
Que o mestre preparou com meu rascunho.
Preciso esclarecer aqui somente
Que o fato da segunda não desmente
Minha intenção primeira de calar-me.
É que ficou no ar que o mestre ajuda,
Mas é tão pouca coisa que ele muda
Que a rima já provoca o meu desarme.
Eu entro na terceira e digo ainda
Que é feio este sexteto e a idéia linda,
Embora falhe muito este poeta.
Capricho o mais que posso e o resultado
É ver que o povo sente um desagrado,
Se o pensamento nunca se completa.
A quarta estrofe ocorre sem preparo,
Conquanto este improviso seja raro,
Pois tudo que se faz no etéreo deve
Ser muito bem pensado e sopesado,
Já que a doutrina é séria e o vate errado,
Se julga que seu tema é sempre leve.
Na quinta eu me proponho a definir
Quais hão de ser as normas do porvir
Desta poesia alegre e sem destino.
Foi só falar no fim me veio a prece
Iluminar meu verso, que parece
Criar certo vigor, quando amofino.
Meu Pai de amor e caridade, a luz
Que eu possa aqui dispor vem de Jesus,
Refletida tão-só aqui no etéreo.
Aceite, por favor, que, junto à mesa,
Este poeta fique coa certeza
De que vai decifrar o seu mistério.
Eu só queria um verso e despedir-me.;
Não dar tanta impressão de que estou firme,
Repetindo os versos que compus.
Tivesse das estrelas seu fulgor,
Traduziria em prece o meu amor,
Que o coração calado mais reluz.
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